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3. ANÁLISE URBANÍSTICA E AMBIENTAL DO OBJETO EMPÍRICO: O RIO

3.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

3.1.1. Contextualização territorial da área de estudo

O Rio Jucu nasce na Região Serrana do Espírito Santo, em Domingos Martins, e deságua no Oceano Atlântico na Região Metropolitana da Grande Vitória, no município de Vila Velha (figura 30). Sua bacia hidrográfica, apresentada na figura 31 adiante, abrange uma área de 2.032 km², onde estão situados os municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano e Viana em sua totalidade, Vila Velha quase totalmente e ainda parcela de Cariacica e Guarapari, com cotas altimétricas variando entre 0 e 1.800 metros e perímetro de 340 km (CONSÓRCIO, 2001).

Figura 30: Localização do Rio Jucu nas regiões Serrana e Metropolitana. Fonte: Adaptado de IJSN (2009).

Figura 31: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Jucu no Estado do Espírito Santo. Fonte: Adaptado de IJSN (2009).

A Bacia Hidrográfica do Rio Jucu relaciona-se a uma região que ocupa posição estratégica no território estadual. É atravessada por duas rodovias federais importantes: a BR-101, que liga o Espírito Santo ao Estado do Rio de Janeiro ao sul e ao Estado da Bahia ao norte, e a BR-262 que conecta o estado do Espírito Santo a Minas Gerais e demais estados da região central do país. Dentre as rodovias estaduais que atravessam a área relacionada à bacia destacam-se a ES-060 (Rodovia do Sol), que liga a capital Vitória ao Rio de Janeiro passando pelo litoral; a ES-080 (chamada Rodovia Carlos Lindemberg em Vila Velha) e a ES-471 (chamada Rodovia Darly Santos no mesmo município, bem próxima da foz do rio), importantes no contexto da Região Metropolitana da Grande Vitória, pelo acesso aos portos; e a ES-165, importante via de comunicação entre municípios do interior do Estado, para escoamento de produção agrícola, e também ligação com o Estado de Minas Gerais, que margeia trecho do Braço Norte do Rio Jucu na região das cabeceiras.

Também passam pela região referente à bacia duas importantes ferrovias: a Estrada de Ferro Vitória a Minas – EFVM – e a Estrada de Ferro Leopoldina. A primeira possui apenas um pequeno trecho dentro da bacia, mas é de grande importância por conectar Vitória – ES a Belo Horizonte – MG, sendo o único trem de passageiros diário no Brasil, em funcionamento desde 1907, transportando cerca de um milhão

de passageiros por ano (VALE, 2010). Além disso, é considerada uma das mais eficientes e produtivas do país, ligando as minas do Sistema Sudeste ao Complexo Portuário de Tubarão, no estado do Espírito Santo, integrada à Ferrovia Centro- Atlântica (VALE, 2010). Com 905 km de extensão, pela EFVM são transportados cerca de 40% da carga ferroviária brasileira: são, em média, 70 cargueiros circulando por dia e mais de 135 milhões de toneladas de carga transportadas por ano – 80% de minério de ferro e o restante de mais de 60 tipos de produtos diferentes, de carvão a produtos agrícolas (VALE, 2010).

A Estrada de Ferro Leopoldina foi a primeira ferrovia do Estado de Minas Gerais, construída em meados do século XIX para o escoamento da produção das fazendas da Zona da Mata Mineira (CONHEÇA..., 2012). Em 1890 a Leopoldina incorporou várias linhas localizadas no Rio de Janeiro e Espírito Santo (ESTRADA..., 2012). Nos anos seguintes a ferrovia passou por diversas crises financeiras, que culminaram com a transferência do seu controle acionário para credores britânicos, sendo criada em Londres a The Leopoldina Railway Company Limited, que assumiu a operação da ferrovia a partir de 1898 (ESTRADA..., 2012). Foram realizadas, então, várias reformas, melhorias e prolongamentos. Uma das principais obras empreendidas pela Leopoldina Railway foi o prolongamento da linha de Itapemirim até a cidade de Vitória, uma reivindicação do governo estadual, adquirindo do governo federal a Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo e promovendo a ligação de Vitória com a capital federal e com o estado de Minas Gerais (ESTRADA..., 2012). A Leopoldina Railway voltou a enfrentar dificuldades com o declínio da lavoura cafeeira na região atendida por suas linhas, agravadas com as restrições impostas à época da Segunda Guerra Mundial, e, no início da década de 1950, retornou ao poder do Governo Federal, transformando-se em Estrada de Ferro Lepoldina (EFL) (ESTRADA..., 2012). Atualmente, as antigas linhas da EFL pertencem à privatizada Ferrovia Centro Atlântica (FCA), mas apenas uma pequena fração das linhas originais ainda opera. Em janeiro de 2010 entrou em atividade, para fins turísticos, o Trem das Montanhas Capixabas, que passa pelas cidades de Viana, Domingos Martins e Marechal Floriano, com capacidade para até 56 passageiros, circulando todos os fins de semana e feriados. O trajeto oferece, além da paisagem – pontes, túneis, abismos e cachoeiras em meio à Mata Atlântica, atrativos como história e cultura, ecoturismo e prática de esportes radicais. Atualmente, além dos passeios

turísticos, a ferrovia Leopoldina é utilizada principalmente para o transporte de toras de eucalipto da Região Serrana para a Aracruz Celulose (figura 32).

É importante destacar também a presença na bacia do Porto de Capuaba (figura 33), na baía de Vitória, situado em Vila Velha, integrante do Complexo Portuário do Espírito Santo – um dos mais importantes do Brasil, pela diversidade e volume de cargas transportadas. Este porto é especializado na movimentação de contêineres, veículos, granito em blocos, produtos agrícolas, produtos siderúrgicos, máquinas e equipamentos – inclusive para prospecção de petróleo e gás – e cargas gerais (COPLAD, [s/d]).

Figura 32: Transporte de toras de eucalipto na Estrada de Ferro Leopoldina, Marechal Floriano.

Data: jan.2012.

Figura 33: Porto de Capuaba, Vila Velha. Data: set.2011.

A figura 34 a seguir apresenta a contextualização territorial da área de estudo no Espírito Santo, que permite a constatação de que a região relacionada à bacia hidrográfica do Rio Jucu é a mais importante do Estado, e uma das mais importantes do país, do ponto de vista econômico, devido ao grande fluxo de pessoas e mercadorias que acontece nos importantes portos, rodovias e ferrovias existentes na área.

Figura 34: Contextualização da Área de Estudo no Estado do Espírito Santo. Fonte: Adaptado de IJSN (2009).