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3. Controlo da placa bacteriana

3.1 Controlo mecânico da placa bacteriana

A forma mais fácil e eficaz de prevenção dos problemas orais consiste na remoção física da placa bacteriana. A escovagem diária dos dentes e a utilização de fio dentário, ou outro método de remoção de placa bacteriana interproximal, é eficaz na prevenção da cárie dentária e das doenças periodontais (Axelsson, 2004).

3.1.1 A escovagem

A escova de dentes é o instrumento de higiene oral individual mais utilizado. Independentemente da sua forma e design, a sua função é simples: fragmentar a placa bacteriana pela acção mecânica dos filamentos e retirá-la da superfície dentária. A eficácia de remoção de placa bacteriana está fortemente relacionada com o tempo de escovagem e é aumentada pelo uso

27 de um dentífrico (Petersilka et al., 2002). No entanto, as escovas só penetram cerca de 0,9 mm na zona subgengival e não removem os agentes patogénicos que estão no fundo do sulco gengival (Axelsson, 2004).

Diversos estudos abordam a eficácia da remoção da placa bacteriana por escovas manuais. Na literatura podem ser encontrados diferentes valores de redução da quantidade de placa bacteriana, desde uma redução de 56% no índice de placa bacteriana avaliado em toda a cavidade oral, até uma redução de 49,8% para dentes posteriores e 58,6% para dentes anteriores no mesmo índice (Paraskevas et al., 2007; Sripriya e Shaik Hyder Ali, 2007), ou mesmo intervalos de 40% a 55% de remoção de placa bacteriana (van der Weijden e Hioe, 2005). De la Rosa et al. em 1979, citado por van der Weijden em 2005, refere que, em média, 60% da placa bacteriana ainda estava presente na superfície dentária após a escovagem (van der Weijden e Hioe, 2005).

A utilização de escova eléctrica é descrita como melhorando a destreza do paciente e facilitando a remoção de placa bacteriana. A sua eficácia é referida como variando entre 61% e 69% de remoção de placa bacteriana total e de 58% a 65% em interproximal (van der Weijden e Hioe, 2005).

Um aspecto importante para eficácia da escovagem é o tempo de realização da mesma. Muitos pacientes escovam durante um período de tempo muito reduzido, estando descrito trinta e sete segundos como o tempo médio para a escovagem diária (Beals et al., 2000).

3.1.2 A higiene interproximal

A remoção efectiva da placa bacteriana existente nos espaços interproximais só é possível utilizando instrumentos de higiene oral adequados, quer seja o fio dentário, o palito ou o escovilhão. A utilização de meios de remoção de placa bacteriana interproximal pode destruir o biofilme interproximal e, desde que realizados diariamente, prevenir a doença periodontal (Petersilka et al., 2002).

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O fio dentário está mais indicado para espaços interproximais estreitos enquanto a fita dentária, o palito e o escovilhão devem ser utilizados em espaço mais largos. Os escovilhões podem atingir cerca de 2,5 mm de profundidade do sulco gengival enquanto o fio dentário atinge até 3,5 mm dessa mesma profundidade (Petersilka et al., 2002).

Vários estudos demonstram a eficácia do uso regular de fio dentário na remoção de placa bacteriana interproximal e a vantagem da sua utilização como complemento da escovagem (Petersilka et al., 2002; Terezhalmy et al., 2008). No entanto, também está descrito na literatura que a utilização do fio dentário em casa, sem supervisão, não é eficaz na prevenção das cáries interproximais (Slots e Jorgensen, 2002; Hujoel et al., 2006). A eficácia das técnicas de higiene interproximal é muito limitada pela habilidade na execução da técnica, tendo sido descrita a remoção de somente 15% e 19,4% da placa bacteriana interproximal pela utilização do fio dentário (Petersilka et al., 2002; Blanck et al., 2007).

Os dados disponíveis na literatura mostram que, para a maioria dos pacientes, as rotinas diárias de higiene oral não são suficientes e não permitem controlar a placa bacteriana de forma efectiva. O maior desafio para o profissional é o de encontrar as técnicas que mais se adequam a cada paciente e, além disso, motivá-los para a sua execução (Mandel, 1994).

A motivação dos pacientes para a realização da escovagem e higiene interproximal é difícil, pois a sua execução é muito exigente a nível de tempo e de destreza manual. A eficácia de remoção de placa bacteriana depende em larga medida do instrumento utilizado e da anatomia dentária.

A motivação é essencial para a execução da técnica de escovagem. O facto de o paciente receber instruções sobre como efectuar a remoção de placa bacteriana com a escova de dentes, tem demonstrado poder aumentar a eficácia da escovagem em 30%, o que reforça a importância dos ensinos de escovagem durante uma consulta de higiene oral (Petersilka et al., 2002).

O facto de os pacientes ao longo do tempo deixarem de executar a remoção mecânica da placa bacteriana devido à perda de motivação, falta de

29 tempo ou de destreza manual, reduz a efectividade da sua remoção (Petersilka et al., 2002). Kalsbeek (2000) refere que somente 10% da população utiliza fio dentário diariamente; MacGregor em 1998 e Stewart em 1997, (citados por Ciancio, 2003) também indicam que somente 10% da população usa o fio dentário de forma regular e efectiva.

3.1.3 O controlo profissional

A remoção mecânica profissional de placa bacteriana, com melhores resultados na destruição da placa bacteriana, é efectuada nos gabinetes dentários e é frequentemente realizada com o uso de cúpula de borracha ou escova com pasta de polimento, colocada num contra-ângulo, ou com jacto de bicarbonato de sódio. A eficácia depende da abrasividade da pasta de polimento, da velocidade de rotação, da pressão aplicada na peça de mão e da duração da execução (Petersilka et al., 2002).

A eficácia do uso do jacto de bicarbonato de sódio para a remoção de placa bacteriana é difícil de avaliar, pois depende de diversos factores, tais como o tamanho e a forma das partículas do pó de bicarbonato de sódio, o volume de água e a distância do instrumento à superfície dos dentes (Petersilka et al., 2002). A remoção de placa bacteriana, assim como de manchas extrínsecas, é obtida pela acção mecânica das partículas inseridas no jacto de água expelido pelo instrumento. É considerado como o método mais eficiente de remoção de placa bacteriana supragengival, quando comparado com o uso de cúpula e escova de polimento podendo, no entanto, levar à perda de estrutura dentária, especialmente quando utilizado na raiz do dente ou em dentina exposta (Petersilka et al., 2002).

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