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3 SEGURANÇA PÚBLICA COMO DEVER DO ESTADO

3.7 Órgãos Constitucionalmente Responsáveis pela Segurança Pública: Atribuições e Deficiências

3.7.2 Polícias Estaduais

3.7.2.3 Corpo de Bombeiros Militar

Também previstos como órgãos de segurança pública estadual, os Corpos de Bombeiros Militares foram reconhecidos no artigo 144, parágrafo 5º, da Constituição Federal, tendo recebido como atribuições, além daquelas legalmente previstas, as atividades de defesa civil.

Contudo, a sua atuação como órgão de segurança pública causa inquietude, visto que, no entender de alguns autores renomados, as atividades por eles desempenhadas não guardam relação efetiva com as atividades de segurança pública, caracterizadas pelo exercício das atividades policiais administrativas ou segurança.

Segundo Álvaro Lazzarini137, o reconhecimento constitucional dos corpos de bombeiros como órgão de segurança pública foi inadequado, já que, embora eles cuidem da segurança da comunidade, em princípio não exercem atividade de segurança pública, por ser esta uma atividade que diz respeito às infrações penais, com típicas ações policiais preventivas ou repressivas. Continua o autor, apontando que a atividade-fim dos corpos de bombeiros militares é prevenção e combate a incêndios, busca e salvamento e, agora, a de defesa civil, como previsto no artigo 144, parágrafo 5º, final da Constituição Federal. Para o autor, essa gama de atribuições dos corpos de bombeiros militares diz respeito, isto sim, à tranquilidade e salubridade públicas, ambas integrantes do conceito de ordem pública.

136Item 27, do artigo 2º, do Decreto no 88.777, de 30 de setembro de 1983 - aprova o regulamento para as

policias militares e corpos de bombeiros militares (R-200).

137LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p.

No mesmo sentido é o entendimento de Manoel Gonçalves138 para quem os bombeiros militares não atuam para a segurança pública, exceto se se der a essa expressão um alcance extremamente genérico, quase vago. A função específica do corpo de bombeiros militares é a defesa civil, ou seja, a proteção da comunidade contra calamidades.

Para o autor, a referência constitucional relativa aos bombeiros militares parece resultar de três fatos: pressão corporativa visando a consagrar na Constituição a existência, portanto a permanência, desse corpo; sua ligação histórica e íntima com as polícias militares; enquadramento militarizado, por serem forças auxiliares e reserva do Exército.

Contudo, com vênia para discordar do posicionamento dos ilustres autores mencionados, há que se entender que a segurança pública objetiva, além da proteção do patrimônio, a manutenção da ordem e incolumidade da pessoa. Desse modo, considerando as atividades desempenhadas pelos corpos de bombeiros militares, não há como desassociar as referidas atribuições daquelas relativas à segurança pública.

Quando os bombeiros atuam em grandes incêndios, catástrofes ou acidentes, além de buscarem o salvamento de pessoas, buscam minimizar os efeitos danosos do fato ocorrido e o restabelecimento da ordem pública, o que resulta na segurança pública. O mesmo ocorre quando atuam em situação de risco e quando agem para evitar eventos danosos à sociedade.

Nesse sentido, de acordo com Pinto Ferreira139, os corpos de bombeiros militares formam um corpo de agentes do governo, organizados sob a forma militar, que se encarrega do serviço público de segurança e combate a incêndios, perigos e acidentes que tumultuam e ameaçam a segurança pública.

A carreira dos corpos de bombeiros militares, assim como dos policiais militares, é estruturada em graus hierárquicos, composta por oficiais de polícia, praças especiais de polícia e praças de polícia140, sendo que o acesso à escala hierárquica será gradual e sucessivo,

138FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. v. 2. 2 ed. atual. e

ref. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 93.

139FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. v. 5. São Paulo: Saraiva, 1992. p. 245.

140Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 1969 - reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros

Militares dos Estados, dos Território e do Distrito Federal, e dá outras providências. - CAPÍTULO III Do Pessoal das Polícias Militares

Art. 8º - A hierarquia nas Polícias Militares é a seguinte:

por promoção, de acordo com a legislação peculiar de cada Unidade da Federação. Entretanto, exige-se tempo mínimo de permanência no posto ou graduação141. Há, também,, condições de merecimento e antiguidade, conforme dispuser a legislação peculiar, assim como curso de aperfeiçoamento. Pode, ainda, haver promoção por ato de bravura, em tempo de paz.

Diante das atribuições dadas aos corpos de bombeiros militares, especialmente no que se refere à prevenção de incêndios, e ante a investidura legal de agentes administrativos que têm, a eles é reconhecido poder de polícia, a ser exercitado no que se refere à autorização ou fiscalização de projetos contra incêndios. Contudo referida atividade há de ser exercida de acordo com as normas e os princípios administrativos que normatizam a matéria, a fim de que arbitrariedades não sejam cometidas.

Nesse sentido, conclui Álvaro Lazzarini142:

Se aos Corpos de Bombeiros Militares incumbe extinguir incêndios, com muito mais razão deve ser reconhecida a eles a responsabilidade de preveni- los, a fim de evitar, o quanto possível, a sua ocorrência, de modo eficiente e eficaz.

Os Corpos de Bombeiros Militares são órgãos da Administração Pública e, assim, do Poder Público, sujeitos aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, que não podem renunciar a sua própria razão de ser, reconhecida pela CF vigente e por normas de Direito Infraconstitucional.

Daí, repitamos, decorre a autoridade pública de todo bombeiro militar, conforme a sua investidura na graduação ou no posto que ocupe. Pode, bem por isso, consoante as atribuições legais que lhe são cometidas, decidir e impor as suas decisões contra quem, - repitamos – a resista em matéria de incêndio.

Recordemos que o Bombeiro Militar, assim investido, exerce verdadeiro e induvidoso Poder de Polícia de Segurança de Incêndio, que, dizemos, é uma especialidade do moderno Direito Urbanístico, este um capítulo do moderno Direito Administrativo.

b) Praças Especiais de Polícia: -Aspirante-a-Oficial; -Alunos da Escola de Formação de Oficiais da Polícia. c) Praças de Polícia: -Graduados: -Subtenente; -1º Sargento; - 2º Sargento; -3º Sargento; -Cabo; -Soldado.

141Graduação - Grau hierárquico da praça (item 13, do artigo 2º, Decreto no 88.777, de 30/09/1983)

Posto - Grau hierárquico do oficial. (item 28, do artigo 2º, Decreto no 88.777, de 30/09/1983)

142LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p.