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Correlação entre Índices Pluviométricos e Eventos de Enchentes/Inundações, Alagamentos e Movimentos de Encosta

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.6 Correlação entre Índices Pluviométricos e Eventos de Enchentes/Inundações, Alagamentos e Movimentos de Encosta

A chuva é um agente deflagrador dos eventos registrados neste trabalho, principalmente enchentes/inundações, alagamentos, erosões e movimentos de encosta. Os eventos que foram analisados, suas datas de ocorrência, valores de precipitação acumulada em 24 horas (posto pluviométrico D4-017) e CCM correspondentes são apresentados no Anexo A.

A Figura 39 apresenta a precipitação média anual (mm) para o município de São Carlos - SP. Nota-se que na área de estudos, na cabeceira do rio do Monjolinho, é o local que mais chove, favorecendo a ocorrência de enchentes/inundações a jusante.

Dos 482 eventos cadastrados foram selecionados 179, 103 são enchentes/inundações (58%), 65 são alagamentos (36%) e somente 11 (6%) são movimentos de encosta. Dos eventos considerados, 23% ocorreram a uma distância de até 1 Km do posto pluviométrico escolhido (D4-017), 72% entre 1 e 5 Km e apenas 5% entre 5 e 10 Km. Portanto, a maioria dos eventos estão próximos do posto pluviométrico.

A evolução do CCM durante os anos pluviométricos de 2015-2016 é apresentado na Figura 40, evidenciando as datas de ocorrências de enchentes/inundações, alagamentos e movimentos de encosta. O CCM permanece abaixo de 1 entre junho e julho, com apenas um alagamento registrado neste período. Em julho o CCM sofre um forte aumento, subindo para 1,4, diminuindo até setembro para menos de 1, quando outra vez sofre um forte aumento para 1,2 e um novo alagamento ocorre. De setembro em diante O CCM sofre oscilações, porém sempre permanece acima de 1. Vários eventos, principalmente hidrológicos são observados de novembro em diante até o final de março, isoladamente é observada uma enchente/inundação em maio com CCM mais próximo de 1.

Figura 39: Precipitação média anual (mm) para o município de São Carlos - SP (SILVA JÚNIOR, 2016).

Da análise da figura, nota-se que um dos eventos ocorre com CCM inferior a 1, ou seja quando se choveu menos que o normal para o período. Isto pode ser em decorrência de chuvas isoladas porem de alta intensidade.

Figura 40: Evolução do CCM no ano pluviométrico de 2015 a 2016 e registro dos eventos (SILVA JUNIOR, 2016).

A Tabela 56 exibe a distribuição dos valores de CCM totais da série histórica e dos valores em termos percentuais dos eventos registrados. Durante toda série histórica o CCM é superior a 1 em aproximadamente 50% do tempo. Para os meses de novembro a abril, de fato, o CCM é superior a 1 em 50% das vezes, considerando o posto pluviométrico utilizado (Tabela 57).

Tabela 56: Distribuição dos valores de CCM com registros de eventos e na série histórica em termos percentuais (Silva Junior, 2016).

CCM Enchentes/Inundações Alagamentos Movimentos de encosta Série Histórica

<1 23% 28% 64% 54%

>1 78% 72% 36% 46%

>1,2 51% 35% 9% 24%

Tabela 57: Distribuição anual dos valores de CCM na série histórica (Silva Junior, 2016).

CCM Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai

<1 61% 57% 67% 63% 59% 47% 48% 47% 49% 48% 50% 51%

>1 39% 43% 33% 37% 41% 53% 52% 53% 51% 52% 50% 49%

>1,2 35% 33% 20% 29% 32% 31% 23% 23% 14% 13% 17% 16%

Entre junho e outubro o CCM é inferior a 1 mais da metade das vezes. Valores com CCM superior a 1,2 são registrados com maior freqüência nos meses iniciais do ano pluviométrico, pois, chuvas nestes meses tendem a gerar picos de CCM.

Em relação as enchentes/inundações e alagamentos, a maioria destes eventos ocorreram em valores de CCM acima de 1, em 78% e 72% das vezes respectivamente, já para movimentos de encostas apenas 36% ocorreram sobre essas circunstâncias. Valores de CCM acima de 1,2 ocorrem em 51% das inundações, 35% dos alagamentos e 9% dos movimentos de encostas. Para valores de CCM menores que 1, somente 23% das inundações e 28% dos alagamentos ocorrem nesta situação, já para os movimentos de encostas, mais da metade ocorre nesta circunstância. Vale ressaltar que apesar de o CCM ser maior que 1,2 somente em 24% do tempo na série histórica, mais da metade das inundações ocorrem nestas condições.

Apesar de na maioria dos eventos registrados os valores de CCM serem maiores que 1, faz-se necessário fazer esta análise combinada com outras variáveis, principalmente considerando as ocorrências com valores inferior a 1. Desta forma, realizou-se análise em relação a precipitação diária. A Tabela 58 apresenta a distribuição dos valores de precipitação diária para os eventos registrados e série histórica.

Tabela 58: Distribuição dos valores de precipitação diária em relação aos eventos registrados e a série histórica (SILVA JUNIOR, 2016).

PPT em 24h (mm) Inundações Alagamentos Movimentos de encostas Série histórica

PPT < 20 24% 62% 82% 93%

20 < PPT > 40 33% 23% 0% 5%

PPT > 40 43% 15% 18% 2%

Em relação a série histórica, 93% das precipitações diárias ocorrem na faixa menor que 20mm diários, a maioria dos movimentos de encosta (82%) e alagamentos (62%) e apenas 24% das inundações ocorrem sobre estas condições. As precipitações de 20 a 40mm representam apenas 5% da série histórica, nestas condições ocorrem 33% das inundações e 23% dos alagamentos. Embora precipitações acima de 40mm ocorram somente em 2% da série histórica, quase a metade das inundações (43%) acontecem nesta faixa. A estas condições estão associados 15% dos alagamentos e 18% dos movimentos de encostas.

Nas análises dos dados, observou-se a ocorrência de eventos onde a precipitação diária foi igual a 0mm. Esta situação verifica-se em eventos mais distantes do posto pluviométrico utilizado, desta forma, a deflagração pode ter sido causada por chuvas localizadas que não foram registradas pelo posto. Mesmo assim, nessas ocasiões os valores de CCM correlativos podem ser altos, indicando um período mais chuvoso na região, ainda que nestas datas especificamente o posto tenha registrado pouca ou ausência de chuva. As precipitações iguais a 0 verificadas também podem ser consequência de falhas nos sistemas de medição.

As Figuras 41 e 42 apresentam a relação do CCM e das precipitações diárias com a ocorrência de inundações nos meses de novembro de 2015 e janeiro de 2016.

Figura 41: Precipitação diária, CCM e eventos registrados em novembro de 2015 (Silva Junior, 2016).

Figura 42: Precipitação diária, CCM e eventos registrados em janeiro de 2016 (Silva Junior, 2016).

A deflagração de eventos está melhor relacionada com as precipitações diárias. Nota- se que normalmente os eventos ocorrem em dias de precipitação diária elevada. Entretanto, alguns eventos ocorrem em precipitações diárias relativamente baixas, isto pode ocorrer devido a ausência de registro da intensidade da chuva ao longo do dia ou associadas a dias anteriores chuvosos (CCM alto). Outro ponto a se levar em conta é que chuvas concentradas por localidades podem não ser bem registradas em postos pluviométricos mais distantes da ocorrência.