5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.2 ANÁLISE DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5.2.2 Correlacionar as práticas utilizadas pelas empresas para identificação dos
Após verificados os requisitos de produtos de maior importância através do método PROMETHEE, foi feita a correlação dos dados coletados nas 30 empresas referentes aos 23 requisitos de produtos de maior importância e as práticas para a identificação dos requisitos dos clientes. Foram somados os valores dos coeficientes de correlação para cada uma das práticas para identificação dos requisitos dos clientes.
A Tabela 8 apresenta os valores dos somatórios dos coeficientes de correlações para cada uma das práticas para identificação dos requisitos dos clientes. As práticas são apresentadas ordenadas em sequência decrescente dentro de cada orientação.
Tabela 8 – Somatório dos coeficientes de correlações das práticas para identificação dos requisitos dos clientes
(continua)
Práticas para identificação dos requisitos dos clientes ∑ correlação
práticas
Orientação para os clientes …
Dados obtidos de pesquisa de satisfação do cliente 10.5010 Dados obtidos de sistema de atendimento ao cliente 8.9832
Participação de usuários líderes 7.6626
Dados obtidos de programa de sugestão externo 7.5462
Modelo de Satisfação de Kano 6.7584
Entrevistas estruturadas com usuários 5.7634
Observação de consumidores 4.9527
Troca de Informações relacionadas com o cliente entre os departamentos 4.7452
Parceria com clientes 3.8694
Aplicação de sistema de tecnologia da informação para gerenciar o
conhecimento dos clientes 3.6559
Visita periódica a clientes por gestores ou funcionários do Desenvolvimento de
Produtos 3.4122
Diálogo com clientes 0.3982
Tabela 8 – Somatório dos coeficientes de correlações das práticas para identificação dos requisitos dos clientes
(continua)
Práticas para identificação dos requisitos dos clientes ∑ correlação
práticas
Orientação para o mercado …
Pesquisa de mercado 12.853
Pesquisa de patentes 10.828
Análise de Mercado 10.690
Previsão de tendências 9.767
Vigilância tecnológica 9.358
Prototipagem e realidade virtual 6.909
Entendimento das leis e normas ligadas ao produto a ser desenvolvido 5.648
Leitura de livros 5.611
Pesquisa pela internet 5.103
Foco em grupos com necessidades específicas (crianças, idosos, deficientes etc) 4.164 Participação em palestras, cursos, congressos e seminários 2.746 Leitura de revistas especializadas, relatórios e boletins técnicos 1.835 Leitura de documentos/relatórios governamentais/ estatísticas 1.284 Visitas a feiras e exposições industriais -0.202 Entendimento da Política econômica atual -1.383
Orientação para os fornecedores …
Parceria com fornecedores de matérias-primas ou componentes 2.127 Leitura de Cátalogos, manuais, folders e panfletos dos fornecedores 1.371 Parceria com empresas que fornecem equipamentos de produção, componentes
ou softwares -0.829
Orientação para os concorrentes …
Benchmarking 7.652
Visitas técnicas/missões 4.775
Parcerias com concorrentes 3.906
Análise dos produtos concorrentes 2.853
Coleta e compartilhamento de informações do concorrente com colegas de
trabalho. 2.474
Leitura de Cátalogos, manuais, folders e panfletos dos produtos concorrentes 1.285 Discussão entre gestores das vantagens e desvantagens dos concorrentes 0.663
Orientação interna …
Reuniões da equipe de Desenvolvimento de Produtos 10.820
Lista de problemas 10.143
Dados obtidos de programa de sugestão interno 9.063 Formação de equipes multidisciplinares (engenharia simultânea) 7.686
Dinâmicas de grupo (Brainstorming) 7.492
Reuniões interdepartamentais 6.954
Dados de assistência técnica 6.691
Registros de vendas da empresa 6.010
Método de desdobramento da função qualidade (QFD – Quality Function
Deployment) 5.799
Integração com outros departamentos da empresa 5.559
Cooperação interdepartamental 5.465
Experiências passadas da empresa 4.497
Reaproveitar boas soluções de outros produtos 4.335 Integração com setor comercial da empresa 3.787
Tabela 8 – Somatório dos coeficientes de correlações das práticas para identificação dos requisitos dos clientes
(conclusão)
Práticas para identificação dos requisitos dos clientes ∑ correlação
práticas
Orientação para outras categorias de parcerias ...
Visitas a laboratórios tecnológicos 9.214
Alianças com instituições prestadoras de serviços ao setor industrial
(SENAI, SEBRAE, etc.) 8.316
Alianças com universidades, institutos e centros de pesquisa 8.279
Parceria com agência de publicidade 6.186
Contratação de consultorias 6.115
Parceria com canais de distribuição/revendedores/ representantes 5.657 Parceria com formadores de opinião /especialistas 3.920 Alianças com associações, APLs, sindicatos 1.323 Parcerias com outras empresas que têm os mesmos clientes 1.015 Integração com outras empresas do grupo, sociedades, etc -1.206
Fonte: Autoria própria.
Assim, dentro de cada categoria de orientação, obtiveram-se as práticas mais importantes para o alcance de diferenciais competitivos para as empresas que as utilizam. No Apêndice H é exibido um quadro com as práticas em ordem decrescente de importância que facilita o entendimento.
Dentre as práticas orientadas para o cliente obteve-se maior importância em práticas mais formais e que exigem ações específicas por parte da empresa como a criação de programas de sugestão externo, sistema de atendimento ao cliente, pesquisa de satisfação do cliente e participação de usuários líderes. Quanto a participação de usuários líderes, os resultados foram semelhantes aos de Al-zu’bi e Tsinopoulos (2012), que verificaram que a colaboração de usuários líderes tem impacto maior que a colaboração de fornecedores. Porém, confome Eggers et al. (2013), o envolvimento intensivo dos clientes no PDP pode gerar produtos pouco inovadores, assim a empresa precisa saber gerenciar de forma eficaz as informaçãoes para não restringir o desenvolvimento de produtos inovadores. O gerenciamento e registro das informações obtidas através das orientações para os clientes são fundamentais e precisam ser feitos por uma equipe capaz de traduzir isto de acordo com as estratégias da empresa.
Já entre as práticas orientadas para o mercado, tiveram maior importância a análise de mercado, pesquisa de mercado, pesquisa de patentes, previsão de tendências e vigilância tecnológica.
Dentre as práticas orientadas para os fornecedores, a mais importante é a de parceria com fornecedores de matérias-primas ou componentes, e assim justifica-
se pois frequentemente os fornecedores envolvem-se no desenvolvimento de componentes, subsistemas ou materiais dos quais serão fornecedores (HUO, 2012) e assim estão mais propensos a comprometer-se com o sucesso dos produtos que ajudam a desenvolver pois irão vender mais.
Já entre as práticas orientadas para os concorrentes a mais importante verificada foi o benchmarking, porém as empresas precisam olhar para os seus concorrentes e gerar diferenciais competitivos para seus produtos através da utilização das melhores práticas identificadas. As visitas técnicas e missões e as parcerias com concorrente também foram verificadas importantes.
Entre as práticas orientadas internamente, merecem destaque as reuniões da equipe de desenvolvimento de produtos e formação de equipes multidisciplinares, que vão de encontro aos resultados de Rauniar e Rawskib (2012) que a gestão global dos projetos de desenvolvimento de produtos com estrutura organizacional integrada nas etapas iniciais e estruturação da equipe de projeto pode reduzir as falhas do produto, e assim melhorar o desempenho geral do projeto. Além disto, foi argumentado por Jun e Suh (2008) que devido a complexidade técnica e os vários requisitos de produto que devem ser considerado, vários especialistas de vários departamentos devem estar envolvidos para a tomada de decisão. Também tiveram importância as práticas de listagem de problemas, programas de sugestão interno e dinâmica de grupo, reforçando que as empresas devem utilizar mais a criatividade de seus colaboradores para contribuir no desenvolvimento de produtos, através de práticas estruturadas e com registros documentais do PDP.
Apesar da variedade das práticas diversas, foram verificadas mais importantes as visitas a laboratórios tecnológicos, alianças com instituições prestadoras de serviços ao setor industrial e alianças com universidades, institutos e centros de pesquisa. Para Oliveira e Kaminski (2012), a aquisição de informação em universidades e institutos traz benefícios para as atividades de inovação pois apresentam soluções mais expressivas, através de um desenvolvimento de produto mais refinado, e desta forma propicia maiores vantagens competitivas.
De maneira geral, percebe-se que devido a grande variedade de práticas e de requisitos, para a verificação das práticas mais importantes teve-se que trabalhar com o somatório dos coeficientes de correlação, desta forma apresentou-se as práticas que mais impactam nos requisitos mais importantes, não sendo possível
analisar uma a uma qual prática impacta em qual requisito, já que pela complexidade das relações de interdependências os resultados não seriam significativos.