• Nenhum resultado encontrado

No Brasil, atualmente, Carta Magna de 1988 deliberou em seu artigo 70 que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Nesse sentido Oliveira (2007) conceitua controle como sendo a verificação da legalidade dos atos que resultem tanto na arrecadação como na realização da despesa, pois, deve ser feito o controle não só da regularidade da entrada e da saída de recursos, mas do comportamento dos agentes e o cumprimento dos objetivos esculpidos pela Administração Pública.

Conforme Fernandes (2008), os tipos de sistemas de controle são social, interno e externo e não podem ser confundidos com suas modalidades, uma vez que é tradicionalmente dividido como prévio, concomitante e posterior.

Fernandes (2008) considera como 5 (cinco) os princípios específicos do controle:

a) Princípio da segregação de funções, consiste no exercício da atividade de controle em separado das demais funções, sendo que tal segregação tem dois aspectos: o estrutural, visto que o controle deve estar definido na estrutura orgânica da entidade, com identidade própria; e o funcional, posto que o controle não poderia ser agregado de outras funções, limitando-se a atuar como controlador;

b) Princípio da independência técnico-funcional, portanto o controle não deve depender, funcionalmente, de outras pessoas ou órgãos para aferição do juízo técnico de valor nos trabalhos que realiza, logo, não tem subordinação técnica. Contudo, quanto ao Controle Interno, ressalte-se a responsabilidade diante das irregularidades cientificadas e não comunicadas ao respectivo órgão de controle externo, haja vista o vínculo de hierarquia inerente a esse sistema de controle;

c) Princípio da relação custo/benefício, tem como orientação que o custo do controle não pode exceder aos benefícios que dele decorrem, pois causaria descontrole;

d) Princípio da qualificação adequada consiste na formação adequada dos agentes de controle, uma vez que os mesmos devem ter conhecimentos necessários e suficientes para o desempenho de sua função;

e) Princípio da aderência a diretrizes e normas, onde a ação dos agentes deve ser realizada com fiel cumprimento das diretrizes de políticas públicas e do acatamento de leis e normas em geral.

Segundo Peter e Machado (2003), o controle interno é constituído por um conjunto de atividades, planos, métodos e procedimentos interligados cujo foco é assegurar a materialização confiável dos objetivos preestabelecidos pelas entidades da Administração Pública, bem como evidenciar desvios no decorrer da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público. A idéia cerne é utilizar a prevenção e retificação de equívocos ou desvios no âmbito de cada poder ou entidade da Administração em face ao que lhes é atribuído.

O entendimento de Peter (2003) ao conceituar o controle externo como sendo aquele exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado, para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações apresenta grande relação com o apresentado por Fernandes (2008) uma vez que este último esclarece que o sistema de controle externo é o conjunto de ações de controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional que não está integrada na estrutura controlada, visando à fiscalização, verificação e correção de atos.

Quanto às modalidades de controle, Cruz (2007) esclarece que os controles preventivos têm por objetivo evitar a ocorrência de equívocos, desperdícios ou irregularidade; os controles concomitantes intentam a detecção das ocorrências quando de suas ocorrências, viabilizando as tempestivas retificações; e os controles posteriores têm por finalidade a identificação das incidências após suas ocorrências, permitindo a sua correção após os incidentes.

Oliveira (2007), diferentemente de Fernandes (2008), não reconhece o controle social como tipo de controle. Contudo, verifica-se que o entendimento deste último doutrinador é preponderante no Brasil, uma vez que, com a promulgação da Lei Complementar 131/2009, de 29 de maio de 2009, há a obrigatoriedade da execução transparente da despesa pública por meio da divulgação na internet de todas as fases da execução da despesa pública.

Sendo assim, considera-se oportuna a afirmação de Fernandes (2008) quando diz que o controle social é talvez o mais valioso dos tipos de sistemas de controle, pois, pode-se biparti-lo em interno, constituído pelo conjunto de ações adotadas pela sociedade para internalizar nos indivíduos as normas, os valores e os objetivos da ordem social; e em externo, quando a sociedade aplica ações reativas, sanções e punições aos indivíduos que tem comportamento fora dos padrões reconhecidos como probos.

Nesse sentido, os sistemas de controle da execução da despesa pública podem ser realizados por meio do controle social, onde a transparência dos atos da administração pública é elemento imprescindível, do controle interno da própria entidade executora ou pelo controle externo, por entidade que está fora da estrutura da controlada.

Conforme exposto, as etapas de realização da despesa pública, a saber, empenho, liquidação e pagamento, têm como grande calcanhar de Aquiles a segunda etapa, haja vista a verificação do contrato e se este foi efetivamente cumprido pelo fornecedor, ou seja, no momento em que é feita a contabilização da despesa, pois, o ato de liquidar é que altera quantitativamente e qualitativamente o patrimônio público, logo, torna-se imprescindível que o controle sobre essa etapa da execução da despesa pública ocorra de forma mais minuciosa.

Finda a explanação sobre despesa pública, passa-se a tratar sobre a tecnologia da informação e a Administração Pública.

3 Tecnologia da informação e a administração pública

Nessa seção, aborda-se a importância de organizações públicas utilizarem Tecnologia da Informação (TI) de forma apropriada para atingir seus objetivos, bem como destaca-se o papel da TI nas organizações públicas e o impacto da sua implantação.