• Nenhum resultado encontrado

Contribuições de eleitos pagas pela conta da entidade (pessoa coletiva) para a qual foram eleitos. Foram os seguintes os casos

No documento PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS PCP (páginas 83-87)

C. Limitações ao Âmbito dos Trabalhos de Auditoria ou Situações de Impossibilidade de Conclusão, Erros ou Incumprimento

1. Quotas e Contribuições de Filiados – Impossibilidade de Confirmar a Origem das Diversas Receitas

1.5.2 Contribuições de eleitos pagas pela conta da entidade (pessoa coletiva) para a qual foram eleitos. Foram os seguintes os casos

identificados:

 Na DOR dos Açores: De uma amostra de 6 documentos, no total de 2.002,36 euros, 1 documento foi pago por uma pessoa coletiva:

- Lançamento 191291903002-14, em 31/03/2012, de 130,49 euros.

De acordo com a explicação dada pelo Partido: “Refere-se à contribuição do eleito na Assembleia Municipal da Horta que por pedido do próprio a sua contribuição foi transferida pela CM Horta diretamente para a conta do PCP”.

 Na DOR de Lisboa: De uma amostra de 8 documentos, no total de 10.469,57 euros, 2 dos documentos, no total de 6.824,33 euros, respeitam a pagamentos por parte de pessoas coletivas para as quais os filiados foram eleitos:

- Lançamento 111300411130533-1972, em 30/04/2012, de 3.030,94 euros;

- Lançamento 111300511130572-3502, em 31/05/2012, de 3.793,39 euros.

O Partido, sobre a primeira daquelas transferências, apresentou cópia da carta do Município de Vila Franca de Xira, na qual avisa ter efetuado as transferências para a conta com o NIB da conta bancária do PCP.

Na sua resposta, o PCP anexa ainda cópias dos recibos (nos quais se pode confirmar não terem sido inscritos os respetivos números de filiados).

Em relação à segunda daquelas transferências, o Partido apresentou uma lista com os nomes dos eleitos e os órgãos para que foram eleitos, para além dos valores pagos e datas das respetivas transferências.

 Na DOR de Setúbal: Da amostra de 29 documentos, no total de 37.236,14 euros, 11 documentos, no total de 27.607,56 euros, correspondem a pagamentos efetuados por pessoas coletivas para as quais os filiados foram eleitos. São exemplos:

- Lançamento 15230050154, em 31/05/2012, de 4.577,02 euros ; - Lançamento 15230050183, em 31/05/2012, de 3.047,46 euros;

- Lançamento 15230050194, em 31/05/2012, de 3.244,68 euros;

- Lançamento 15230070111, em 31/07/2012, de 5.685,84 euros.

Por outro lado, nesta mesma amostra, 1 documento tem recibo emitido em nome de um filiado, mas o pagamento foi efetuado por outro, não tendo anexado qualquer documento que comprove a intenção do pagador em efetuar contribuição em nome de terceiro:

- Lançamento 15230060113, em 30/06/2012, de 220,00 euros.

Na sua resposta, o Partido refere o seguinte: “Refere-se aos recibos nºs 082733 e o 82734 de dois eleitos na Junta de Freguesia de Pinhal Novo. Estas duas verbas foram entregues pelos próprios ao angariador que lhes entregou o original dos referidos recibos e foi este que fez a entrega com um cheque ao Partido”.

Em função das situações anteriormente expostas, e tendo em consideração as limitações referidas, não é possível aferir que todas as receitas relativas às Contribuições de Representantes e Eleitos do Partido, estão adequadamente classificadas e devidamente registadas e que todas as verbas registadas como contribuições de filiados e quotizações efetivamente o são.

A este propósito o Tribunal Constitucional pronunciou-se, no Acórdão n.º 70/2009:

“(…) há que ter em atenção que constituem receitas próprias dos partidos políticos as quotas e outras contribuições dos seus filiados, bem como as contribuições dos representantes eleitos em listas apresentadas por cada partido ou por este apoiadas. Daqui decorre que, sendo certo que as receitas provenientes de quotas e de outras contribuições de eleitos e filiados dos partidos não podem deixar de ser “obrigatoriamente tituladas por meio de cheque ou por outro meio bancário que permita a identificação do montante e da sua origem” e estando os diferentes tipos de receitas próprias dos partidos submetidos a regimes jurídicos diversos, os partidos políticos têm de estar em condições de identificar a origem das receitas que auferem, nomeadamente quem foi o autor da contribuição e o respectivo montante, de modo a que se possa verificar que as mesmas não constituem receitas proibidas, conservando os elementos necessários para tal identificação. Além disso, embora as listas dos filiados dos partidos não sejam elementos de suporte indispensáveis para a inscrição das receitas, os partidos políticos têm o ónus de disponibilizar os meios que permitam identificar a origem dos fundos e dissipar quaisquer dúvidas que

se possam colocar sobre a qualidade de filiado de quem efectivamente contribuiu com as verbas que forem inscritas na rubrica das respectivas contas anuais relativa a “quotas” e a “outras contribuições de filiados.

(…) Entende o Tribunal que a resposta do Partido não é esclarecedora, na medida em que não permite identificar nem quem contribuiu nem qual o montante da contribuição, e, consequentemente, não permite confirmar a origem dos fundos, pelo que se não pode deixar de considerar verificada uma infracção ao disposto no artigo 12º, nº 1, da Lei nº 19/2003.”

Em igual sentido e segundo o Acórdão n.º 515/2009, na apreciação das contas dos Partidos políticos relativas ao ano de 2006, na parte respeitante ao PCP e relativamente à limitação tratada nesta Secção do presente Relatório:

“(…) – 6.2.4.: … A verdade, porém, é que tendo inscrito (.…como receita de

“quotização” (…) como “contribuições de filiados do Partido” e (…) como

“contribuições de representantes eleitos”, o (PCP) não procedeu à decomposição de tais contribuições nem à identificação de quem efectivamente contribuiu, não facultando, assim, quaisquer elementos que permitissem a realização do controlo da origem dessas receitas. Face ao exposto não pode deixar de considerar verificada uma infracção ao disposto no artigo 12.º, n.º 1, da Lei n.º 19/2003”

Pelos exemplos anteriores conclui-se existirem casos que não permitem confirmar a natureza das receitas relacionadas com quotas, contribuições de filiados e de eleitos, com suporte documental deficiente ou insuficiente e pagamentos diretos efetuados por pessoas coletivas.

Também em Acórdãos subsequentes, o Tribunal Constitucional se pronunciou sobre esta matéria, como no Acórdão n.º 498/2010, de 15 de dezembro, ponto 6.1.9.; no Acórdão n.º 394/2011, de 21 de setembro, ponto 6.1.17. e no Acórdão n.º 314/2014, de 1 de abril, ponto 10.3.

A ECFP solicita o esclarecimento das situações descritas.

2. Divergências entre a Contabilidade do Partido e a Informação

No documento PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS PCP (páginas 83-87)