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2.3 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

2.3.3 Contribuições Especiais

As contribuições especiais são tributos qualificados pela destinação, isto é, são tributos finalísticos (não é o fato gerador que confere identidade à categoria). Em razão disso, em relação às contribuições especiais não se aplica o art. 4º do Código Tributário Nacional. Para as contribuições especiais a destinação é relevante.

Assim, reza o art. 149 da CF:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

A competência para instituição das contribuições especiais é exclusiva da União. Ressalte-se que estas já foram conhecidas como contribuições parafiscais, tanto para diferenciá-las das contribuições de melhoria quanto para indicar o fim social a que se destinavam, ao contrário das contribuições predominantemente fiscais, como os impostos. Hoje, essa terminologia não é mais utilizada112.

Nas contribuições, a CF define normalmente uma base de cálculo e a finalidade do tributo. Ex: A COFINS tem como base de cálculo a receita bruta e como finalidade o custeio da seguridade.

O produto da arrecadação das contribuições especiais é vinculado a determinada atividade.

Em regra, as contribuições são disciplinadas por lei ordinária. Como exceção, existem as contribuições previdenciárias residuais (novas fontes de custeio da seguridade) que são instituídas por lei complementar.

111

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 459.

112

PAULSEN, Leandro. Contribuições: custeio da seguridade social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 47.

2.3.3.1 Tipos de Contribuição

A Carta Magna especifica três tipos de contribuições especiais. Trata-se de uma visão tricotômica. Ocorre que, segundo a doutrina especializada e a jurisprudência, esta divisão feita pelo art. 149 da CF é insuficiente para abranger a quantidade de tributos desta espécie.

De acordo com o art. 149 da CF/88, são as seguintes as espécies de contribuição: a) contribuições sociais; b) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); e c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (corporativas).

As contribuições são de competência privativa da União. A CF, porém, equivocadamente, utiliza o termo ‘exclusivamente’.

Entretanto, existem duas contribuições que excepcionam a regra geral. A primeira está prevista no art. 149, §1º, CF e dispõe que Estados, Distrito Federal e Municípios podem cobrar contribuição de seus servidores para custeio de regime previdenciário próprio. A segunda está contida no art. 149-A, da CF e reza que o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição de iluminação pública (CIP ou COSIP), facultada a cobrança na fatura da energia residencial.

Apesar da classificação tradicionalmente adotada em nossa Constituição, há várias contribuições que não se encaixam em nenhuma destas categorias. Com isso, a doutrina moderna, a qual se filia o Supremo Tribunal Federal, adotou a classificação quadripartite, com uma das categorias com uma divisão tricotômica. É o entendimento: a) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); b) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (corporativas); c) contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP); e d) contribuições sociais.

As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDES) caracterizam-se por serem instrumentos da União para a disciplina de mercados especiais. São exemplos a CIDE/combustíveis e a CIDE royalties. Esta última é devida por quem usa tecnologia estrangeira e o valor arrecadado é usado para custear pesquisa de tecnologia nacional. As CIDES são tributos extrafiscais, cuja finalidade precípua não é arrecadar, mas intervir numa situação social ou econômica.

A segunda espécie são as contribuições corporativas, cujos exemplos são as anuidades cobradas pelos diversos conselhos de classe como o Conselho Regional Medicina (CRM) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), e a contribuição sindical. O objetivo é arrecadar recursos destinados a financiar atividades de interesses de

instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas (corporações).

As contribuições sindicais estão contidas no gênero ‘contribuições corporativas’. Nesse ponto, vale salientar que estas não se confundem com as contribuições confederativas previstas no art. 8º, IV, da CF. As principais diferenças entre elas é que a contribuição sindical é paga para custear apenas o sindicato da categoria e possui natureza de tributo. A confederativa é paga para custear entidades de segunda e terceira instância (federação, confederação) e não é tributo, por lhe faltarem dois aspectos essenciais: a compulsorriedade e a legalidade, seguindo entendimento do Supremo Tribunal Federal. Ainda, é criada por Assembleia Geral e não por lei.

A terceira espécie é a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP). É pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal, esposado no Enunciado n. 670113, de que a COSIP não atende aos requisitos de especificidade e divisibilidade próprios das taxas.

A competência para instituí-la está no art. 149-A da CF, de duvidosa constitucionalidade, que prevê que os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública.

No julgamento do RE 573.675-SC, decidiu o STF que a COSIP é um tributo sui generis: “o tributo não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte114”.

A quarta e última espécie de contribuições especiais são as contribuições para custeio da seguridade social. São as únicas que se sujeitam apenas à anterioridade nonagesimal. A seguridade é um sistema composto pelo tripé: Previdência, Assistência e Saúde. De acordo com o art. 195 da CF, existem quatro fontes de custeio da seguridade: Empregador, Empregado, Importador e Concurso de Prognose. Enquadram-se como contribuição social geral as contribuições sociais previstas no art. 240 da CF.

Dentro das Contribuições Sociais, que frisamos não ser objeto desta pesquisa, estariam ainda as seguintes contribuições para a seguridade: COFINS, PIS, CSLL; outras contribuições (residuais); contribuições sociais gerais como o salário- educação (art. 212, §5º)

113

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n. 670. Disponível em:

<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=670.NUME.%20NAO%20S.F LSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 20 ago. 2012.

114

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário no 573.675-SC. Relator Ministro Ricardo Lewandowski, DJE 22.05.09.

e as contribuições para o sistema S (art. 240): serviços sociais. Ex: SENAC, SENAI, SENAT, SEBRAE.