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4.1. O CORRÊNCIA DE F ÁRMACOS

De uma forma geral, os resultados indicaram a presença de dez compostos farmacológicos distintos nas amostras de água tratada coletadas na ETA Jiqui. Dos dezesseis analitos avaliados, foram detectados, em pelo menos uma campanha de coleta o Ibuprofeno (IBU), Naproxeno (NPX), Aciclovir (ACV), Sulfametoxazol (SMX), Propanolol (PNL), Losartan (LST), Genfibrozila (GEN), Metformina (MET), Prometazina (PTZ) e Loratadina (LRT). No entanto, nenhum dos compostos encontrados obtiveram uma frequência de detecção superior a 50%, considerando todas as campanhas realizadas nos 18 meses de atividades de pesquisa.

Aciclovir, Losartan, Genfibrozila e Loratadina foram os medicamentos de maior destaque em relação a frequência de detecção variando entre 40% a 50% das campanhas realizadas, conforme é possível observar na Tabela 15.

Tabela 15 – Valor máximo, mediana, quantidade de vezes detectado e frequência de detecção dos compostos farmacêuticos presentes na água tratada da ETA Jiqui.

Classes Compostos Máximo

(ng/L) Mediana (ng/L) Vezes detectado (*n = 12) Detecção (%) AINE **IBU 64,02 43,96 2 18 NPX 276,32 276,32 1 8 Antiviral ACV 184,06 122,77 5 42 Antibiótico SMX 231,2 231,2 1 8 Anti- hipertensivos PNL 236,76 81,96 3 25 LST 93,06 36,33 6 50 Outros Fármacos **GEN 90,01 78,91 5 45 MET 88 88 1 8 PTZ 150,32 110,45 2 17 LRT 16,08 14,665 6 50

42

campanhas de coleta para Ibuprofeno e Genfibrozila.

Fonte: Autoria Própria.

Os demais compostos (Paracetamol, Diclofenaco, Linezolida, Dialtizem, Cafeína e Bezafibrato) resultaram em valores menores que o Limite de Detecção e Quantificação dos métodos de análise.

No geral, as concentrações de produtos farmacêuticos detectados nas amostras excederam 60 ng/L (com exceção da Loratadina) resultando em valores mais expressivos aos relatados em estudos realizados em outros países (STACKELBERG et al., 2007; HUERTA- FONTELA et al., 2008; BENOTTI, M. T. et al. 2009; LEUNG et al., 2013; GAFFNEY et al., 2014).

No grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), foram identificadas duas substâncias: Ibuprofeno (IBU) e Naproxeno (NPX). As concentrações de IBU variaram de 23,9 a 64,01 ng/L, enquanto o NPX resultou em uma detecção pontual dentre as campanhas realizadas com concentração de 276,32 ng/L. Os resultados obtidos neste trabalho foram superiores ao reportado por Gaffney et al. (2015) que encontraram concentrações máximas de 21 e 6 ng/L de IBU e NPX, respectivamente, na água tratada distribuída a população de Lisboa, em Portugal. Simazaki et al. (2015) reportaram concentrações de 6 ng/L de IBU, na água tratada em uma ETA no Japão, que possui processos avançados de tratamento de água, incluindo ozonização e adsorção com carvão ativado granular para remoção de precursores de trihalometano e vestígios químicos.

O Aciclovir (ACV) como único antiviral avaliado nesta pesquisa obteve destaque com 42% de frequência de detecção e concentração máxima de 184,06 ng/L. Segundo Boulard et al. (2018), em um estudo na Alemanha, não foi encontrado aciclovir em água tratada, mas é relatado em água superficial com concentração máxima de 70 ng/L, bem inferior a concentração observada na água tratada da ETA Jiqui. Alguns estudos constatam remoção do aciclovir (> 80%) em ETEs urbanas na Alemanha (BOULARD et al. 2018; NANNOU, C. et al. 2019), provavelmente devido à biotransformação quase completa da droga durante o processo de lodo ativado. Em geral, é relatado que a remoção do aciclovir nas ETEs com sistema de lodo ativado é elevada (> 95%). No entanto, não se sabe se é parcialmente transformado ou mineralizado (NANNOU, C. et al. 2019). Sabemos que o rio Pitimbu não recebe efluente de ETE, portanto a elevada frequência deste composto confirma a ausência de tratamento em possíveis disposições inadequadas de esgoto, seja de forma direta ou indireta.

Com ocorrência em apenas uma campanha de coleta, o antibiótico Sulfametozaxol (SMX) obteve ainda um elevado valor de quantificação (231,2 ng/L) se mostrando bem acima

43 do relatado por Gaffney et al.(2015), na água de abastecimento de Lisboa, em Portugal; e por Furlong et al. (2017), que em análise de 25 estações de tratamento de água distribuídas pelos Estados Unidos, observou uma concentração máxima de 8,20 ng/L de SMX em água tratada.

Em relação aos anti-hipertensivos detectados, o Losartan (LST) foi observado em 50% das campanhas realizadas com concentração máxima em torno dos 93 ng/L, ao contrário do relatado na Sérvia por Petrović et al. (2014) e na Espanha por Huerta-Fontela et al. (2011) onde não foi possível quantificar o LST em amostras de água tratada. Segundo Pereira et al. (2016), o LST é o anti-hipertensivo mais utilizado no Brasil e isto pode estar associado com a maior ocorrência registrada em relação aos fármacos avaliados. O Propranolol (PNL), apesar de ser observado em apenas 25% das campanhas, obteve também valores superiores ao relatado em outros estudos (236,76 ng/L): Furlong et al. (2017) relatou concentração máxima de apenas 2,50 ng/L em amostras de água tratada dos Estados Unidos, assim como Gaffney et al. (2015), na água de abastecimento de Lisboa, em Portugal, observou concentração de apenas 6,7 ng/L. Genfibrozila (GEN) e Loratadina (LRT) foram outros fármacos de maior frequência de detecção com 45% e 50%, respectivamente. O GEN estava presente em quase metade das amostras de água tratada coletadas nos Estados Unidos (7 de 18 amostras) com concentração máxima relatada de 2,1 ng/L (BENOTTI et al. 2009), valor esse bem inferior ao relatado na ETA Jiqui (90 ng/L). No Brasil, Reis et al. (2019) observaram uma concentração máxima de 85 ng/L de GEN em amostras de água tratada de seis ETAs de ciclo completo, localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo o resultado que mais se aproxima ao encontrado nas amostras de água tratada da ETA Jiqui.

Em relação a LRT apesar da elevada frequência (50%) a concentração máxima observada (16,08 ng/L) foi a menor entre os demais fármacos detectados. Reis et al. (2019) relatou valores superiores de LRT na água tratada distribuída a população de Belo Horizonte (cerca de 67 ng/L). Já em estudos realizados na Espanha (HUERTA-FONTELA et al. 2011) e nos Estados Unidos (FURLONG et al. 2017) não houve ocorrência deste fármaco em água tratada.

É possível observar uma maior ocorrência no Brasil do antilipêmico Genfibrozila e do anti-histamínico Loratadina em relação a ocorrência na Espanha, China e Estados Unidos (HUERTA-FONTELA et al. 2011; LEUNG et al., 2013; FURLONG et al. 2017). Este fato pode estar associado a diversos fatores, seja maior consumo da população a estes fármacos, menor eficiência de remoção em ETEs ou menor proteção dos mananciais utilizados para abastecimento público, trazendo estes contaminantes por disposições inadequadas de excretas. Em relação a Metformina e Prometazina, estes fármacos obtiveram baixas frequências

44 de detecção, com concentrações máximas de 88 e 150,32 ng/L, respectivamente. Estudos acerca da presença destes compostos farmacêuticos em água tratada não foram encontrados.

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