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CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA [ ]

4.5 Força Nacional de Segurança Pública

A Força Nacional de Segurança Pública foi criada pelo Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004, como programa de cooperação federativa, ao qual poderiam voluntariamente aderir os Estados interessados.

De acordo com o referido Decreto, alterado pelo Decreto nº 7.318, de 28 de setembro de 2010, a Força Nacional de Segurança Pública tem como função atuar em atividades destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. 182

Atuará a Força Nacional de Segurança Pública no auxílio às ações de polícia judiciária estadual na função de investigação de infração penal, para a elucidação das causas, circunstâncias, motivos, autoria e materialidade; no auxílio às ações de inteligência relacionadas às atividades destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio; na realização de atividades periciais e de identificação civil e criminal destinadas a colher e resguardar indícios ou provas da ocorrência de fatos ou de infração penal; no auxílio na ocorrência de catástrofes ou desastres coletivos, inclusive para reconhecimento de vitimados; no apoio a ações que visem à proteção de indivíduos, grupos e órgãos da sociedade que promovem e protegem os direitos humanos e as liberdades fundamentais.183

As atividades da Força Nacional de Segurança Pública serão empregadas em todo o território nacional, mediante solicitação expressa do Governador do respectivo Estado e do Distrito Federal. Serão desempenhadas por contingente mobilizável composto por servidores que tenham recebido, do Ministério da Justiça, treinamento especial para atuação conjunta, integrantes das polícias federais e dos órgãos de segurança pública dos Estados que tenham aderido ao programa de cooperação federativa.184

Em seu preâmbulo, o Decreto nº 5.289/2004, além do artigo 144, da Constituição Federal de 1988, faz referência à lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, que criou o Fundo Nacional de Segurança Pública. Contudo, em seu texto, não autorizou a criação da Força

182Artigo 2º, caput, do Decreto nº 5.289/2004, alterado pelo Decreto nº 7.318/2010.

183Artigo 2º-A, caput e incisos I à V, do Decreto nº 5.289/2004, alterado pelo Decreto nº 7.318/2010. 184Artigo 4º, caput e parágrafo segundo, do Decreto nº 5.289/2004, alterado pelo Decreto nº 7.318/2010.

Nacional de Segurança Pública, o que ocorreu no ano de 2007, com a edição da Medida Provisória nº 345, de 14 de janeiro, convertida na Lei nº 11.473, de 10 de maio de 2007, que ao dispor sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública, em seu artigo 2º é expresso:

Art. 2o A cooperação federativa de que trata o art. 1o desta Lei, para fins desta Lei, compreende operações conjuntas, transferências de recursos e desenvolvimento de atividades de capacitação e qualificação de profissionais, no âmbito da Força Nacional de Segurança Pública.”

Álvaro Lazzarini185 reconhece a necessidade de transformações nas instituições de segurança pública. Contudo, entende que essas hão de se realizar observados os parâmetros constitucionais de 1988, pelo que crê inconstitucional a criação, pelo Governo Federal, da Força Nacional de Segurança Pública, quer pelo Decreto nº 5.289/2004, que, a pretexto de disciplinar a “organização e o funcionamento da administração pública federal para o desenvolvimento do programa de cooperação federativa denominada Força Nacional de Segurança Pública”; quer Lei nº 11.473/ 2007, que desrespeita o pacto federativo ao dispor sobre a cooperação federativa no âmbito da segurança pública, já que “há uma ordem constitucional que disciplina a temática em exame e que merece ser observada, por quem quer que seja, isto é, pelas autoridades públicas ou cidadão comum”, porque

[...] o mesmo artigo 144 enumera, absoluta e taxativamente, quais os órgãos que estão legitimados a exercer atividades de segurança pública, indicando em seus parágrafos a competência de cada um deles. Órgão não previsto expressamente na Constituição Federal não pode exercer atividade de segurança pública.

Para o autor, há inviabilidade jurídico-constitucional quanto à atuação conjunta dos órgãos que integram o sistema de segurança pública, vinculados a diferentes entes da Federação, tais como a designação de militares estaduais, como também é inconstitucional a atuação de militares estaduais em outro estado-membro, o que torna ilegítimo o exercício da autoridade policial militar causando, bem por isso, dúvida de competência na definição da Justiça competente para julgar a eventual prática de crime (comum ou militar), tudo sem dizer da impossibilidade jurídico-constitucional de o militar estadual receber diárias e/ou indenizações por exercício de suas atividades constitucionais de polícia militar em outra unidade da Federação,sob pena de incidir nas sanções de improbidade administrativa.

185LAZZARINI, Álvaro. Defesa do Estado. Tratado de Direito Constitucional. v. 1. Coordenadores Ives Gandra

Desse modo, entende ser inconstitucionais das atividades que se cometeram à Força Nacional de Segurança Pública e tudo que dela trate, mesmo de lei que, só na aparência, esteja a regulamentar o parágrafo 7º do artigo 144 da Constituição de 1988.

Claudio Pereira de Souza Neto186, ao tratar o tema, entende pela cooperação recíproca entre entes da federação e entre esses e a União que, inclusive, deve auxiliar os Estados no alcance de suas metas também no campo da segurança pública. De modo que entende adequada a criação da Força Nacional de Segurança, a ser empregada no auxílio aos governos estaduais, quando estes requisitarem, para a realização de policiamento ostensivo, em conjunto com a polícia estadual. Para o autor, a interpretação taxativa do artigo 144 da Constituição Federal, que predomina no STF, não contribui para a conformação desse tipo de arranjo cooperativo, e deve, pelo menos no tocante a este ponto, ser superada, de modo que, corrigidos os vícios formais que caracterizaram seu ato de criação, com a edição da Lei nº 11.473/2007, a Força Nacional de Segurança pode representar uma importante inovação institucional cooperativa, que possui o mérito de reduzir a pressão autoritária pela mobilização inconstitucional das Forças Armadas.

A primeira operação da qual participou a Força Nacional de Segurança ocorreu em 2004, no Estado do Espírito Santo, objetivando o restabelecimento da ordem pública. A partir de então diversas foram as operações realizadas187 pela Força Nacional de Segurança Pública,

que, inclusive, salvo prorrogação, estará atuando em operação para garantir a preservação da ordem e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, nos Estados de Alagoas, até julho de 2011.188