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Do contrato celebrado pelo Consórcio CMMS para obras referentes à REPLAN e das práticas de corrupção a ele atreladas

No documento Ministério Público Federal (páginas 44-49)

MENDES, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, ÂNGELO ALVES MENDES, ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES e JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, de modo consciente,

45 Em seu interrogatório judicial 5026212-82.2014.404.7000 (Eventos 1025 e 1101) – Anexo 142, ALBERTO

3.2. Imputações de corrupção ativa e passiva

3.2.1. Do contrato celebrado pelo Consórcio CMMS para obras referentes à REPLAN e das práticas de corrupção a ele atreladas

Visando a construção e montagem das “Unidades de Hidrodessulfurização de Nafta Craqueada (HDS) da Carteira de Gasolina da UN-REPLAN” da Refinaria de Paulínea – REPLAN59, localizada na cidade de Paulínea/SP, obra vinculada à Diretoria de

Abastecimento da Petrobras, então comandada por PAULO ROBERTO COSTA, em 20/12/07, foi iniciado procedimento licitatório para o qual o valor da estimativa sigilosa da empresa petrolífera foi inicialmente calculado em R$ 588.734.591,55.

Das 18 empreiteiras convidadas no procedimento licitatório, 14 eram cartelizadas60 e outras 2 foram citadas por AUGUSTO RIBEIRO como empresas que 59 Veja-se que na planilha “Informações do processo de licitação” o contrato está vinculado ao empreendimento “ENG/AB/IEREF/IERP” que, segundo o documento “descrição siglas”, fornecido pela Petrobras em anexo, se refere ENGENHARIAPARA EMPREENDIMENTOS DE ABASTECIMENTO/IMPLEMENTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS PARA O REFINO/IMPLEMENTAÇÃO PARA EMPREENDIMENTO PARA REPAR – Anexo 148.

60 Considerando que se trata de licitação ocorrida no final do ano de 2006, quando já ocorrida a ampliação do cartel, tem-se as seguintes empresas cartelizadas convidadas: CONSTRAN (UTC), ANDRADE GUTIERREZ, CAMARGO CORRÊA, ODEBRECHT, OAS, QUEIROZ GALVÃO, GDK, IESA, MENDES JUNIOR, MPE, PROMON, SKANSKA, TECHINT S.A e UTC.

participavam esporadicamente do mesmo grupo61.

Somente um consórcio e duas empresas, todos formados exclusivamente por empresas cartelizadas, apresentaram propostas, sendo que a menor delas, pelo Consórcio CMMS, foi no valor de R$ 696.910.620,7362.

A PETROBRAS celebrou com o Consórcio CMMS o contrato nº 0800.0038600.07.2, no valor de R$ 696.910.620,73, conforme contrato apresentado pela PETROBRAS, em anexo. Quem subscreveu o contrato, por parte da Mendes Júnior, foram os denunciados SERGIO CUNHA MENDES e ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES.63

Conforme a planilha “Aditivos de Contratos” (Anexo 149), fornecida pela Petrobras e juntada em anexo, o prazo contratual original foi fixado entre 21/12/2007 a 27/02/2010. Contudo, em virtude de sucessivos aditivos, tal prazo foi prorrogado para a data de 05/07/13 e o montante global da obra majorado para R$ 1.032.122.539,50.

Consoante o esquema de corrupção descrito no item anterior, havia um acordo previamente ajustado entre os gestores das empresas integrantes do cartel e o então diretor PAULO ROBERTO COSTA de, respectivamente, oferecerem e aceitarem vantagens indevidas que variavam entre 1% e 5% do valor total dos contratos celebrados por elas com a referida Estatal.

Em contrapartida, PAULO ROBERTO COSTA e os demais empregados corrompidos da PETROBRAS assumiam o compromisso de se omitirem no cumprimento dos deveres inerentes aos seus cargos, notadamente a comunicação de irregularidades em virtude do funcionamento do “CLUBE”, bem como, quando necessário, praticar atos comissivos no interesse de funcionamento do cartel.

Tanto PAULO ROBERTO COSTA quanto ALBERTO YOUSSEF admitiram

61 A saber: ALUSA e CARIOCA.

62 De acordo com a planilha enviada pela PETROBRAS, no “rebid” (ou nova licitação) do contrato da REPLAN, foram feitos três lances: R$ 696.910.620,73 (CONSÓRCIO MENDES JÚNIOR – MPE – SOG), R$ 749.088.478,34 (UTC ENGENHARIA S.A.) e R$ 755.041.362,35 (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ). Perceba-se que há uma variação entre as propostas máxima e mínima de apenas 8%. Considerando o valor da estimativa da PETROBRAS para o contrato (R$ 588.734.591,55), o limite superior de contratação (de 20%) era de R$ 706.481.509,86. Assim, somente o lance do consórcio integrado pela MENDES JÚNIOR ficou dentro desse teto, num valor praticamente idêntico ao do limite superior (veja-se que a proposta ficou em 98,64% desse limite). Já o valor inicial do contrato ficou 18,37% acima do valor de estimativa, logo, muito próximo do limite superior de contratação, que é de 20%.

que o pagamento de tais valores indevidos ocorria em todos os contratos e aditivos celebrados pelas empresas integrantes do Cartel com a Petrobras sob o comando da Diretoria de Abastecimento64.

Assim, em decorrência do contrato em tela, houve a promessa e o pagamento de vantagens indevidas correspondentes a, ao menos, 1% do valor total do contrato original e respectivos aditivos celebrados no período em que PAULO ROBERTO

COSTA ocupou a Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Do montante referente à aludida vantagem indevida, coube a SÉRGIO

CUNHA MENDES e ÂNGELO ALVES MENDES, na condição de administradores da Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, e ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES,

representante da empresa, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, Diretor de Óleo e Gás e JOSÉ

HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, Engenheiro da Área Operacional de Obras e Gerente

de Contratos da Mendes Júnior, na qualidade de gestores da empresa, efetuar a promessa e determinar o pagamento de vantagens indevidas proporcionais a participação da

Mendes Júnior no Consórcio, ou seja, 46% do referido valor. ALBERTO YOUSSEF, na

condição de operador da organização criminosa, teve papel fundamental nessa corrupção, pois viabilizou a interlocução entre as partes, assim como participava das tratativas acerca das propinas envolvidas.

Diante de tal quadro, no período entre o início do procedimento licitatório (20/12/07) e a celebração do contrato original (21/12/07), SERGIO MENDES e ALBERTO

VILAÇA, após reunirem-se com os representantes das demais empreiteiras cartelizadas e

definirem o vencedor do certame, comunicaram a PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO

YOUSSEF tal circunstância, prometendo àquele, ou a pessoas por ele indicadas, vantagens

indevidas que adviriam imediatamente após a celebração do contrato65.

Aceita tal promessa de vantagem por parte de PAULO ROBERTO COSTA este, entre 20/12/07 e 21/12/07, adotou as providências necessárias, no âmbito de sua

64 Nesse sentido, veja-se as linhas 03/14 das fls. 05 e linhas 03/20 das fls. 14 do termo de interrogatório de PAULO ROBERTO COSTA juntado ao evento 1.101 dos autos 5026212-82.2014.404.7000, bem como linhas 19 a 21 a fls. 34 do mesmo evento em relação a ALBERTO YOUSSEF - Anexo 142.

65 No que se refere à MENDES JÚNIOR, consoante termos de transcrição de interrogatórios juntados ao evento 1.101 dos autos 5026212-82.2014.404.7000, PAULO ROBERTO e YOUSSEF afirmaram que tratavam com o denunciado SERGIO MENDES (linhas 42/43 a fls.24 e linhas 21/23 a fls. 32) - Anexo 140.

Diretoria, para que o resultado da licitação fosse aquele almejado pelo Cartel, além de se manter sua anuência quanto à existência e efetivo funcionamento do Cartel no seio e em desfavor da Estatal, omitindo-se nos deveres que decorriam de seu ofício.

Assim, uma vez confirmado que a empresa MENDES JÚNIOR, juntamente com MPE e SOG, por intermédio do Consórcio CMMS, venceram o certame, ALBERTO

YOUSSEF efetuou tratativas com SÉRGIO MENDES e ALBERTO VILAÇA, assim como com ÂNGELO ALVES MENDES, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA e JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL RESENDE para ajustar a forma de pagamento das vantagens indevidas

prometidas a, e aceitas por, PAULO ROBERTO COSTA, correspondentes a pelo menos 46% sobre o 1% do valor do contrato original, ou seja, cerca de R$ 3.205.788,85.

Seguindo a mesma metodologia, em datas não precisadas mas certamente anteriores à subscrição de cada um dos termos aditivos que aumentaram o valor do contrato original, SÉRGIO MENDES e ALBERTO VILAÇA prometeram vantagens indevidas de ao menos 46% sobre 1% dos valores dos aditivos, as quais foram imediatamente aceitas pelo denunciado PAULO ROBERTO COSTA, diretamente e por intermédio de ALBERTO YOUSSEF.

Considerando a planilha de aditivos do contrato sob comento apresentada pela PETROBRAS (Anexo 149), consolidou-se o seguinte quadro de aditivos no período em que PAULO ROBERTO COSTA ocupava a Diretoria de Abastecimento da estatal:

Data do aditivo Valor do acréscimo no

contrato vantagem indevida (1%)Valor mínimo total da66 indevida que cabia àValor da vantagem Mendes Júnior (46%)67 18/12/0968 R$ 4.917.234,38 R$ 49.172,34 R$22.619,27 26/04/1069 R$ 1.752.145,42 R$ 17.521,45 R$ 8.059,86 07/07/10 R$ 61.875.012,09 R$ 618.750,12 R$ 284.625,05 16/03/1170 R$ 73.188.266,70 R$ 731.882,66 R$ 336.666,02 66 Cálculo efetuado até a segunda casa decimal, desconsiderando-se as seguintes, sem arredondamento. 67 Cálculo efetuado até a segunda casa decimal, desconsiderando-se as seguintes, sem arredondamento. 68 Anexo 151.

69 Anexo 152. 70 Anexo 153.

05/12/1171 R$ 112.521.146,14 R$ 1.125.211,46 R$ 517.597,27

Diante do exposto tem-se que, no caso em tela, SÉRGIO CUNHA

MENDES e ÂNGELO ALVES MENDES, na condição de administradores da Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, e ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES, representante da

empresa, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, Diretor de Óleo e Gás e JOSÉ HUMBERTO

CRUVINEL RESENDE, Engenheiro da Área Operacional de Obras e Gerente de Contratos

da Mendes Júnior, na condição de gestores da empresa, prometeram e o pagamento de vantagens indevidas correspondentes a, pelo menos, 46% incidentes sobre 1% do valor do contrato original e aditivos celebrados durante a diretoria da PAULO ROBERTO COSTA, o que equivale a cerca de R$ 4.375.356,32 no período entre o início do procedimento licitatório (20/12/07) e a data da celebração do último aditivo firmado durante a diretoria de PAULO ROBERTO COSTA (05/12/11).

Concretizadas, em relação ao contrato original e a cada um dos aditivos acima referidos, promessas de vantagens indevidas por parte dos denunciados SÉRGIO

CUNHA MENDES e ÂNGELO ALVES MENDES, na condição de administradores da Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, e ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES,

representante da empresa, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, Diretor de Óleo e Gás e JOSÉ

HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, Engenheiro da Área Operacional de Obras e Gerente

de Contratos da Mendes Júnior, na qualidade de gestores da empresa, e a aceitação de tais promessas por parte do então Diretor de Abastecimento PAULO ROBERTO COSTA, diretamente e por intermédio de ALBERTO YOUSSEF, seguiram-se, nos moldes já expostos nesta peça, os respectivos pagamentos. Conforme será exposto no capítulo 4, uma boa parte das vantagens ilícitas recebidas por PAULO ROBERTO COSTA foi antes lavada pela organização criminosa, sendo que para tanto ALBERTO YOUSSEF e WALDOMIRO DE

OLIVEIRA, servindo-se de empresas de fachada, tornaram possível a celebração de

documentos ideologicamente falsos e emissão de notas fiscais “frias”, sendo bastante, por ora, mencionar que no período de vigência do contrato aqui analisado foi identificado o pagamento de um total de R$ 8.028.000,00 por empresas vinculadas à Mendes Júnior

dessa forma.

3.2.2. Do contrato celebrado pelo Consórcio INTERPAR para obras

No documento Ministério Público Federal (páginas 44-49)

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