Indicador de Crenças e valores da Hipercultura
6.5 CONTRIBUIÇÃO DA HIPERCULTURA À CONSULTORIA
Pelo que foi analisado nesta seção 6, pode-se dizer que características hiperculturais podem contribuir para o sucesso de um consultor. Isto significa dizer que o consultor, ao utilizar adequadamente softwares específicos para cada uma das necessidades, pode aumentar significativamente a sua produtividade. E, se tiver como acessá-los com o menor número de hardware possível, seu resultado será potencializado. O consultor não necessita ser um especialista, mas precisa conhecer e saber aprender a utilizar os softwares que o são. Trabalhar de forma flexível misturando vida pessoal com profissional pode até mesmo reduzir a quantidade de horas exclusivamente dedicadas ao trabalho e aumentar o número de horas de interação social, sem afetar a produtividade. Buscar o conhecimento continuamente e encarar o novo com naturalidade, como fazem, de modo geral, os mais jovens e considerar a experiência como algo que serviu no passado, mas que tem uma boa chance de não ser útil no futuro parece ser fundamental para o sucesso. Além de manter um nível de análise crítica que aumenta ainda mais a criatividade conseqüentemente pode resultar na descoberta de caminhos mais adequados para os problemas organizacionais. Vide Quadros 3 e 4.
QUADRO 3 - Resumo da discussão sobre Hipercultura
Aspectos Analisados
Sujeitos com maior indicador de Hipercultura
Sujeitos com menos indicador
de Hipercultura Análise
Demografia (idade)
Idade: Média do Indicador de Hipercultura é similar até por volta dos 50 anos
Média do Indicador de Hipercultura cai a partir dos 51 anos
Os demais aspectos demográficos não apresentaram qualquer correlação e o achado da idade se deve ao fato do desenvolvimento das TICs ser recente
Área de Formação
Os que atuam em Tecnologia da Informação apresentaram indicador de Hipercultura maior
Os que atuam em biológicas e saúde apresentaram um indicador de Hipercultura menor
Não foi encontrada relação entre as demais áreas. No entanto é aceitável dizer que os profissionais de TI utilizam mais software, assim como os criam. Pode ser que as áreas de saúde e biológicas utilizem menos os softwares.
Número de áreas de atuação
Os com maior indicador de
Hipercultura atuavam em 11,2 áreas em média e no último ano atuaram em 7,73 (70%)
Os com menor indicador de
Hipercultura atuavam em sete áreas em média e no último ano atuaram em 3,50 (50%)
Este achado sugere uma maior capacidade dos NDs serem multitarefa, o que pode estar sendo facilitado pelo uso mais intenso de software
Grupo de área de atuação
Correlação positiva do Indicador de Hipercultura com Suporte a Decisão (maior correlação), Controle de Processos e Serviços Profissionais. Não encontrada correlação com Controle de Pessoas e Serviços Profissionais.
De forma geral estas áreas com correlação positiva com Hipercultura são as que utilizam mais software e os mais sofisticados.
Atualização Profissional
Foram encontradas correlações positivas com todas as formas de atualização e principalmente com o Indicador de Atualização que apresentou a maior correlação com o indicador de Hipercultura
Este achado sugere há uma preocupação maior daqueles que apresentam um maior indicador de Hipercultura com o desenvolvimento contínuo do conhecimento
Aspectos Analisados
Sujeitos com maior indicador de Hipercultura
Sujeitos com menos indicador
de Hipercultura Análise
Crenças e Valores
Correlação com média maior com as crenças relacionadas ao
entendimento das mudanças e informalidade no aprendizado de TI como problema e a valorização do especialista
Correlação com média maior para a crença de que o desconhecimento de TI é um problema e que TI tem mais valor do que o cargo
Correlação com média menor com as crenças relacionadas ao
entendimento das mudanças e informalidade no aprendizado de TI como problema e a valorização do especialista
Correlação com média menor para a crença de que o desconhecimento de TI é um problema e que TI tem mais valor do que o cargo
Surpreendeu os resultados de que mudanças são problemas, que o aprendizado informal é prejudicial e o especialista é valorizado não confirmando as pesquisas anteriores. No entanto, não as invalida, porque pode ser uma questão de linguagem (não de semântica) entre as duas gerações, ou a falta de uma geração essencialmente digital nas organizações. A valorização dos especialistas não condiz com a quantidade de áreas de atuação.
Crenças e valores agrupados
Correlação positiva com média maior para o grupo de Tecnologia e Saber
Correlação positiva com média menor para Tecnologia e saber
Não encontrada correlação com o grupo Flexibilidade e Habilidade. O achado mostra uma preocupação com tecnologia e saber maior para os hiperculturais. O valor ou crença de que estes indivíduos são multitarefa, que está embutida na flexibilidade, por outro lado, pode ser encontrada na análise do número de áreas de atuação.
QUADRO 4 – Resumo dos fatores que influenciam os resultados dos consultores
Fatores Contribuição
positiva
Contribuição negativa Análise
Software x Hardware Quanto maior a quantidade de softwares utilizados maior o desempenho
Quanto maior o número de hardware (móveis) utilizado, menor o desempenho
É o software que é o simulador, que expande a mente e não a máquina. A máquina de certa forma é um limitador. Só não pode ser considerada assim, porque não há software sem hardware (no formato de uma máquina) ainda.
Horário Flexível x Habilidade/Fo rmação Quanto maior a crença no horário flexível, maior o resultado
Quanto maior a crença de que a habilidade e a
inteligência são melhores do que a formação, menor o resultado
O horário flexível e a valorização do aprendizado continuado contribui para o resultado Crença na experiência O uso da experiência como competência Experiência e o uso de qualquer outra forma de competência ou o uso de outra forma de competência (que não inclui a formação)
Em situações de mudanças constantes, a experiência, ou melhor, o conhecimento técnico que foi decorrente desta experiência fica obsoleto muito rápido. No entanto alguns clientes parecem ainda confiar na experiência Idade e Auditoria Quando menor a idade maior o resultado Trabalhar em auditoria apresentou influência negativa no desempenho do consultor
Estes dois fatores por mais acesso aos softwares por pessoas de pouca idade e talvez os auditores não utilizem softwares sofisticados. Estes ainda trabalham muito com o manuseio de documentos físicos.
7 CONCLUSÃO
O objetivo geral desse estudo - aprofundar o conhecimento sobre a possível relação
entre a Hipercultura de consultores organizacionais e os diversos aspectos que afetam a sua vida profissional - foi atingindo de forma satisfatória. A estratégia metodológica, que incluiu
não somente a bibliografia pertinente ao tema, mas também uma pesquisa exploratória foi fundamental para a elaboração de um questionário de boa qualidade. Da mesma forma, a definição da amostra e o processo de obtenção dos dados também foram fundamentais para garantir um adequado material para analise. Como conseqüências, houve uma quantidade relevante de achados interessantes, os quais já foram extensivamente discutidos na seção anterior.
Da análise dos fatores condicionantes da Hipercultura que podem estar relacionados com um melhor desempenho do consultor destacou-se, estatisticamente, a idade, possivelmente porque facilita o acesso à tecnologia da informação e comunicação; o nível de formação formal, que é elevada; e a atuação generalista (em múltiplas áreas), ainda que os consultores tenham declarado valorizar a especialização. Além disso, os consultores indicaram uma freqüência elevada de atualização profissional e demonstraram grande preocupação com as questões ligadas à tecnologia da informação e aos aspectos que possibilitam o desenvolvimento do saber. Este perfil não deixa dúvida sobre a valorização do conhecimento nesta era.
Os consultores que atuam nas áreas de Planejamento Estratégico, Gestão de Projetos, Gestão de Processos, Gestão da Qualidade, Planos de Negócios, Plano de Marketing, Pesquisa de Mercado, Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica, Controle de Custos e os serviços especializados como: Tecnologia da Informação (TI), Gestão do Conhecimento (GC), Relações Públicas, Publicidade ou Propaganda, Assessoria Jurídica, Gestão de Riscos demonstraram ser mais hiperculturais e melhor desempenho. Já aqueles que trabalham em área de auditoria, ainda que a área de trabalho tenha apresentado correlação positiva com hipercultura, a correlação foi negativa com o desempenho do consultor.
Interessante notar que o fato de trabalhar em áreas de controle de pessoas e suporte a pessoas não apresentou correlação com Hipercultura. Ou seja, os consultores que trabalham em Coaching ou Mentoring, Gestão de Pessoas, Desenvolvimento de Pessoas, Avaliação de Desempenho; Remuneração, Cargos e Salários, Recrutamento ou Seleção e Qualidade de Vida no Trabalho não apresentaram uma tendência hipercultural.