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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.2. PRÁTICAS DE GESTÃO DE FLUXO EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS

3.2.3. Continuous Replenishment (CR)

Esta seção apresenta a prática CR - Continuous Replenishment (Reposição Contínua).

3.2.3.1. Conceitos e características do CR

De acordo com Raghunathan e Yeh (2001), o EDI, tradicionalmente utilizado para troca de documentos comerciais, foi estendido para facilitar processos colaborativos interorganizacionais, como o programa de reposição contínua.

O CR pode complementar ou substituir o VMI em algumas situações, pode também representar um estágio além do VMI, pois mostra os níveis de estoque nas lojas dos varejistas. A política de estoque é baseada na previsão de vendas e construída com base na demanda histórica e não mais baseada apenas na variação dos níveis dos estoques no principal ponto de estoque do cliente. Usualmente é gerenciado pelo fornecedor e permite a gestão de fluxo da CS em diferentes níveis. Alguns fornecedores consolidam as informações de estoque dos clientes mensalmente, para tentar prever vendas futuras, prejudicando assim o nível de desempenho almejado (PIRES, 2004).

As características-chave do CR são: a partilha de dados de inventário em tempo real por varejistas com os fabricantes e a reposição contínua de inventário pelos fabricantes (RAGHUNATHAN e YEH, 2001).

Conforme Choppra e Meindl (2003) em programas de reposição contínua, o atacadista ou o fabricante abastecem o varejista regularmente baseando-se em dados de ponto-de-venda. O CR pode ser gerenciado por fornecedor, distribuidor ou terceiro, na maioria dos casos são conduzidos por retiradas de estoque dos depósitos do varejista em vez de dados de ponto-de-venda no nível do varejista. A conexão dos sistemas CR com as retiradas dos depósitos é mais fácil de ser implementada e os varejistas sentem-se mais confortáveis compartilhando informações nesse nível. Os sistemas ERP que são conectados por toda a cadeia de suprimento oferecem uma boa infra-estrutura de informações sobre as quais o programa de reposição contínua pode se basear.

Bagchi et al. (1998) afirmam que Reposição Continua é comumente usada em lojas de varejo, mas pode ser vantajoso seu uso para repor mercadorias em um distribuidor ou fabricante. Para isso pode-se especificar uma política de reposição para cada produto em cada localidade. Se a política de reposição é o CR, entende- se que:

O ponto de reabastecimento deve ser especificado para o produto; Sempre que o estoque estiver abaixo do especificado, uma ordem de

reposição é emitida para trazer o estoque de volta ao nível do ponto de reabastecimento;

A ordem de reposição que é emitida faz jus a uma quantidade de ordem mínima e um tamanho de lote, se especificado.

Conforme Caputo e Mininno (1996), Reposição Contínua é um sistema de gerenciamento de inventário em que produtores sempre enviam cargas completas para os centros de distribuição, mas o mix de cada carga é fixado pouco antes da partida, de acordo com o nível de reposição de estoque previamente acordado. O distribuidor faz a ordem com base nas saídas e no nível de inventário do centro de distribuição e envia periodicamente para as previsões de vendas do produtor ou ordens provisórias para um período futuro (estas ordens são posteriormente confirmadas com a ordem real em um período fixado) (Figura 13).

Figura 14: Reposição contínua gerido pelo distribuidor: Principais fluxos de informação.

Fonte: Adaptado de Caputo e Mininno, 1996.

3.2.3.2. Vantagens e Desvantagens do CR

No futuro, o lucro e talvez até mesmo a sobrevivência das organizações, dependerá de relacionamentos fortes e duradouros entre os fabricantes e seus clientes. A reposição contínua está rapidamente emergindo como um serviço com valor agregado que aumenta o desenvolvimento destas relações. Para a maior parte, essas parcerias têm sido feitas com a expectativa de redução de custos no curto prazo. No entanto, a fim de perceber os benefícios reais e mútuos da reposição contínua, é fundamental que ambas as partes estabeleçam alinhamentos organizacionais que facilitem este novo processo, a instalação de novas ou diferentes tecnologias e garantam o apoio da gerência sênior para defender o conceito do CR (ANDRASKI,1994).

Conforme Cigolini, Cozzi e Perona (2004), em um estudo sobre a CS de sete casos relevantes pertencentes às indústrias de automóvel, vestuário, supermercados, produtos de linha branca, produtos farmacêuticos, computadores e livros, verificou-se que:

A maior parte das empresas estudadas dentro de cada ramo de indústria, de fato, focou suas ações na prática de reposição contínua, a fim de melhorar a eficiência e eficácia da distribuição física;

O CR provou ser uma fonte efetiva de vantagem competitiva para os produtores quanto para os distribuidores;

Na cadeia de suprimentos de produtos alimentícios, particularmente, o CR colocado em prática pelos produtores permitiu aos varejistas aumentar o seu giro de estoque significativamente, o que impulsionou a venda destes produtos, uma vez que os varejistas tiveram um forte incentivo para ter uma ampla variedade de produtos e lhes dar mais espaço de prateleira;

Em alguns casos, a reposição contínua necessitou de mudanças estruturais na rede de distribuição, para isso, as empresas aplicaram a técnica de redesenho da rede de armazéns para reduzir o número de armazéns e/ou converter a maioria deles em instalações de estoque temporários (cross- docking), para encurtar prazos de entrega e remover estoques de segurança;

Vários casos de instalações de armazenamento automatizado foram encontrados, especialmente na indústria farmacêutica. Nesses casos, uma técnica de gerenciamento do sistema (programa de reposição contínua) e uma técnica de configuração do sistema (redesenho da rede de armazéns) foram combinados para criar um sistema de distribuição mais adequado para uma rápida e freqüente reposição “puxada” de um grande número de pontos de venda relativamente pequenos.