Capítulo 4. Estágio Pedagógico
4.1 Contextualização do Estágio
4.1.3 Caraterização do Grupo de Crianças
4.1.3.1 Interesses e Necessidades do Grupo
Tendo em conta as vivências experienciadas com grupo e a análise documental do PCG, apresenta-se no seguinte Quadro os interesses, bem como lacunas mais evidentes do grupo, no que diz respeito à Área Pessoal e Social (Quadro 2).
Área Pessoal e Social
Interesses Necessidades
Demonstram bom relacionamento estre as crianças, entre a criança e o adulto;
São autónomas na higiene.
Dificuldades na partilha e na cooperação com o outro;
Dificuldades no cumprimento das regras da sala, sobretudo no saber esperar pela sua vez, na arrumação e cuidado dos materiais; Complicações na hora da refeição,
especialmente no segundo prato, algumas crianças precisam da ajuda do adulto e de motivação para comer. De notar que algumas apenas recentemente começaram a ingerir alimentos sólidos.
Quadro 2. Interesses e necessidades do grupo na Área Pessoal e Social 77%
23%
5 anos 4 anos
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Por outro lado, na Área de Expressão e Comunicação as crianças revelam os seguintes interesses e necessidades (Quadro 3):
Área da Expressão e Comunicação
Interesses Necessidades
Expressão plástica
Mostram gosto pela pintura, recorte e
colagem. Dificuldades em finalizar as tarefas; Pouca agilidade com as tesouras;
Pouca organização do trabalho e uso do espaço;
Obstáculo em recriar um acontecimento e em representar a figura humana.
Expressão dramática/teatro
Demostram entusiasmo pela Expressão Dramática/teatro, porém no momento de executar a atividade ficam inibidos e alguns recusam-se a participar;
Desfrutam das atividades de faz de conta, mas também é uma área onde acontecem alguns conflitos.
O grupo mostra-se inibido e algumas crianças recusam-se a participar quando solicitados para representar;
Dificuldade no respeito pelo desejo do outro.
Expressão musical
Gostam de ouvir músicas e canções; Revelam entusiasmo em cantar em grande
grupo e em aprender novas músicas, aprendem rapidamente.
Algumas crianças não se sentem à vontade em cantar para o grande grupo;
Dificuldade na reprodução de ritmos e batimentos.
Dança
“Gostam de participar em rodas cantadas”. Dificuldade de coordenação com os seus pares durante as rodas cantadas.
Expressão motora
Realizam com prazer as atividades
associadas à Expressão Físico-Motora. Dificuldades na motricidade fina. Algumas crianças ainda realizam a garatuja. Quadro 3. Interesses e necessidades do grupo na Área de Expressão e Comunicação
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Conforme as intervenções pedagógicas realizadas, apresenta-se no Quadro 4 os interesses e necessidades do grupo no que concerne a Área da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita:
Área da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita
Interesses Necessidades
Demostram satisfação em ouvir histórias,
lengalengas e outros. Pouca participação nos diálogos em grande grupo; Dificuldade na exploração e recontro de
histórias;
Algumas crianças não verbalizam corretamente algumas palavras e possuem dificuldades na construção frásica;
Ausência de vocabulário diversificado. Algumas crianças falam de forma infantil; Pouca concentração.
Quadro 4. Interesses e necessidades do grupo na Área da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita
Fonte: EB1/PE da Ladeira (2013/2014a)
Tendo por base as observações realizadas, foram aferidos os seguintes interesses e carências na Área da Matemática (Quadro 5):
Área da Matemática
Interesses Necessidades
A maioria reconhece e identifica as quatro formas geométricas;
Alguns são capazes de contar.
Dificuldades na noção de forma e quantidade, em conhecer e identificar os números e no raciocínio lógico- matemático.
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Por último, na Área do Conhecimento do Mundo o grupo revela o seguinte:
Área do Conhecimento do Mundo
Interesses Necessidades
Mostram gosto em aprender e em descobrir novas aprendizagens;
Gosto pelas épocas festivas.
Dificuldades em se situarem no espaço, no tempo (sucessão temporal) e em diferenciarem as cores;
Quando é introduzido um novo tema, por vezes as intervenções não são coerentes nem organizadas.
Quadro 6. Interesses e necessidades do grupo na Área do Conhecimento do Mundo
Tal como já foi referido, para além destas necessidades, durante as minhas intervenções/observações foi possível verificar que algumas das crianças da Sala Pré 2 possuem grandes dificuldades em distinguir as cores primárias. Por isto, durante a minha prática pedagógica, independentemente da temática trabalhada, era também abordado o tema das cores. Tome-se o seguinte exemplo: quando era introduzida uma imagem, solicitava ao grupo que identificasse as cores assinaladas.
Durante a primeira semana de observação as crianças revelaram ter grandes dificuldades em se separarem dos pais. Algumas choravam durante vários minutos, solicitavam ficar na janela para ver os pais irem embora e uma destas chegou a vomitar repetidas vezes. Esta situação chamou-me à atenção. Percebi e considerei que a vertente afetiva deveria ser trabalhada, pois muitas das crianças que revelavam desconforto e sofrimento em breve farão a transição para o 1.º CEB.
Reconhecendo que este assunto deveria ser tido em consideração, durante as intervenções tentei diminuir o impacto que a despedida dos pais causava nas crianças que demonstravam maior desconforto. Deste modo, durante o Estágio procurei dar o meu apoio. Tome-se como exemplo o caso da Maria Inês: quando chegava à sala parecia estar bem, porém quando a mãe começava a despedir-se, agarrava-se com força na progenitora e iniciava o choro. Perante isto, durante as intervenções, dirigia-me à criança e à mãe, procurando a sua atenção falando com ela sobre algum assunto que a fizessem esquecer (por alguns minutos) que a mãe ia embora. Numa segunda-feira, perguntei à criança (enquanto chorava agarrada à mãe): Então Maria Inês o que fizeste ontem? Ela respondeu entre lágrimas: Fui a uma festa de anos! Eu continuei: Ah! Sim? E gostaste da festa? Enquanto agarrava-a pela mão e trazia-a comigo para o outro lado da sala. Ela respondeu:
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Sim gostei! Assim, o diálogo continuou durante alguns minutos, até que as lágrimas desapareceram.
Com esta estratégia, quando a criança demonstrava ficar perturbada pela ausência da mãe, acalmava-a e levava-a a esquecer um pouco o que estava a acontecer à sua volta. De salientar que, com isto, sinto que consegui ajudar a criança bem como a sua mãe que frequentemente ficava preocupada pelo comportamento da filha.
De notar que esta estratégia não era idêntica com todas as crianças: algumas apenas precisavam de ficar à janela com alguém por perto que lhes fizesse companhia, enquanto outras choravam no colo até acalmarem.