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3 METODOLOGIAS E FONTESDOS DADOS

3.2 Fonte dos dados

3.2.4 Modelo econométrico

Nesta dissertação foi utilizado, também, um modelo econométrico com o intuito de verificar se a região Nordeste do Brasil, no período 1991/2010, exibiu sinais de desindustrialização em relação ao valor agregado pela indústria no total da economia. O corte do período ocorreu em virtude da série de importações de industrializados do Nordeste (variável independente) só estar disponível no MDIC a partir de 1991.

O método aqui empregado é alicerçado no estudo realizado por Cardoso, Paixão e Nascimento (2012) e publicado na Revista de Desenvolvimento Econômico (RDE) com o título: “O processo de desindustrialização no Brasil: análise empírica dos anos de 1990 a 2009”, cuja metodologia foi descrita em Rowthorn e Ramaswamy (1999), que fizeram exercício semelhante para o Brasil. As adaptações necessárias foram realizadas conforme a disponibilidade de dados para a região Nordeste. A descrição original está abaixo:

prod_it= α0+ α1pib_pct + α2pib_pc2t + α3impt + α4invt + α5emp_indt+ α6cambt + ut

Em que:

Prod_ité o valor adicionado da indústria brasileira com t representando cada

ano do período, t = 1990, ..., 2009. α0é a constante da regressão;

αk são os coeficientes das k variáveis, com k = 1,.., 6.

pib_pcté o PIB per capita;

pib_pc2t é o quadrado do PIB per capita;

impté o valor das importações de produtos industrializados;

invt é o investimento industrial;

cambt é a taxa de câmbio; e

ut é o termo de erro da regressão.

A equação utilizada para regredir os dados do Nordeste foi: pibindt = β0 + β1pibt + β2impind +β3câmbiot + Ut

Em que:

pibindté o valor agregado da indústria com t representando cada ano do

período, t= 1991, ..., 2010;

β0 é o intercepto do modelo;

βk é o coeficiente das variáveis explicativas, com k = 1,...,3;

pibtt é o PIB total da economia;

impindt é o valor das importações de industrializados;

câmbiot é o valor da taxa de câmbio efetiva real; e

Ut é o termo de erro da regressão.

Não consta no modelo nordestino o investimento regional, por este não ser divulgado pelo IBGE. Não se fez uso de proxy, pois o que poderia ser utilizado, a importação de máquinas e equipamentos, subestimaria o investimento, uma vez que a Região tanto compra do resto do País como fabrica máquinas. O emprego industrial com base na RAIS foi excluído porque as especificações que o incluíram tornaram a equação não significativa.

Para confirmar a existência de evidências de desindustrialização, todos os coeficientes devem ser negativos e estatisticamente significativos. Caso inverso, não há sinais de desindustrialização.

Os dados do PIB e do valor adicionado da indústria em R$ de 2010 foram obtidos de uma série histórica do PIB em R$ correntes coletados no site do IBGE e

transformados em valores constantes pelo BNB/ETENE/CIEST43, com o uso do

deflator implícito do PIB.

Os dados de importações de industrializados foram levantados no site do MDIC. A série fornecida por esse Ministério é em US$ correntes. Para o uso no referido modelo foram transformados em reais constantes conforme os seguintes passos: 1º) com base nos valores correntes em dólares multiplicou-se pela taxa de câmbio nominal (umc44/US$) para se obter o valor em moeda corrente brasileira; 2º)

atualizou-se o valor obtido na etapa anterior pelo IGP-DI45 e o resultado é o valor

das importações de industrializados em R$ constantes de 2010.

O dado de câmbio utilizado foi a série da taxa de câmbio efetiva real retirada das séries temporais disponíveis no site do Banco Central. Como esses valores já são divulgados em R$/US$, não é necessário fazer alteração de moeda.

A regressão foi rodada pelos Mínimos Quadrados Ordinários, por exibirem estimadores eficientes e não tendenciosos. Para verificar se os pressupostos básicos (erros homocedásticos, erros com distribuição normal e erros com média zero) não foram violados, realizaram-se, respectivamente, os seguintes testes: White sem termos cruzados, normalidade e Breusch-Godfrey (BG).

O teste de White indica se os erros têm uma variância constante ou não. Caso apresente uma variância constante o prob será >0,05, ou seja, é estatisticamente não significativo, indicando aceitação da hipótese nula (os erros são homocedásticos).

O teste da normalidade evidencia se os erros têm uma distribuição normal. Caso essa premissa seja aceita, o prob da estatística Jarque Bera tem que ser >0,05, com curtose tendendo a 3 e assimetria tendendo a 0.

O teste para verificar a ausência de autocorrelação será o BG por conta de a estatística “d” de Durbin-Watson, como relata Gujarati (2006), não ser útil em regressões baseadas em séries temporais, pois, se os valores não forem

43 Célula de Informações Econômicas, Sociais e Tecnológicas do Banco do Nordeste. 44 UMC- Unidade de Moeda Corrente; no período 1991-2010 o Brasil teve três moedas.

45 Índice Geral de Preços – disponibilidade interna (IGPDI) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas

(FGV) e registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.

estocásticos, uma premissa será violada e, logo, o resultado da estatística “d” não será útil.

Caso ocorra a presença de autocorrelação no modelo utilizado, a correção se dará pelo método das primeiras diferenças, com o acréscimo de AR na equação estimada no Eviews, quantas vezes forem necessárias para o problema ser resolvido.

Os testes inerentes a séries temporais também serão realizados, tais como: ADF e Perron para verificar se as séries são estacionárias, isto é, não possuem raiz unitária. Caso a hipótese nula seja aceita, a diferenciação será realizada para tornar a série estacionária; a cointegração das variáveis será testada no caso de as séries não serem estacionárias de mesma ordem; do contrário, não será necessário diferenciá-las antes de rodar a regressão.

Segundo orientação de Gujarati (2006), o primeiro procedimento a ser feito quando se trabalha com séries temporais, é verificar a tendência dessas séries com origem na análise gráfica. Portanto, ao exibir os resultados do modelo regredido, serão exibidos os gráficos contendo os dados em nível.

Os resultados das pesquisas aqui descritas são tópicos da próxima seção.