• Nenhum resultado encontrado

2.2. Alternativas no controle de pragas

2.2.1. Controle alternativo no Manejo Ecológico de Pragas em

2.2.1.1. Inseticidas biológicos e virulíferos na interação com os extratos vegetais

O uso de inseticidas convencionais leva fatalmente a desequilíbrios biológicos, pela morte de insetos úteis, como os polinizadores e os controladores naturais de pragas; e com isto a situação em relação aos insetos-praga da agricultura em geral é agravada em anos subseqüentes ao uso desse produtos (AZEVEDO, 1998), além das implicações resultantes da toxicidade dos mesmos aos peixes, aves e mamíferos em geral, inclusive ao homem.

Os inseticidas e fungicidas biológicos (principalmente bactérias, fungos e vírus) geralmente não afetam o ambiente e a saúde do homem e animais, nem mesmo de outras espécies, que não seja o inseto-alvo (SALAZAR, 1997). Infelizmente as alternativas ainda são poucas, mas as perspectivas são extremamente otimistas, principalmente com os avanços da biologia molecular. É praticamente impossível enumerar as aplicações da engenharia genética na agricultura, tamanha a amplitude da tecnologia do DNA recombinante (SERAFINI et al., 2001). O controle biológico de

das áreas mais promissoras, com o advento da biotecnologia na agricultura. Sem a atuação da engenharia genética, melhorando (modificando geneticamente) esses agentes de controle, as perspectivas para o controle biológico estariam limitadíssimas.

O exemplo atual mais importante sobre a interação da engenharia genética com o controle biológico é, inegavelmente, a tecnologia do gene Bt. As proteínas inseticidas codificadas por este gene de Bacillus thuringienses (Bt), que tem sido transferido para diversas espécies cultivadas, têm sido eficientes no controle de um número muito grande de insetos-praga, com pouquíssimo ou nenhum efeito deletério para a maioria dos organismos, inclusive humano, vida selvagem e mesmo outros insetos (TABASHINIK, 1994; SACHS et al., 1996; TABASHINIK, 1997; EPA, 2000). Apesar do otimismo em relação às perspectivas do uso desta tecnologia, com a seleção de subespécies mais eficientes de B. thuringienses (CASIDA & QUISTAD, 1998; COSTA, 2001), o sistema Bt não está imune ao desenvolvimento de resistência por parte dos insetos- praga (SACHS et al., 1996; TABASHNIK, 1997; GOULD, 1998).

Diante do potencial da engenharia genética e das necessidades atuais na agricultura, pode-se dizer que todas estas tecnologias ainda estão na sua infância, pois há muito que fazer, já que a agricultura depende ainda quase que exclusivamente dos agrotóxicos tradicionais. Estes, além de nocivos à saúde e altamente agressivos ao ambiente, podem dificultar ou mesmo inviabilizar as próprias práticas de controle biológico.

As espécies vegetais se constituem, provavelmente, numa fonte praticamente inesgotável para se pesquisar moléculas tóxicas que possam ser utilizadas no Manejo Ecológico de Pragas e que não interfiram antagonicamente em relação aos outros fatores, como o controle biológico, altamente sensível na presença dos agrotóxicos convencionais.

O Brasil representa a maior biodiversidade de genes, de espécies e de ecossistemas (COSTA, 2001), o que coloca o brasileiro no topo do

mundo, em termos de potencial para o desenvolvimento de técnicas de controle biológico e na prospecção de moléculas e genes de defesa das plantas, com o advento da biotecnologia. Cabe, no entanto, investir em pesquisa, para que mais uma vez não se perca a oportunidade de caminhar rumo ao desenvolvimento e independência tecnológica e econômica.

2.2.1.2. Inseticidas fisiológicos ou reguladores de crescimento podem estar contidos nos extratos vegetais

De acordo com a definição de Beckage (2000) os verdadeiros reguladores de crescimento são inseticidas que simulam a ação de hormônios no crescimento e desenvolvimento dos insetos, não cobrindo necessariamente, por exemplo, os antigos inseticidas sintéticos que atuam na síntese de quitina (NAUEN & BRETSCHNEIDER, 2002).

Os reguladores de crescimento de insetos foram considerados, no seu tempo, como a terceira geração de inseticidas, após inorgânicos e sintéticos, com grande potencial na agricultura (CASIDA & QUISTAD, 1998). Muitos são conhecidos particularmente por intervir na ecdise larval (processo de rompimento da cutícula, quando a larva muda de um ínstar para outro), subseqüente deposição de quitina e metamorfose (NAUEN & BRETSCHNEIDER, 2002). São principalmente os hormônios conhecidos como ecdisteróides, que incluem principalmente a hidroxiecdisona (20E), e a ecdisona (E), que é o precursor de 20E, mas que tem, por si só, funções na morfogênese (GILBERT et al., 2002).

Os vegetais são fontes de reguladores de crescimento ou inseticidas fisiológicos. A azadiractina é o mais importante conhecido limonóide do nim (Azadirachta indica), com propriedades deterrentes e de bloqueio da muda (FOSTER & HARRIS et al., 1997; CASIDA & QUISTAD, 1998).

O reino vegetal, pela natureza de adaptação planta-fator biótico, deve se constituir numa fonte importante na busca e desenvolvimento de moléculas com mecanismo de ação que interfiram na regulação do crescimento e desenvolvimento de insetos e outras pragas. Se grupos de pragas são relativamente específicos a respectivos hospedeiros, é porque estes respondem às demais, através de metabólitos secundários de defesa, inclusive aqueles com efeitos na fisiologia, impedindo o ataque.

2.2.1.3. Feromônios de origem vegetal

O controle do comportamento das pragas, visando proteger as culturas, apesar de já ser utilizado há mais de sete séculos, somente nos últimos 30 anos é que a pesquisa realmente mostrou interesse em investigar o assunto, a partir das novas exigências da sociedade, em relação à segurança alimentar e ambiental (FOSTER & HARRIS, 1997).

Os feromônios e outros atraentes têm um decisivo papel no monitoramento das populações de pragas e no controle do comportamento dos insetos a níveis extremamente baixos, sem deixar resíduos tóxicos, sendo importantes componentes nos programas de controle de pragas, que usualmente também requerem o uso de inseticidas químicos (CASIDA & QUISTAD, 1998). Os repelentes também aumentam em importância neste contexto, que busca o controle de insetos com o mínimo de impacto ambiental.

Karlson e Luscher, em 1959, foram quem, pela primeira vez, propuseram o termo “feromonas” para conceituar um grupo de substâncias ativas “excretadas para o exterior por um indivíduo e recebidas por outro da mesma espécie, no qual provocam uma reação específica, um dado comportamento ou processo de desenvolvimento” (PAIVA & PEDROSA-MACEDO, 1985). Sabe-se hoje, entretanto, que

esta especificidade não é rígida, já que várias espécies próximas ou não, podem utilizar a mesma substância com o mesmo fim.

A maioria dos metabólitos secundários freqüentemente são deterrentes, mas podem ser, ao mesmo tempo, fagoestimulantes, se servem como sinais de estímulo por parte do hospedeiro, ou mesmo se são seqüestrados para a defesa ou para serem usados como precursores de feromônios de consumidores herbívoros (HARTMANN et al., 1997; CHAPMAN, 2003). Esta integração entre plantas e fitófagos inclui os feromônios sexuais, como estratégia dos insetos para otimizar o acasalamento e a reprodução (LANDOLT, 1997). Nos extratos vegetais devem existir compostos modelos para novas moléculas sintéticas (feromônios) importantes; ou, de forma mais abrangente, substâncias atrativas, repelentes, estimulantes, deterrentes e outras (FOSTER & HARRIS, 1997), com potencial para compor, com outros métodos de controle de pragas, um sistema mais ecológico de manejo destas. Um exemplo é a combinação de iscas atrativas com hormônios sexuais, que, conjuntamente, são bem mais eficientes do que utilizados de forma separada.

Não é necessário afirmar que tais produtos poderiam satisfazer plenamente as atuais exigências da sociedade por alimentos mais saudáveis e pela preservação ambiental.

Entretanto, também não pode ser esquecido que esses métodos podem ter efeitos também sobre os inimigos naturais (FOSTER & HARRIS, 1997).