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3.2 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

3.2.2 Modelos de Referência para o Desenvolvimento de Produtos

Toda a organização do processo de desenvolvimento de produtos, que envolve conhecimentos, métodos e ferramentas para o desenvolvimento, chama-se metodologia de projeto ou metodologia de desenvolvimento de produtos.

Segundo Back et al. (2008, p. 68), “O modelo de referência contribui para que as empresas passem a executar um processo de desenvolvimento de produtos mais formal e sistemático, integrado aos demais processos empresariais, com os

participantes da cadeia de suprimentos e os clientes finais”. A adoção de um modelo para a gestão de desenvolvimento de produtos por qualquer empresa depende da sua capacidade de flexibilidade e adaptabilidade às mais diversas situações, o que garante tanto sua funcionalidade quanto sua viabilidade.

A obra de Pahl e Beitz atualmente é a mais referenciada das metodologias prescritivas, foi publicada primeiramente em 1977, como resultado dos esforços de pesquisa sobre princípios e metodologias de projeto de produtos da Alemanha no início da década de 1970 (BACK et al., 2008). Segundo a metodologia de Pahl e Beitz (1988), o processo de desenvolvimento de produtos é dividido em quatro fases principais: definção da tarefa, concepção, projeto preliminar e projeto detalhado, conforme a Figura 4.

Figura 4 – Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos Fonte: Adaptado de Pahl e Beitz (1988).

Conforme o modelo de Pahl e Beitz apresentado, a primeira fase que é a definição da tarefa tem como resultado final as especificações, sendo esta a fase de interesse deste estudo.

Stuart Pugh, em seu livro Total Design (Projeto Total), define que o Projeto total exige entradas no PDP vindas de pessoas de muitas disciplinas, tanto de engenharia como de outras áreas, em uma mistura que é quase exclusiva para o produto em questão (PUGH, 1990). O Projeto total é construído por um núcleo central de atividades, as quais são fundamentais para qualquer projeto, independentemente do domínio ou abrangência (PUGH, 1990). Este núcleo de central de atividades é apresentado na Figura 5, e as fases estão fortemente interligadas.

Figura 5 – Núcleo central de atividades do modelo de Pugh Fonte: Adaptado de Pugh (1990).

No modelo proposto por Pugh, após a fase de captação das tendências de mercado, têm-se também a fase denominada especificações, este modelo assume importância no estudo porque o autor estudo a fundo esta etapa de especificações e em seu livro propõe uma lista de requisitos de produto bem completa para a época.

Já no Brasil, utiliza-se o conceito de modelo de referência unificado (MU) para a gestão de desenvolvimento de produtos, baseado no modelo apresentado por Rozenfeld et al. (2006), que engloba conceitos, técnicas e processos considerados, pelos autores, como boas práticas dentro da engenharia de produtos. O modelo é bastante amplo, possui uma rede de conexões entre projetos, processos, atividades e tarefas que satisfazem, de maneira objetiva, as necessidades de diversas aplicações de engenharia de produto. Os autores sugerem que o MU seja adaptado de acordo com a necessidade da empresa, agrupando, ocultando ou simplificando etapas, resultando no chamado Modelo de Referência específico. Segundo Rozenfeld et al. (2006, p. 167): “Quanto mais genérico um modelo, mais difícil adaptá-lo a um projeto”, assim o modelo ainda é pouco utilizado em empresas de pequeno e médio porte e que dispõem de poucos funcionários especializados no PDP.

A Figura 6 ilustra a visão geral do modelo de referência conforme proposto por Rozenfeld et al. (2006), divido nas macrofases de Pré-desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento e suas fases correspondentes.

Figura 6 – Modelo Unificado do Processo de Desenvolvimento de Produtos Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006).

Segundo Rozenfeld et al. (2006), as informações de entrada do PDP, utilizadas pelo modelo de referência unificado (MU), são as necessidades dos

clientes, as variações do mercado e as mudanças de tecnologia, e a satisfação desses elementos, de forma equilibrada, deve ser o resultado do processo.

Contudo, no cenário atual, devido às mudanças e pressões por desenvolvimentos de produtos cada vez mais rápidos, Copper, responsável pela criação do conceito de Stage-gate®, recentemente sugeriu um novo modelo. Neste modelo, as práticas e recomendações para as empresas que desenvolvem produtos assemelham-se muito com o processo tradicional, pois existem ainda as mesmas fases em que o trabalho é feito e estágios em que as decisões devem ser tomadas. Porém, os detalhes do processo e sua função são bastante diferentes: O que surge é um processo mais ágil, vibrante, dinâmico e flexível, que é mais rápido, adaptável e baseado no risco, chamado Triplo A que é adaptável e flexível, ágil e acelerado (COOPER, 2014). O modelo sugerido por Cooper recentemente é apresentado na Figura 7.

Figura 7 – Modelo Stage-gate® de Cooper. Fonte: Adaptado de Cooper (2014).

Percebe-se neste modelo, forte interação com os clientes e usuários, e nele a primeira fase é denominada escopo da ideia. Assim, para que as empresas consigam tornarem-se ágeis no desenvolvimento de produtos, garantindo, assim, ineditismo e melhores práticas perante os concorrentes, a estruturação do processo de desenvolvimento de produtos baseada em princípios enxutos torna-se

importante, para que as empresas não ocupem-se com atividades que não gerem valor final para o produto.

Desta forma, baseado nos modelos mais tradicionais apresentados, a primeira fase do desenvolvimento de produtos e objeto deste estudo, foi assim denominada fase de especificações de projeto, já que este é o resultado do processo, como é explicado na sequência. Foi elaborado um modelo próprio com a nomenclatura e as fases correspondentes que foi enviado aos participantes da pesquisa e que é apresentado no Apêndice H.