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CAPÍTULO 5 – UM SISTEMA DE CPA PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM

5.1.2 Contribuições da pesquisa empírica

A THERMUS é uma empresa com sede em Florianópolis/SC, voltada para o desenvolvimento de Soluções para o setor de Telecomunicações. Além disso, realiza consultorias, desenvolvimentos, planejamentos e projetos de redes de Computadores e Treinamentos. Em decorrência da crescente competição e consciente de estar inserida em um ambiente altamente competitivo, onde a sobrevivência, no mercado, depende muito do domínio de componentes como: qualidade, prazo, preço e lucratividade, a Thermus decidiu fortalecer sua capacidade competitiva por meio da gestão de custos eficientes, combinando com melhorias na produtividade e na qualidade. Para tanto, buscou junto ao Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, na pessoa do

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Prof. Antônio Diomário de Queiroz, uma parceria para a implementação do ABC. O resultado desse trabalho está relatado em forma de artigo nos anexos desta tese.

Em razão da empresa não possuir qualquer sistema de controle interno, não fazer uso de modelos de estimativa de custos de software e não possuir um sistema contábil decidiu-se aplicar o ABC para mensurar as atividades de um projeto de desenvolvimento de software. Essa alternativa também foi escolhida em função do tempo limitado dos componentes da equipe. O trabalho foi desenvolvido em equipe e durou cerca de três meses. Duas vezes por semana, a equipe se reunia, por cerca de duas horas, com os proprietários da empresa para obter as informações necessárias à mensuração do projeto e dirimir as dúvidas.

Como a autora desta tese fez parte da equipe de trabalho desenvolvido na Thermus e já vinha pesquisando tanto sobre a CPA quanto sobre o mercado de prestação de serviços de software, aproveitou a oportunidade para identificar: (1) a linguagem e os jargões inerentes ao mercado de software; (2) se a empresa utilizava algum modelo de estimativa de custos para medir o processo de desenvolvimento de software; (3) como era realizado o controle financeiro, (4) o modelo utilizado para a decisão de preço do serviço prestado e (5) os benefícios da aplicação do método do custeio ABC para a empresa.

Identificou-se, por meio dos encontros semanais com os sócios da empresa, que a Thermus não utilizava qualquer modelo de estimativa de custos para medir o processo de desenvolvimento de software e decidir sobre o preço do serviço prestado. A definição do preço do serviço era com base no mercado. O controle financeiro restringia-se ao movimento das contas a pagar e receber, sendo realizado por um dos sócios. Quanto aos benefícios da aplicação do método do custeio ABC para a empresa foram inúmeros.

A partir da aplicação do ABC, foi possível a visualização pela empresa do fluxo das atividades do Projeto Alfa e a identificação e avaliação da lucratividade das atividades e do projeto. Todavia, o maior benefício desse estudo foi a conscientização dos sócios e seus colaboradores da importância de utilizar instrumentos de gestão que lhes forneçam informações acuradas, por meio das

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quais possam tomar decisões, planejar e controlar a performance da empresa. Ficou evidente, durante as últimas entrevistas com os proprietários da Thermus e após a apresentação final do trabalho, a mudança de atitude da empresa em relação à necessidade de implementar não apenas o ABC, mas também o ABM.

Dessa forma, esse estudo permitiu compreender as atividades que compõem um projeto de desenvolvimento de software e identificar as informações financeiras e não-financeiras requeridas pelos gestores de empresas que prestam serviços de software. No entanto, a grande contribuição desse trabalho foi demonstrar a eficácia do ABC em mensurar as atividades do sistema de operações de serviços, identificando o grau de participação de cada uma delas no custo total.

Na Thermus não havia qualquer sistema formal de controle interno, antes da aplicação do ABC, pois existia o mito de que a implementação de algum sistema de apontamento de horas, para controlar o tempo de execução das atividades dos desenvolvedores de software, prejudicaria a criatividade deles. Além disso, um dos proprietários defendia que não havia necessidade de gerenciar os custos, uma vez que o preço do serviço prestado é determinado pelo mercado.

Em contraste, a PROSYST desenvolveu um sistema automatizado, baseado na abordagem de processo, que controla as atividades aplicadas na prestação de serviços pelo apontamento de horas. Essas atividades foram codificadas e compreende um total de quarenta e duas, as quais encontram-se descriminadas no Anexo B. O sistema controla as atividades executadas pelos funcionários e também o tempo utilizado na realização de tais atividades; esse sistema é acionado pela abertura de uma ordem de serviço (OS). Alguns formulários que fazem parte de tal sistema estão no Anexo C desta tese.

A partir do atributo físico, apontamentos de hora/homem, o sistema gera vários relatórios que são utilizados para tomada de decisões e correções de rumo. Além disso, esses relatórios alimentam o sistema de gestão da qualidade que, por sua vez, está relacionado aos indicadores do Plano de Participação de Resultados (PPR) que é apurado mensalmente para efeito de acompanhamento. Seu valor, no entanto,

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é ajustado após o encerramento do exercício social, quando então é apurado o resultado econômico da empresa.

A Prosyst atua no mercado de sistemas aplicativos empresariais (ERP) desde 1987 e tem sede em Joinville/SC. A sua escolha como unidade de estudo foi orientada por três motivos: ser uma empresa de prestação de serviços, ter um sistema de controle das atividades operacionais automatizado e pela disposição de seus proprietários em fornecer as informações necessárias para a configuração do SCPA.

A pesquisa realizada na Prosyst buscou, primeiramente, examinar o sistema de controle das atividades aplicadas na prestação de serviços. O objetivo dessa investigação foi identificar se o sistema possuía todos os conceitos da CPA. Para alcançar tal propósito foram realizadas inúmeras entrevistas, conforme a descrição na seção 1.5.3 do primeiro capítulo.

Após identificar que o sistema desenvolvido pela Prosyst utiliza os conceitos da análise de processos, controlando as atividades com base em atributos físicos e para responder a questão central desta tese, partiu-se para investigação de quais componentes deveriam compor um sistema de contabilidade que fornecesse informações monetárias e não-monetárias e que avaliasse o patrimônio em todas as suas dimensões. Para tanto, foram usados como instrumento de coleta de dados a entrevista, o questionário e a pesquisa documental, conforme relato no item 1.5.3 do primeiro capítulo.

O diretor técnico da Prosyst enumerou alguns benefícios que a empresa obteve com o desenvolvimento e a implementação do sistema de controle de atividades automatizado: a visão horizontal da empresa, a medição do retrabalho, a eliminação de atividades que não agregavam valor para o cliente e a correção do rumo com base nos relatórios gerenciais emitidos pelo sistema.

O sistema de apontamento de horas serve de base para o faturamento de horas vendidas e para a elaboração do plano de participação de resultados. Segundo esse diretor, a definição dos indicadores de desempenho que faziam parte do plano de

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participação de resultado foi fundamental para conquistar o envolvimento e comprometimento dos funcionários no apontamento das horas durante a execução das atividades.

Os proprietários da Prosyst reconhecem, porém, que com o crescimento da empresa e para sobreviver em um ambiente de mudanças rápidas e altamente competitivo, no qual atualmente a empresa está inserida, é preciso ter uma forma de alinhar o controle financeiro nas suas diversas dimensões. Isto porque a gestão dos processos por meio de atributos físicos não permite a medida correta do desempenho empresarial. Essa percepção dos gestores da Porsyt encontra-se muito bem relatada pelo Prof. Diomário, no Anexo B, desta tese.

As pesquisas realizadas na Thermus e Prosyst contribuíram, também, para confirmar a pouca utilização dos modelos de estimativa de custos para medir os esforços aplicados no processo de desenvolvimento de software e identificar as necessidades dos gestores por instrumentos de gestão que permitam mensuração das diversas dimensões do patrimônio da empresa.

Enfim, as pesquisas serviram para reforçar os conceitos discutidos no referencial teórico que são fundamentais na configuração e na implementação de um SCPA como instrumento útil ao processo de gestão de empresas de serviços em desenvolvimento de software. Entretanto, para que o SCPA seja eficaz no cumprimento de seus objetivos, é necessário que sejam observadas algumas premissas orientadoras.

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