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Continuidade Educativa da EPE ao 1.º CEB

No documento Mary Cilly Manica Faria (páginas 33-36)

Capítulo 1. Contextualização Teórica

1.2 Continuidade Educativa da EPE ao 1.º CEB

No meu entender a EPE é o início de um processo educativo que se desenvolve ao longo da vida, consequentemente não acaba quando as crianças fazem a transição para o 1.º CEB.

A maioria das crianças da sala onde executei o meu Estágio fará a transição para o 1.º CEB no próximo período escolar, consequentemente encarei a continuidade educativa como um conceito importante a ser desenvolvido neste Relatório.

Na ótica de Cruz (2008), “… falar de continuidade, é falar de sequências ordenadas no sentido de uma progressão, com elos de união que tornam os processos globais e não compartimentados” (p. 74). Neste sentido, a continuidade educativa é a forma como se organizam os saberes no decorrer dos diversos níveis, tendo em conta as capacidades de aprendizagem e desenvolvimento das crianças em cada nível educativo (Serra, 2004). Assim, para que se garanta uma continuidade educativa é fundamental que esta seja vista como um processo global que se desenvolve por etapas, cujo enfoque principal é a formação do indivíduo (Carvalho, 2010).

Segundo as OCPEP (1997) a continuidade educativa é um processo delimitado por dois momentos, sendo estes o início da EPE e a transição para o 1.º CEB. No futuro, seja eu Educadora ou Professora executarei um papel ativo assegurando uma passagem positiva das crianças para a escolaridade obrigatória.

Em Portugal a Lei-Quadro para a EPE, a Lei de Bases do Sistema Educativo, as OCEPE e o Programa do 1.º ano do 1.º CEB, defendem uma continuidade educativa. Isto é

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visível uma vez que o estabelecimento das áreas de conteúdo, presentes nas OCEPE, permitem dar seguimento ao programa do 1.º CEB, “… nos blocos temáticos que constituem o programa” (Serra, 2004, p. 80).

A autora supracitada refere ainda que tanto as OCEPE como o Programa do 1.º ano do 1.º CEB, privilegiam um ensino individualizado, para poder apoiar todas as crianças e construir saberes de forma articulada, a fim de possibilitar a existência de uma continuidade educativa.

Para Serra (2004) nas áreas de conteúdo estabelecidas nas OCEPE e nos conteúdos do Programa do 1.º CEB verifica-se também a existência da continuidade educativa, na medida em que é possível encontrar compatibilidades entre estes dois níveis de ensino, embora possuindo designações diferentes, contêm uma correspondência em termos de conteúdo que poderá facilitar a articulação e consequentemente a continuidade entre os dois níveis de ensino, “… salvaguardando, contudo, as características intrínsecas às idades das crianças abrangidas por cada nível educativo” (p. 84), tal como se verifica no Quadro 1:

OCPEP: áreas de conteúdo Programa para o 1.º CEB: áreas de aprendizagens/blocos Formação Pessoal e Social Desenvolvimento Pessoal e Social Conhecimento do Mundo Estudo do Meio

Expressão e Comunicação

Expressão Motora Expressão e Educação Físico-Motora

Expressão Musical Expressão e Educação Musical

Expressão Dramática Expressão e Educação Dramática Expressão Plástica Expressão e Educação Plástica

Língua Portuguesa

Linguagem Escrita Comunicação Escrita

Linguagem Oral Comunicação Oral

Matemática Matemática

Quadro 1. Comparação entre as áreas de conteúdo e as áreas de aprendizagem Fonte: Serra (2004, p. 84) [Adaptado]

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Quando as crianças do Pré-Escolar fazem a transição para o 1.º CEB, passam por um período de adaptação, porquanto estas abandonam o espaço; rotinas; adultos e colegas da sala que lhes eram habituais, consequentemente surgem sentimentos de medo e ansiedade que devem ser geridos e apoiados pelos Educadores, Professores e Encarregados de Educação, de modo a criar segurança e por conseguinte uma ótima adaptação a esta nova etapa da criança.

Cabe ao Educador de Infância apaziguar os sentimentos de insegurança, inquietação e assegurar o bem-estar do grupo, fomentando a continuidade educativa. Neste processo é fundamental que o docente considere as necessidades individuais das crianças para poder responder adequadamente e possua ainda uma relação harmoniosa de cooperação e comunicação com os Encarregados de Educação, de modo a garantir uma transição ajustada às características do grupo, tal como afirma o ME (1997).

Tal como já foi referido este é um processo que deve ser acompanhado tanto pelo Educador de Infância, Professores do 1.º Ciclo, como pelos Encarregados de Educação. Assim, certamente deve existir diálogo constante e troca de informações entre todos os intervenientes. Entre docentes a comunicação é extremamente relevante, visto que possibilita “… valorizar as aprendizagens das crianças e dar continuidade ao processo, evitando repetições e retrocessos que as desmotivam e desinteressam” (p. 92). Para além do diálogo entre docentes, devem existir momentos de partilha e cooperação, ambos os docentes podem estabelecer visitas às escolas ou salas do 1.º CEB, para que assim os futuros alunos possam conhecer estes espaços, familiarizarem-se e desconstruírem as suas ideias antecipadas.

Em suma, é crucial afirmar que a existência de uma continuidade educativa é fundamental, visto que prevê uma organização escolar segura e estável que favorece o processo educativo das crianças, na medida em que diminui os impactos dos processos de transição entre o EPE e o 1.º CEB (Serra, 2004; Carvalho, 2010).

Durante o Estágio tive em consideração que a maioria das crianças da Sala Pré 2 fariam a transição para o 1.º CEB, por isto tentei, durante as minhas intervenções, apaziguar algumas das maiores dificuldades do grupo, tal como a comunicação oral, dificuldade na separação dos pais e as lacunas na identificação das cores primárias, de modo a que pudessem fazer uma transição adequada para o Ensino Básico.

Por tudo o que foi referido, e considerando que para algumas crianças a continuidade da EPE para 1.º CEB pode ser uma transição decisiva e que carrega um processo de adaptação complexa por parte das crianças, como futura Educadora levarei as crianças do

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Pré-Escolar a usufruírem de uma panóplia de aprendizagens, interações e sensações, garantindo a continuidade do seu desenvolvimento e criando uma articulação das aprendizagens. Daí que, no futuro espero poder construir em cooperação com os Professores do 1.º CEB uma ‘ponte’ que possibilite uma transição harmoniosa, uma vez que “… assegurar que cada transição seja bem-sucedida é fundamental e significativo para o bem-estar social e emocional da criança, mas, simultaneamente, importante para o seu desempenho cognitivo” (Vasconcelos, 2007, p. 44).

No documento Mary Cilly Manica Faria (páginas 33-36)