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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 1 Cooperativa

4.1. CARACTERIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS SELECIONADAS

4.1.1 Cooperativa “Calmañana”

A cooperativa “Calmañana” é composta por 16 mulheres agricultoras familiares, associadas para produzir e comercializar ervas aromáticas e medicinais. O coletivo surge no ano 1987, formado por dois grupos (Pedernal e Gardel), logo no ano de 1991, se integra mais um (Tapia). No ano de 1996 se formaliza a cooperativa com os três grupos. Ao longo da sua história, variou bastante a quantidade de integrantes, atualmente se mantêm os três grupos, envolvendo um total de aproximadamente 16 mulheres rurais.

A particularidade deste coletivo, impulsionado inicialmente por uma ONG, é que ele se forma a partir da necessidade da mulher de ter outros espaços para além do doméstico, espaços de “escape” onde se pudesse encontrar com outras mulheres com quem dividir o cotidiano, as dificuldades, etc. Desta maneira começaram a pensar na criação de um espaço próprio com a possibilidade de realizarem serviços para a comunidade. Em principio trabalharam principalmente em torno da temática da saúde e prevenção de doenças em mulheres rurais. A partir destes encontros, se constatou a necessidade de terem projetos produtivos. Se agruparam como mulheres produtoras, experimentando na produção de hortas para o consumo coletivo, ervas aromáticas e medicinais. Logo decidiram se dedicar a isso, visto que se tratava de uma atividade que permitia cobrir a necessidade de obtensão de maior renda ao mesmo tempo em que realizavam tarefas que as fortaleciam como mulheres, tendo um espaço próprio no sistema de produção. Com o tempo, conseguiram se aprimorar na produção de ervas aromáticas e medicinais, acedendo diversos mercados através da venda direta para pessoas conhecidas, feiras locais/de vizinhança, até às cadeias de supermercados nas quais vendem atualmente. Neste momento, o empreendimento significa a principal fonte de renda das associadas.

coletivas, uma para cada grupo, equipadas com maquinaria para pesar, envasar, selar e rotular etiquetas, além de 15 secadores solares localizados nos sistemas de produção das cooperativistas, e sete estufas com irrigação distribuídas nos diferentes grupos (Pedernal, Tapia y Gardel).

No que diz respeito à organização do trabalho, a maneira com que levam a diante o processo produtivo é combinado dentro de cada grupo conforme as ervas que produzem: secas ou frescas. Com exceção de uma cooperativista, cada integrante produz em sua casa com ajuda da família, filhas/os e/ou esposo. Dependendo da demanda de trabalho e o momento do ano, algumas mulheres se organizam para trabalhar conjuntamente no mesmo local. Quando é necessário, contratam mão de obra assalariada, particularidade que se apresentou em safras específicas.

Para realizar o envase, cada grupo se organiza em sua fábrica coletiva. Em função da demanda de ervas, é que se estipula a quantidade de integrantes que participa de tal tarefa. As ervas frescas são embaladas duas vezes por semana, enquanto as secas são embaladas em função da demanda (aproximadamente uma vez por semana) (cf. Anexo II).

Os aspectos financeiros e comerciais se organizam de maneira coletiva por toda a cooperativa. As tarefas de administração e gestão de finanças são rotativas. A pessoa responsável pela tarefa se comunica com o distribuidor (intermediário), recebe o dinheiro do caixa e distribui para cada grupo. A mesma cooperativista se encarrega também de receber semanalmente a demanda de ervas secas e distribuir o pedido em partes iguais para os três grupos. No caso das ervas frescas, em cada grupo há uma cooperativista encarregada de receber o pedido e comunicar a todas as integrantes de modo a se organizarem para cobrir a demanda. Cada um dos grupos se organiza para produzir e embalar nos tempos acordados por toda a cooperativa.

Para a comercialização contam com um distribuidor que recolhe, em seu veículo, os produtos das diferentes fábricas processadoras, em seguida se realiza a distribuição aos supermercados nos quais comercializam atualmente.

O vínculo com o mercado de insumos é escasso, devido ao fato de que a compra dos mesmos é mínima. Isso indica que a maioria das sementes é reproduzida dentro dos próprios estabelecimentos e/ou são trocadas tanto na cooperativa como com a Red de Semillas. As sementes compradas são fornecidas pelo ervanário onde comercializam os produtos. Outros insumos, como os preparados que se utilizam para o manejo integrado, são principalmente elaborados dentro dos sistemas de produção nas cooperativas. O adubo para o manejo do solo, na maioria dos casos é retirado em granjas da zona e é distribuído entre todos, neste caso, há custo com o traslado. Para as compras dos insumos que não se pode abastecer internamente, se recorre aos canais comerciais convencionais55, onde também são comprados materiais utilizados tanto para a produção como para o embale (macetas, bandejas, nailon, caixas, etc.)

No caso dos produtos, há vínculo com o mercado convencional. A maior parte das ervas aromáticas se destina a uma cadeia de supermercados. Quando geram excedentes, vendem em feiras e/ou grupos de consumidores organizados. As ervas medicinais, em sua maioria, são comercializadas com um ervanário que vende em diferentes mercados de todo o país. Em ambos casos existe um contrato realizado que assegura a comercialização e as sementes (insumos) para o caso do ervanário.

No caso do mercado de dinheiro (créditos), atualmente a cooperativa não tem vínculos.

Em relação à forma de aquisição da terra, a mesma se deu de maneiras diferentes para cada uma das integrantes da cooperativa, algumas terras são propriedade das famílias das cooperativadas, e outras do INC. Cabe destacar que não existem informações exatas sobre a quantidade e a forma de aquisição de cada uma das cooperativistas.

55

Se trata dos canais comerciais monopolizados pelo capital, como o de cadeias de supermercados.