• Nenhum resultado encontrado

CONTRIBUIÇÕES DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA A DEFESA

Os capítulos anteriores apresentam noções básicas sobre geração de energia,

as principais vulnerabilidades dos sistemas elétricos e a importância da infraestrutura

energética para a defesa nacional. Com base no que foi exposto, uma forma eficaz de

reduzir as vulnerabilidades das redes elétricas existentes é instalar geradores de

menor porte o mais próximo possível das cargas, minimizando a quantidade de

circuitos necessários até o consumidor final (PATTERSON, 2006, p. 15). No mesmo

sentido, Esteves (2015, p. 19) afirma que:

A produção centralizada está lentamente a ser substituída por produção distribuída, de fonte renovável, na maior parte dos países desenvolvidos. A rede do futuro deve permitir uma integração de larga escala destes recursos, estando preparada para dar resposta à grande variabilidade e imprevisibilidade de energia renovável através de melhores sistemas de controlo e gestão de rede assim como futuras tecnologias de armazenamento de energia.

Dessa forma, o presente capítulo analisa como a geração distribuída de energia

elétrica, a partir de fontes energéticas renováveis, pode contribuir para a Defesa

Nacional.

5.1 INCREMENTO DA CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A geração centralizada requer grande aporte financeiro e extensas áreas para

a instalação das usinas geradoras, principalmente no caso das centrais hidrelétricas.

Além disso, necessita de longas redes de transmissão para o transporte da energia

desde as fontes até os consumidores finais. Quanto maior a distância desde a geração

da energia elétrica até o ponto de consumo, maiores são as perdas, principalmente

na forma de calor.

Por outro lado, a geração distribuída é “[...] uma nova alternativa para geração

de energia que visa postergar investimentos em transmissão, reduzir perdas no

sistema e melhorar a qualidade do serviço de energia.” (CALLAI DOS SANTOS et al.,

de pequenos empreendimentos locais, sem necessitar do volume de investimentos

exigidos para a construção de uma grande usina.

Nesse sentido, o estudo prospectivo realizado pelo Centro de Gestão e Estudos

Estratégicos (CGEE, 2017, p. 119), ao dissertar sobre a evolução tecnológica nacional

no segmento de geração de energia, concluiu que:

A expansão da demanda por energia elétrica em praticamente todos os setores e a necessidade de diversificar a matriz elétrica devido a condicionantes ambientais e estratégicos são fatores que intensificarão a participação das fontes renováveis na geração de eletricidade. Neste contexto, a geração fotovoltaica terá papel fundamental no setor elétrico, sendo em especial responsável pela disseminação em grande escala da geração distribuída.

Portanto, a geração distribuída pode contribuir para reforçar a defesa nacional

por meio do aumento da capacidade do parque gerador brasileiro, tornando o sistema

menos vulnerável a crises energéticas (subitem 3.3). Ao invés de realizar grandes

obras de alto custo, que demandam alguns anos para serem concluídas e requerem

regularização ambiental, indenização e deslocamento de pessoas de suas

residências, no caso de uma hidrelétrica que inunda vasta área para a construção de

barragens, a matriz energética brasileira pode ser ampliada por meio de pequenos

empreendimentos instalados mais perto de sua utilização.

5.2 AUMENTO DO PERCENTUAL DE ENERGIA LIMPA GERADA

A geração distribuída normalmente é associada ao uso de fontes renováveis,

que produzem menores impactos ao meio ambiente, tais como as micro e pequenas

centrais hidrelétricas, geradores eólicos, painéis solares e termelétricas a

biocombustíveis. Com isso, espera-se “[...] uma diminuição dos níveis de emissões de

poluentes, dos quais se incluem emissões de dióxido de carbono, responsáveis pelo

efeito de estufa.” (ESTEVES, 2015, p. 19).

5.3 MENOR VULNERABILIDADE A ATAQUES FÍSICOS OU VIRTUAIS AOS

SISTEMAS DE ENERGIA

A geração distribuída tende a reduzir a abrangência dos efeitos de um ataque

cibernético a sistemas de controle de infraestruturas de energia ou a elementos físicos

da rede, pois as fontes energéticas alimentam pequeno número de unidades

consumidoras. Além disso, as pequenas unidades individuais podem servir como

backup ao abastecimento de energia da distribuidora local, impedindo que o

suprimento energético seja interrompido.

5.4 REDUÇÃO DA CARGA DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL NO HORÁRIO

DE PONTA

O uso da energia elétrica não é constante ao longo do dia. Existem horários em

que o sistema elétrico é mais demandado, pois há equipamentos ligados ao mesmo

tempo. A capacidade de geração do sistema e toda a infraestrutura para transportar

a energia até o consumidor (cabos, transformadores, disjuntores, etc) deve ser

suficiente para atender ao horário de ponta, no qual a demanda de potência é máxima,

mesmo que no restante do dia essa capacidade fique ociosa. O Gráfico 5 apresenta

o exemplo de uma curva de carga usual de um sistema elétrico hipotético, mostrando

que a capacidade do sistema elétrico deve ser dimensionada para atender a demanda

máxima, ainda que esta seja requerida durante uma pequena parcela de tempo diária.

A geração distribuída pode aliviar o sistema elétrico durante o horário de ponta,

produzindo energia elétrica localmente, de modo que seja postergada a necessidade

de construção de novas unidades de geração de grande porte.

Gráfico 5 - Exemplo de curva de carga

Fonte: A autora.

5.5 INCENTIVO À BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Os produtos e serviços relacionados à infraestrutura energética,

especificamente para a implementação da geração distribuída, poderiam ser incluídos

na classificação de PED, considerando o seu valor estratégico e/ou

imprescindibilidade para a Defesa Nacional. Nesse caso, o incentivo do governo

brasileiro por meio do RETID fomentaria a BID e, portanto, o desenvolvimento do país.

Além disso, a indústria relativa à implementação da geração distribuída pode

ser classificada como dual, ou seja, pode ter emprego tanto para a defesa quanto para

o meio civil. Assim, o fomento a esse ramo industrial em âmbito nacional tende a

reduzir o custo da instalação de geradores locais movidos a fontes renováveis, que

ainda são dispendiosos devido à baixa procura.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 0: 00 1: 00 2: 00 3: 00 4: 00 5: 00 6: 00 7: 00 8: 00 9: 00 10 :0 0 11 :0 0 12 :0 0 13 :0 0 14 :0 0 15 :0 0 16 :0 0 17 :0 0 18 :0 0 19 :0 0 20 :0 0 21 :0 0 22 :0 0 23 :0 0 Po nc ia (MW ) horário (h) Demanda de potência Potência gerada

Documentos relacionados