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A cooperação jurídica internacional tem como principal objetivo a efetividade da persecução criminal, afim de não tornar impunes os delitos praticados internacionalmente. Para tanto a cooperação é desenvolvida em três fases: “a

cortesia internacional; a segunda converteu-se em obrigação dos Estados - partes, justificada pelo instituto da reciprocidade; e a terceira e atual apresenta-se como um imperativo da globalização”. (ANSELMO, 2013, p. 116).

No Brasil a Constituição Federal prevê a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, em seu artigo 4º, IX, o poder judiciário participa das relações internacionais nas “hipóteses de pedidos de extradição e de execução de sentenças e cartas rogatórias estrangeiras”. (ANSELMO, 2013, p. 120). O órgão responsável pela tramitação de pedidos de cooperação internacional chamado DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), criado pelo decreto n. 4.991 de 18 de abril de 2004. (ANSELMO, 2013).

Existem diversos mecanismos de cooperação internacional, segundo Anselmo (2013, p. 137), podem ser divididos em 6 grupos: 1- Cooperação direta policial através de policiais da Interpol, das equipes de investigação conjuntas que funcionam como uma força tarefa transnacional de forma mais célere, também o Serviço Europeu de policia no âmbito da União Européia, a Ameripol no âmbito da America; 2 - Cooperação entre Unidades de Inteligência Financeira, no Brasil o COAF é quem faz esse papel, seguindo a Recomendação n. 26 do GAFI. 3- Cooperação entre Autoridades Fiscais, responsável por elaborar relatórios de concorrência fiscal e identificação de paraísos fiscais; 4 – Cooperação entre promotorias, no Brasil cabe ao Ministério Público Federal e Estadual criar estruturas de cooperação; 5- Rede Ibero-americana de Cooperação Jurídica Internacional(Ibero-Rede), trabalha com intuito de fornecer informações a juízes e procuradores e facilitar a cooperação entre países; 6- A Consularização de Documentos, é uma forma de autenticação e conferencia quanto a validade de documentos obtidos no exterior.

Em razão da globalização há uma preocupação mundial em relação ao fenômeno da lavagem de dinheiro, importante ressaltar que o GAFI é um dos organismos mais importantes no combate ao crime no âmbito internacional, pois através de suas recomendações é que prevê medidas para garantir que não haja impunidade aos criminosos e que seja garantida a assistência mutua entre países.

CONCLUSÃO

Pode se concluir com a seguinte pesquisa monográfica, que o crime de lavagem de dinheiro é existente desde a época dos piratas na idade média e sofreu grande desenvolvimento e aprimoramento por parte dos criminosos, para conseguir detectar o delito os doutrinadores dividiram a execução do crime em três fases a da ocultação, estratificação e integração, com o intuito de facilitar a descoberta, percebe-se então, que os setores mais vulneráveis para a integração do dinheiro ilícito são: o imobiliário, o futebolístico e as factorings devido a falta de regulamentação.

Os criminosos utilizam vários métodos para execução do delito, que foram aprimorados com o passar dos anos, também após o advento da globalização, os países abriram suas economias facilitando a circulação de valores e a prática do delito.

Começa então no ano de 1969 com a Convenção de Viena a criação de mecanismos de combate e prevenção ao terrorismo, tráfico de drogas e outros crimes que antecedem a lavagem de dinheiro, porem no Brasil somente no ano 1998 através da lei 9.613 é que o crime foi judicializado em função da ratificação na Convenção de Viena, a lei estabelecia um rol de delitos antecedentes restringindo então a pratica de lavagem de dinheiro apenas aos crimes descritos na lei. (PLANALTO, 2015).

Portanto, houve a necessidade de alterar a referida lei, para que se tornasse uma legislação de terceira geração, ocorrendo então a Lei 12.683/2012, que exclui o

rol de antecedentes e vai além incluindo a palavra infração penal, abrangendo então qualquer tipo de crime, e gerando grande polêmica em relação a política criminal e a política de desencarceramento.

Para cumprir com as obrigações estabelecidas nos tratados, cada país foi responsável em criar uma unidade de inteligência financeira, no Brasil o principal órgão é o COAF e no âmbito internacional o GAFI, principal órgão no estimulo à cooperação internacional para a garantia da persecução criminal.

Por se tratar de um crime que atinge diretamente o sistema econômico e financeiro de um país, é que torna a lavagem de dinheiro um delito de grande relevância, pois afeta toda a estrutura econômica ao inserir no mercado os valores adquiridos de forma ilícita prejudicando também o sistema da justa concorrência entre os setores envolvidos, portanto a alteração da lei veio com intuito de punir de forma mais rigorosa a conduta dos criminosos.

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