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Contribuição da análise do saldo comercial e dos índices: Vantagem Comparativa Revelada (VCR) e Comércio Intraindústria (CII) para o processo

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 Análises das exportações, importações, do saldo comercial e dos índices de comércio exterior (ICX, ICM, VCR, TC, CII) para verificar a existência

4.3.3 Contribuição da análise do saldo comercial e dos índices: Vantagem Comparativa Revelada (VCR) e Comércio Intraindústria (CII) para o processo

de desindustrialização

O Gráfico 24 exibe a evolução do saldo comercial da região Nordeste. Entre os anos de 1997 e 2002, a balança comercial apresentou saldo negativo. No período seguinte, entre 2003 e 2006,o saldo foi positivo. Voltou a ser deficitário a partir de 2008, terminando 2012 com um saldo negativo de US$ 5.287 milhões.

Gráfico 24 – Nordeste: Evolução do saldo comercial, no período 1997-2012, em US$ milhões -270 -80 -171 -750 -941 -4 1.783 2.533 4.253 2.774 1.310 -75 821 -1.718 -5.287 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Aliceweb.

O Gráfico 25 exibe o saldo comercial do Nordeste dividido em

commodities e industrializados, no período 1997/2012. Ao longo de todo o intervalo

dos anos 1997 e 2012 foi marcado pelas exportações de commodities maiores do que as importações. Já o saldo dos industrializados, no período 1997-2002, foi negativo. Nos cinco anos seguintes, 2003/2007, positivo. E a partir de 2008 até 2012, novamente deficitário.

Gráfico 25 – Nordeste: Evolução do saldo comercial57 dividido em commodities e industrializados, no período 1997-2012, em US$ milhões

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Aliceweb.

Desagregando o saldo comercial dos produtos industrializados segundo a classificação da OCDE- alta tecnologia, média-alta, média-baixa e baixa tecnologia obtém-se o Gráfico 26.

O Gráfico 26 evidencia que as indústrias intensivas em tecnologia são as que mostram maior défice comercial. O segmento de alto conteúdo tecnológico em todos os anos do período 1997-2012 apresentou défice. A indústria de média- alta intensidade tecnológica ao longo de quase todo o período, com exceção dos anos 2005 e 2006, apresentou também, saldo negativo. A de média-baixa tecnologia foi positivo somente no ínterim 2004/2008, apresentando saldo negativo nos demais anos.

O setor de baixa intensidade tecnológica apresentou, em todo o intervalo 1997-2011, um saldo superavitário, sendo deficitário apenas em 2012, evidenciando mais uma vez que o Nordeste tem uma economia baseada em baixa intensidade tecnológica.

57 Neste saldo não estão inclusos os produtos não industrializados não classificados como

commodities. Mesmo que fossem incluídos no grupo das commodities, o saldo destas continuaria

Gráfico 26 – Nordeste: Evolução do saldo comercial, no período 1997-2012, em US$ milhões

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Aliceweb.

Nesse cenário, com um fluxo comercial inconstante, é relevante expor os setores/capítulos nos quais o Nordeste, ao longo do período, apresentou vantagem comparativa revelada. Mostra-se, assim, quais os que têm menor custo e oportunidade e explicitam-se as vantagens comparativas nordestinas no comércio internacional.

4.3.3.1 Índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR)

Na Tabela 17, é exibido o resultado do Índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) em relação ao saldo comercial no ano de 2012, detalhado por setor/capítulo. Dos 99 setores/capítulos existentes, o Nordeste apresentou vantagens em 33, no ano de 2012. Dentre estes, os destaques são: transações especiais58 (nº 99), animais vivos (nº 01), açúcares e produtos de confeitaria (nº 17),

sementes e frutos oleaginosos (nº 12), e pérolas naturais ou cultivadas (nº 71), setores de baixo conteúdo tecnológico. Novamente o agronegócio se destaca, evidenciando que o Nordeste possui vantagens comparativas nesse segmento.

58 As transações incluídas como Transações Especiais da Balança Comercial são: comércio de

navios e aeronaves usadas em transporte internacional; comércio de plataformas de perfuração em águas internacionais; provisionamento de navios, aeronaves e outros veículos de transporte (consumo a bordo); encomendas postais; arrendamentos não financeiros; propriedade pessoal de migrantes; doações; e lojas duty-free.

(7.000) (6.000) (5.000) (4.000) (3.000) (2.000) (1.000) - 1.000 2.000 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 U S $ m il h õ es

Tabela 17- Nordeste: resultado do índice de vantagem comparativa revelada59

SETOR 2012

01 ANIMAIS VIVOS * 1,00

04 LEITE E LATICÍNIOS, OVOS DE AVES, MEL NATURAL, ETC. * 0,04

05 OUTROS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL * 0,86

06 PLANTAS VIVAS E PRODUTOS DE FLORICULTURA * 0,68

08 FRUTAS, CASCAS DE CÍTRICOS E DE MELÕES * 0,72

09 CAFÉ, CHÁ, MATE E ESPECIARIAS * 0,90

12 SEMENTES E FRUTOS OLEAGINOSOS, GRÃOS, SEMENTES, ETC. * 0,99

13 GOMAS, RESINAS E OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS * 0,71

14 MATÉRIAS PARA ENTRANÇAR E OUTROS PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL * 0,96

17 ACUCARES E PRODUTOS DE CONFEITARIA * 0,99

18 CACAU E SUAS PREPARACOES * 0,07

20 PREPARAÇÕES DE PRODUTOS HORTÍCOLAS, DE FRUTAS, ETC. * 0,80

23 RESÍDUOS E DESPERDÍCIOS DAS INDUSTRIAS ALIMENTARES, ETC. * 0,97

24 FUMO (TABACO) E SEUS SUCEDANEOS MANUFATURADOS * 0,94

26 MINÉRIOS, ESCORIAS E CINZAS 0,04

28 PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS, ETC. 0,41

29 PRODUTOS QUIMICOS ORGANICOS 0,16

33 ÓLEOS ESSENCIAIS E RESINÓIDES, PRODUTOS DE PERFUMARIA, ETC. 0,59

34 SABÕES, AGENTES ORGÂNICOS DE SUPERFÍCIE, ETC. 0,59

40 BORRACHA E SUAS OBRAS * 0,04

41 PELES, EXCETO A PELETERIA (PELES COM PELO), E COUROS * 0,98

47 PASTAS DE MADEIRA OU MATÉRIAS FIBROSAS CELULÓSICAS, ETC. * 0,98

52 ALGODAO * 0,86

53 OUTRAS FIBRAS TÊXTEIS VEGETAIS, FIOS DE PAPEL, ETC. * 0,92

56 "PASTAS (""OUATES""), FELTROS E FALSOS TECIDOS, ETC. * 0,45

64 CALÇADOS, POLAINAS E ARTEFATOS SEMELHANTES, E SUAS PARTES * 0,57

71 PEROLAS NATURAIS OU CULTIVADAS, PEDRAS PRECIOSAS, ETC. 0,98

72 FERRO FUNDIDO, FERRO E AÇO 0,04

74 COBRE E SUAS OBRAS 0,03

76 ALUMINIO E SUAS OBRAS 0,46

83 OBRAS DIVERSAS DE METAIS COMUNS 0,21

89 EMBARCACOES E ESTRUTURAS FLUTUANTES 0,88

99 TRANSACOES ESPECIAIS 1,00

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Aliceweb. Nota: *pertence ao agronegócio.

O comércio da região Nordeste ocorreu mais inter ou intrassetores?Para Krugman (2010), o comércio intraindústrias resulta em ganhos adicionais para o comércio internacional, sendo, inclusive, maiores do que os oriundos de vantagens comparativas.

4.3.3.2 Índice de Comércio Intraindustrial (CII)

59 Para ver o resultado do indicador vantagem comparativa revelada de todos os anos do período

A Tabela 18 mostra os resultados obtidos no cálculo do Índice de Comércio Intraindústria (CII). Ao longo do período, o índice teve variação positiva, tendo saído de 0,23 em 1997, para 0,36, em 2012. Mesmo assim permaneceu durante todo o tempo no grupo do comércio interindústrias, revelando que as negociações do Nordeste com o resto do Mundo ocorrem preponderantemente entre indústrias de ramos diferentes, distintamente do comércio brasileiro (vide Tabela 19). Este, em alguns anos (2005, 2006, 2007 e 2009) apresentou resultados de comércio entre indústrias do mesmo ramo, embora nos demais tenha sido entre segmentos diferentes. Seus valores estão próximos do limite inferior (0,51) do intraindustrial.

Tabela 18- Nordeste: resultado do Índice de Comércio Intraindustrial no período 1997-2012, em %

Ano |Xi-Mi| (em US$) |Xi+Mi| (em US$) |Xi-Mi| / |Xi+Mi| 1 - [|Xi-Mi| / |Xi+Mi|] CII

1997 6.280.529.491 8.187.809.925 0,77 0,23 0,23 1998 5.508.190.101 7.520.944.819 0,73 0,27 0,27 1999 4.971.468.297 6.882.424.587 0,72 0,28 0,28 2000 6.364.447.106 8.802.607.378 0,72 0,28 0,28 2001 6.180.020.159 9.316.585.727 0,66 0,34 0,34 2002 6.163.100.552 9.315.546.730 0,66 0,34 0,34 2003 6.102.104.838 10.440.761.127 0,58 0,42 0,42 2004 8.180.701.045 13.553.806.541 0,60 0,40 0,40 2005 9.693.628.905 16.868.922.159 0,57 0,43 0,43 2006 12.770.432.945 20.483.879.479 0,62 0,38 0,38 2007 14.928.756.673 24.862.796.699 0,60 0,40 0,40 2008 18.285.065.176 30.977.894.484 0,59 0,41 0,41 2009 14.794.952.335 22.412.032.325 0,66 0,34 0,34 2010 20.430.485.231 33.453.195.505 0,61 0,39 0,39 2011 26.426.922.023 42.970.284.839 0,62 0,38 0,38 2012 28.508.159.206 44.773.852.236 0,64 0,36 0,36

Tabela 19- Brasil: resultado do Índice de Comércio Intraindustrial no período 1997-2012, em %

Ano |Xi-Mi| (em US$) |Xi+Mi| (em US$) |Xi-Mi| / |Xi+Mi| 1 - [|Xi-Mi| / |Xi+Mi|] CII

1997 61.441.439.034 112.729.952.917 0,55 0,45 0,45 1998 58.064.620.165 108.903.337.519 0,53 0,47 0,47 1999 53.639.757.849 97.314.347.639 0,55 0,45 0,45 2000 59.510.880.759 110.969.583.003 0,54 0,46 0,46 2001 60.840.047.539 113.888.351.437 0,53 0,47 0,47 2002 57.548.530.608 107.681.307.234 0,53 0,47 0,47 2003 64.008.444.551 121.528.788.705 0,53 0,47 0,47 2004 87.084.338.150 159.513.114.395 0,55 0,45 0,45 2005 92.703.622.573 192.129.560.571 0,48 0,52 0,52 2006 109.217.481.172 229.158.310.336 0,48 0,52 0,52 2007 135.198.917.643 281.266.519.080 0,48 0,52 0,52 2008 186.459.714.537 370.927.210.523 0,50 0,50 0,50 2009 75.760.779.524 280.717.085.793 0,27 0,73 0,73 2010 199.696.376.831 383.683.712.773 0,52 0,48 0,48 2011 260.744.697.436 482.279.985.633 0,54 0,46 0,46 2012 253.412.384.658 465.734.205.078 0,54 0,46 0,46

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Aliceweb.

O comércio que ocorre interindústrias é pertinente ao tipo que ocorre entre regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas, pois estas trocam produtos distintos, evidenciando que as nações têm as razões capital-trabalho bem diferentes. Cada localidade se especializa nos produtos que têm maior vantagem comparativa,o que caracteriza a comercialização como interindústrias.

A elasticidade – renda por produtos industriais é superior à de mercadorias básicas. Logo, se o Nordeste brasileiro exporta em grande parte

commodities, e importa produtos industriais, corrobora o resultado obtido do índice

de comércio intersetorial.

Diante do quadro exibido neste tópico constatam-se indícios de desindustrialização pelo crescente défice no saldo comercial dos produtos intensivos em tecnologia, que aliados ao câmbio sobrevalorizado e juros altos podem apontar, inclusive, para a existência da doença holandesa, assolando a economia nordestina; doença essa considerada, por alguns teóricos, como uma falha de mercado em razão da abundância de recursos naturais compatíveis com uma taxa de câmbio mais valorizada do que a necessária para tornar os produtos industriais de maior conteúdo tecnológico mais competitivos.

Nesse panorama, e com o intuito de investigar a existência de doença holandesa na economia nordestina, no próximo tópico, serão relatados os resultados do modelo econométrico elaborado e rodado no EVIEWS 5.0 para tal fim.

4.4 Análise dos resultados do modelo econométrico para o processo de