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Contextualização e Interdisciplinaridade na Matemática

3 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E AS TENDÊNCIAS NO ENSINO DA

3.3 TENDÊNCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA

3.3.4 Contextualização e Interdisciplinaridade na Matemática

Atualmente tem sido depositada na educação a esperança da possibilidade de acesso da população aos conhecimentos e as demandas da sociedade contemporânea. Nesse cenário a matemática vem ganhando espaço, pois tem tido a responsabilidade de produzir modelos para ajudar a compreender fenômenos das diversas áreas do conhecimento (TOMAZ; DAVID, 2008).

Considerando essa situação, em Educação Matemática, tem-se pesquisado e produzido a cerca dos processos de construção de significados, das formas de aprendizagem e sobre procedimentos de ensino, que são traduzidos em reformulações curriculares e novas diretrizes. Tomaz e David (2008) afirmam que essas novas reformulações pretendem mudar o isolamento e a fragmentação dos conteúdos, já que o conhecimento disciplinar isolado, não favorece a compreensão global da realidade vivida pelos alunos. Nesse sentido, foram eleitos dois princípios básicos para o Ensino da Matemática, a Contextualização e a Interdisciplinaridade.

No que se refere à Contextualização, Tomaz e David (2008) pontuam que o ensino deve estar articulado às práticas e necessidades sociais, isso não significa que todo conhecimento a ser aprendido deva partir das situações reais do aluno.

Outra maneira de trabalhar com a Contextualização se dá por meio de relações com outras disciplinas, o que pode ser entendido como Interdisciplinaridade (TOMAZ; DAVID, 2008).

Tomaz e David (2008, p. 16) pontuam que “[...] a interdisciplinaridade poderia ser alcançada quando os conhecimentos de várias disciplinas são utilizados para resolver um problema ou compreender um determinado fenômeno, sob diferentes pontos de vista”. Nessa perspectiva, a Interdisciplinaridade ajudaria a constituir novos instrumentos cognitivos e novos significados, extraídos do cruzamento de saberes (TOMAZ; DAVID, 2008).

Esses princípios, Contextualização e Interdisciplinaridade, têm se tornado tendências defendidas no campo da Educação Matemática, que vem incorporando-os às propostas pedagógicas e também aos livros didáticos. De certa forma esses elementos auxiliam uma compreensão mais crítica e responsável da sociedade, com possibilidade de uma formação integral do aluno, pois articulam diferentes áreas do conhecimento.

Tomaz e David (2008) indicam que, muitas vezes, os esforços para se trabalhar com a Contextualização e a Interdisciplinaridade acabam tornando esses elementos artificiais, servindo simplesmente como ponto de partida para obtenção de dados numéricos que são usados em operações matemáticas.

Os PCN, que associam diretamente Contextualização e Interdisciplinaridade, sugerem que as conexões sejam feitas por dentro da própria matemática, na abordagem de temas transversais, como ética, orientação sexual, meio ambiente, saúde e pluralidade cultural, pois essas questões, de urgência social, são compromisso partilhado por todas as áreas do conhecimento, já que nenhuma delas é, isoladamente, suficiente para explicá-los (BRASIL, 1998).

No que se refere a Contextualização, partindo da compreensão de Tomaz e David (2008, p. 19), entende-se que a mesma consiste em compreender a matemática

[...] tal como todo conhecimento cotidiano, científico ou tecnológico, como resultado de uma construção humana, inserida em um processo histórico e social. Portanto, não se restringe às meras aplicações do conhecimento escolar em situações cotidianas nem somente às aplicações da matemática em outros campos científicos.

Já no que diz respeito a Interdisciplinaridade, Tomaz e David (2008, p. 26) compreendem-na como

Uma possibilidade de, a partir da investigação de um objeto, conteúdo, tema de estudo ou projeto, promover atividades escolares que mobilizem aprendizagens vistas como relacionadas, entre as práticas sociais das quais alunos e professores estão participando, incluindo as práticas disciplinares. A interdisciplinaridade se configura, portanto, pela participação dos alunos e dos professores nas práticas escolares no momento em que elas são desenvolvidas, e não pelo que foi proposto a priori. [...]. Assim, criam-se novos conhecimentos que se agregam a cada uma das disciplinas ou se situam na zona de intersecção entre elas [...].

Dialogando com Tomaz e David (2008), Lück (1994, p. 64) define a Interdisciplinaridade como um processo de diálogo entre diversas disciplinas, “[...] processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos [...]”.

Nesse sentido não é suficiente que um professor articule conteúdos de diversas disciplinas, mas que ocorra a articulação entre os professores, realizando conexões com aspectos científicos e socioculturais, promovendo, desse modo, a formação integral do aluno.

Assim sendo, desenvolver práticas matemáticas mais abertas pode desenvolver uma relação mais produtiva em termos de aquisição de conhecimento do aluno com a matemática, tornando-o apto a usar a matemática em diferentes situações.

Cabe destacar que a pesquisa sistematizada nessa dissertação assume a compreensão de que a Interdisciplinaridade, de modo bem amplo, pode ser vista no cotidiano escolar como uma forma de combinação de disciplinas com a finalidade de compreender um objeto em comum. No que se refere a Contextualização, está compreendida como a tentativa de relacionar situações, acontecimentos, descobertas, problemas, da vida social aos conteúdos matemáticos, evidenciando desse modo que a matemática, além de fazer parte do cotidiano das pessoas, possui conexões com as diferentes áreas do conhecimento.

No que tange as considerações acima expostas, pode-se dizer que um elemento interessante para propor e/ou promover práticas contextualizadas e, também, interdisciplinares no contexto escolar é o livro didático de matemática que pode apresentar-se como provocador de situações e discussões que possibilitem relações entre matemática e cotidiano, economia, política, saúde, meio ambiente, entre outros temas comuns a sociedade que por vezes ficam do lado de fora dos muros da escola.