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TERMO DEFINIÇÃO

4.3 Tipos de Mapas Geotécnicos

Primeiramente é importante diferenciar os termos mapa e carta, Oliveira (1983) aconselha o uso do termo carta para documentos cartográficos que apresenta uma maior confiança no que diz respeito a precisão das informações. Por outro lado o termo mapa, não necessariamente apresenta esta precisão, sendo assim documentos menos rigorosos em relação aos dados utilizados. Para Zuquette e Nakazawa (1998), o termo mapa, deve ser empregado para os documentos cuja informações registradas, são obtidas de um determinado meio físico, sem que haja necessariamente uma interpretação crítica dessas informações, carta é o documento que contém estas interpretações para um intuito específico. No presente trabalho se utilizará o termo mapa para todos os produtos cartográficos produzidos pelo estudo.

Segundo Zuquette (1993), mapeamento geotécnico é o conjunto de processos que procura investigar e avaliar as características do meio físico, com o objetivo de orientar o planejamento e ocupação de determinada região, de forma a auxiliar na prevenção de problemas em andamento e na prevenção de problemas posteriores.

O mapeamento de eventos perigosos prevê primeiramente a elaboração de mapas básicos, para depois poder gerar mapas interpretativos como os de suscetibilidade, perigo, risco, entre outros. A Tabela 3, apresenta a terminologia frequentemente empregada para definir os diferentes tipos de mapas utilizados para a caracterização do meio físico.

Continuação Tabela 2: Definição dos principais termos utilizados na análise de risco (IUGS -

Tabela 3: Terminologia usualmente empregada para designar os diferentes produtos cartográficos de caracterização do meio físico (Cerri, 1990).

Segundo Pejon e Ferreira (2015), algumas informações do meio físico são imprescindíveis e básicas para qualquer estudo onde se queira gerar mapas interpretativos, enquanto outras específicas serão consideradas dependendo do intuito e dos objetivos do mapeamento. Alguns mapas básicos serão descritos a seguir.

Mapa de documentação

São informações fundamentais para a gestão da informação sobre a área de estudo e necessitam conter o registro cartográfico de informações precisas, como os pontos de amostragem, descrição de afloramentos entre outros. Esse documento tem como apoio o mapa topográfico com as curvas de nível, estradas, drenagens e pontos cotados, as vezes pode ainda conter a malha urbana do município.

Mapa geológico, litológico ou do substrato rochoso

São informações que tem por finalidade descrever as rochas sãs que ocorrem em certa área/zona. Um mapa geológico clássico traz um conjunto de informações referentes ás rochas (litologia), estrutura, descontinuidades entre outras características. Quanto ao substrato rochoso, além das informações já descritas, são normalmente incluídas algumas específicas, como: mineralogia, densidade e porosidade aparentes, níveis de intemperismo, potencial de alteração, condutividade hidráulica e resistência.

Mapas de Solos ou materiais inconsolidados

O termo materiais inconsolidados, é o mais utilizado na Geotecnia, pois considera os materiais geológicos naturais (residuais e retrabalhados) que se localizam sobre o substrato rochoso pouco alterado até a superfície. Esses pacotes podem alcançar mais de 100 metros em regiões equatoriais, sendo que no Sudeste podem ter espessuras maiores que 50 metros.

Mapas das classes de declividades

Este mapa tem por finalidade quantificar a inclinação ou o declive do terreno, apresentando esse valor em porcentagem ou graus, em relação a um plano horizontal. É uma representação cartográfica de muita relevância em um estudo de eventos perigosos, visto que o manejo de áreas rurais e o gerenciamento do uso do solo urbano precisam de dados referentes a declividade. Muitos processos geológicos e hidrológicos ocorrem em consequência da existência de determinadas inclinações do terreno, como erosão, assoreamento, movimentos de encosta, inundações, entre outros.

Mapas geomorfológicos ou de formas do terreno

É um componente fundamental para algumas analises, como suscetibilidade e perigo, a forma do terreno, influencia alguns dos processos geológicos e hidrológicos e o planejamento do uso e ocupação. Existem diversos documentos que podem servir para análise desse fim, como mapas geomorfológicos, análise por forma de terreno, landform e análise por bacias ou encostas. Existem vários outros tipos de mapas básicos/temáticos, para cada tipo de análise, é necessário definir quais destes mapas serão fundamentais para o andamento do estudo.

Bittar et al. (1992) apud Augusto Filho (2001) exemplifica na Tabela 4 os mapas geotécnicos que podem ser gerados a partir de um estudo de eventos perigosos. Einstein (1988), sugere um procedimento de avaliação de risco de eventos perigosos em uma estrutura de 5 níveis de mapeamento:

Nível 1 – Mapas de Estado da Natureza (state-of-nature maps), são os que exibem os dados sem interpretação, também podendo ser descritos como mapas temáticos/básicos (geológico, topográfico, dados de precipitação, etc.);

Nível 2 – Mapas de Suscetibilidade ou de Tipologia ou Inventário de eventos perigosos, são aqueles que sugerem os principais e mais prováveis tipos e mecanismos destes eventos que podem ocorrer na área mapeada (inundações, movimentos de massa, solos colapsíveis, etc.);

Nível 3 – Mapas de Perigo (hazard maps), que devem apresentar as probabilidades dos tipos de eventos perigosos identificados no mapa de suscetibilidade (nível 2).

Nível 4 – Mapas de risco (risk maps), são aqueles que combinam o perigo de um evento perigoso com as perdas potenciais (danos potenciais em um determinado período de tempo); e

Nível 5 – Mapas de gerenciamento, onde devem ser exibidas as medidas de mitigação mais apropriadas aos tipos e níveis de risco identificados, dirigir a implantação de sistemas de monitoramento e emergência, e locais para execução de investigações complementares.

Tabela 4: Tipos de mapas geotécnicos (Bittar et al., 1992 apud Augusto Filho, 2001)

MAPA GEOTÉCNICO OBJETIVOS/CARACTERÌSTICAS

DIRIGIDA

a partir da identificação de problemas de natureza geológico-geotécnica decorrentes do uso do solo, expõem as limitações e potencialidades dos terrenos, estabelecem alternativas de solução destes problemas e apontam as diretrizes para o adensamento e a expansão da ocupação ante uma ou mais formas de uso do solo.

CONVENCIONAL

apresentam a distribuição geográfica das características dos terrenos, a partir de atributos do meio físico e de determinados parâmetros do meio físico e as diferentes formas de uso do solo.

SUSCETIBILIDADE

indicam a potencialidade de ocorrência de processos naturais e induzidos em áreas de interesse ao uso do solo, expressando a suscetibilidade segundo classes de probabilidade de ocorrência

RISCO

prepondera a avaliação de dano potencial à ocupação, expresso segundo diferentes graus de risco, resultantes da conjugação da probabilidade de ocorrência de manifestações geológicas naturais ou induzidas e das consequências sociais e econômicas decorrentes.

Este trabalho utilizará a estruturação proposta por Einstein (op. cit.), para gerar mapas até o nível 2.