• Nenhum resultado encontrado

Conviver com a família

No documento JÉSSICA SOBRINHO TEIXEIRA (páginas 120-124)

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 BEM-ESTAR

4.4.3 Convivência

4.4.3.2 Conviver com a família

A classe 4 especifica o que foi relatado na classe 1, para a valoriazação do convívio familiar, como representacão de bem-estar. Com 18 UCEs, 24% das retenções, essa classe reúne uma concepção que foi percebida em muitos discursos. A importância de se conviver bem em família apresenta-se como um grande desafio, pois muitos dizem o quanto é difícil se relacionar bem com tantas pessoas diferentes, as famílias, os filhos, os netos; contudo, quando esse desafio é enfrentado de maneira positiva, expressa-se em felicidade e bem-estar. Ao observar a distribuição da frequência das palavras associadas significativamente, junto aos relatos. Esses aspectos podem ser percebidos por meio dos dados apresentados na Tabela 18.

Tabela 18: Distribuição da frequência de palavras associadas significativamente à classe 4.

Palavras Frequência x2

Deus 7 5,28

Feliz 7 16,22

Ajudar 4 9,21

Filho 4 6,51

Moro 3 6,03

Fonte: A autora (2012).

Segundo Pavarini, Tonon e Silva (2006), a família é um sistema dinâmico que tem como papel ajudar a pessoa a desenvolver uma presença afetiva, responsável e livre no mundo. A relação entre convívio familiar e saúde é direta, pois um bom convívio familiar gera uma boa saúde (Cerhan, & Wallace, 1993) e, consequentemente, um bem- estar para os indivíduos, conforme se pode observar no seguinte relato:

Meu bem-estar é o que eu tenho com os meus filhos. São maravilhosos. Você não sabe o quanto eu me sinto feliz. O dia mais feliz da minha vida, foi a noite mais feliz que eu tive, quando meu filho se formou. Eu vi meu filho, ele se formou para cinema, mas eu me sinto muito feliz, porque ele é um cineasta. Então, é estar bem com os meus filhos, estar bem com a vida, estar bem com Deus. Prá mim essa é a melhor vida que eu tenho […] (Ind_31).

Em relação às variáveis quantitativas inseridas na análise do ALCESTE, o nível de escolaridade influenciou 2 classes. A classe da saúde apresentou como dado significativo o fato de os sujeitos possuírem escolaridade entre a 8ª série e Curso Superior completo; já a classe de “conviver” apresentou como significativa a associação com os grupos analfabeto à 8ª série incompleta. As demais variáveis não encontraram nenhuma relação significativa por meio do software; no entanto, por meio de análises estatísticas, foi possível percebê-las.

A análise realizada pela Escala para Avaliação de Satisfação na Vida referenciada a domínios avalia o quanto o idoso percebe sua saúde, satisfação global e satisfação referenciada a domínios. Dessa forma, os achados encontrados neste estudo são mostrados na Tabela 19.

Tabela 19: Escores obtidos através da aplicação do questionário.

Fonte: A autora (2012).

Média Desvio-padrão Mínimo Máximo

Geral 43,93 ±4,41 31 48

Saúde percebida 5,49 ±1,04 2 6

Satisfação global 5,64 ±0,81 2 6

As médias encontradas na presente pesquisa confirmam os achados de outros estudos que possuem também o objetivo de avaliar o bem-estar subjetivo por meio da utilização dessa escala. Os achados, neste estudo, indicam que os idosos frequentes no Centro de Convivência investigado possuem um bom índice de bem-estar, confirmando os achados de Deps (1993), Petrini (1997) e Yassuda e Silva (2010). Como apontado pela revisão de literatura, apesar de os idosos experienciarem alguns eventos desagradáveis, ou não em suas vidas, eles apresentam um nível bem elevado de satisfação com a vida (Diener, Scollon, & Lucas, 2003).

Na análise realizada através do grupamento por sexo, na soma do bem-estar geral, a média das mulheres (40,89) foi maior do que a dos homens (34,60), e a análise por domínios também seguiu esse aspecto, mesmo não havendo significância estatística. Para a divisão conforme grupos etários, também não foi encontrada diferença significativa entre os grupos quanto ao seu bem-estar (ver Tabela 20). Nesse dado, percebe-se uma associação presente também nos aspectos de qualidade de vida, tendo- se observado que quanto maior a idade, melhores são as condições de bem-estar e qualidade de vida. Na análise em comparação com o estado civil, também não foram encontradas associações significativas.

Tabela 20: Comparação do escore na Escala para Avaliação de Satisfação na Vida referenciada a domínios por grupo etário.

Fonte: A autora (2012).

A escolaridade e a renda também foram avaliadas em comparação com o nível de bem-estar, sem encontrar valores significativos. Os dados encontrados podem ser consultados na Tabela 21.

Tabela 21: Comparação do escore na Escala para Avaliação de Satisfação na Vida referenciada a domínios por escolaridade e renda.

Bem-Estar Saúde Satisfação Satisfação 60 a 74 anos (Média) 75 a 84 anos (Média) 84 anos e mais (Média) p Geral 41,82 35,41 50,86 0,140 Saúde percebida 42,08 37,81 43,00 0,533 Satisfação global 41,34 37,73 45,73 0,354 Satisfação referenciada a domínios 41,18 35,95 51,45 0,148

Geral (Média) percebida (Média) Global (Média) Referenciada a Domínios (Média) Escolaridade Analfabeto 51,13 38,38 49,00 50,75 Primário incompleto/Completo 39,93 40,16 37,16 39,98 Ginasial incompleto 38,75 42,78 40,00 39,69

Ginasial completo/ colegial incompleto

40,10 37,33 40,58 40,90

Colegial completo/ superior incompleto 39,75 44,83 43,00 36,75 Superior completo 42,83 43,67 49,00 40,67 Renda 1 salário 37,85 38,38 38,79 37,33 2 salários 42,60 43,40 41,22 42,48 3 salários 30,08 31,08 35,83 35,50 4 salários 50,50 44,83 49,00 49,42 5 salários 45,50 50,50 49,00 43,00 Fonte: A autora (2012).

O tempo que os idosos frequentam o Centro de Convivência também foi associado ao nível de bem-estar; no entanto, nenhum dos achados demonstrou significância estatística. Já para o número de atividades que realizam na instituição, foi encontrada uma significância para o bem-estar geral (p=0,011) e para a satisfação referente a domínios (p=0,012), tendo-se percebido que a associação encontrada foi a seguinte: quanto maior o número de atividades que se realizam no local, maior o bem- estar. Esse dado confirma o que se observou também na análise do bem-estar e qualidade de vida desses indivíduos, ou seja, a participação em Centros de Convivência pode gerar ganhos para os indivíduos no que concerne às duas temáticas.

Na análise se a crença religiosa interfere no nível de bem-estar, constatou-se que, somente para o domínio de satisfação global, há uma associação muito próxima de significativa (p=0,058). A opção religiosa que apresentou maior nível de bem-estar é a que reúne os conhecimentos católicos e espíritas.

No documento JÉSSICA SOBRINHO TEIXEIRA (páginas 120-124)

Documentos relacionados