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O corset é uma peça que aparece e desaparece inúmeras vezes na história do vestuário feminino. O objetivo principal do corset é o de modificar a silhueta, transformando quem o usa na mulher "ideal": seios fartos com cintura marcada. (MONTEIRO; DANTAS, 2009, p. 1).

Desde a sua criação até a atualidade, o corset – também denominado como espartilho – teve várias versões, com o uso de formatos e materiais diferentes na sua construção. Mesmo sendo considerada uma peça desconfortável para alguns estudiosos, o uso dessa peça vem de longa data e o fascínio entre as mulheres permanece presente até os dias de hoje.

Conforme Serrão (2013), inicialmente o corset era utilizado como roupa de baixo no vestuário feminino. Sendo denominado também como corpete, a peça era produzida sem as rígidas barbatanas, tendo a função de dar sustentação e proteção ao busto para as mulheres antes do século XVI. A estrutura do corset mais rígido conhecida hoje começou a fazer parte da indumentária feminina após o século XVI, com a invenção de uma estrutura diferenciada.

A mulher percursora no uso do corset foi Maria de Médici. Rainha consorte da França e segunda esposa do rei Henrique IV, Maria de Médici foi uma monarca de personalidade forte que tinha suas vestes sempre muito adornadas. Além dela, outra mulher que fazia uso do corset era a rainha Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que tinha em sua indumentária a presença da estrutura rígida do espartilho (Figura 22).

Figura 22 – Rainha Maria de Médici (esquerda) e rainha Elizabeth I (direita). Fonte: Wikimédia (2015).

Os primeiros corsets tinham o decote mais fechado com enchimentos na parte frontal para proteger o busto da mulher. Apresentavam também uma amarração nas costas, com a finalidade de modelar e marcar bem a cintura, deixando o busto mais alto e avantajado. (SERRÃO, 2013).

Já os modelos que surgiram após a segunda metade do século XVI apresentavam decotes mais baixos, deixando o busto mais à mostra. Na parte

inferior defronte à peça havia uma ponta, que podia ter vários comprimentos diferentes. (SERRÃO, 2013).

O corset veio para extinguir de vez o uso do corpete – uma peça que era utilizada como roupa intima – apresentando amarrações dianteira e traseira para se ajustar melhor ao corpo e marcar ainda mais a cintura da mulher. Em sua estrutura era utilizado dois revestimentos em tecido, cumprindo o papel de proteção do seio e marcação da silhueta. (SERRÃO, 2013).

Durante o século XVIII surgiu o modelo inglês de corset ou espartilho. Estruturalmente esse modelo não apresentava muitas mudanças em relação ao último corset antigo. Sua principal diferença era a de que ao invés de duas amarrações – uma frontal e outra traseira – a peça possuía somente a amarração traseira e os materiais usados para o seu revestimento eram tecidos mais nobres e belos (Figura 23). (SERRÃO, 2013).

Figura 23 – Modelos do corset inglês do século XVIII Fonte: Espartilhos do Século XVIII (2015).

No século XVIII surgiu também o modelo francês do corset. Assim como o corset inventado pelos ingleses, a peça apresentava apenas uma alteração na sua concepção, ou seja, ao contrário do modelo inglês, o corset francês tinha a amarração na parte dianteira, mantendo as mesmas características de construção do outro modelo, sendo fabricado com tecidos belos e nobres (Figura 24). (SERRÃO, 2013).

Figura 24 – Modelo do corset francês do século XVIII Fonte: Espartilho (2015).

No século XIX houve uma mudança no comportamento da mulher em relação ao uso do corset, o que provocou o abandono na utilização da peça no dia a dia.

O espartilho tornou-se uma peça praticamente abolida da indumentária durante o período de revolução que sucederam com o fim do reinado de Maria Antonieta e Luís XVI (França). A Europa passava por um período de 5 grandes transformações no campo ideológico e político, fatores que influenciaram diretamente nos trajes antes marcados por excessos e luxo. A simplicidade era uma característica marcante da moda império, em que a cintura antes amplamente marcada deu lugar a uma silhueta delicada e fluida. (SERRÃO, 2013, p. 4 e 5).

Durante esse período as mulheres ficaram libertas da estrutura rígida e comprimida do corset. Porém, isso foi algo que não durou muito tempo, pois pouco a pouco as mulheres resgatavam novamente a manutenção da silhueta marcada do corpo.

Segundo Serrão (2013), foi na Era Vitoriana que o uso do corset tornou-se algo indispensável no vestuário das mulheres da época, trazendo o padrão de beleza da silhueta “vespa”, caracterizada pela cintura extremamente fina e bem demarcada (Figura 25).

Figura 25 – Representação da estética da silhueta “vespa” Fonte: Gibson Girls (2015).

Com a Belle Époque, um novo padrão de silhueta emergia entre as mulheres. Denominado como silhueta em “S”, esse novo padrão lançava o busto das mulheres para frente e o quadril para trás, deixando a cintura mais reta (Figura 26). Assim as mulheres podiam ser mais ativas, ficando menos debilitadas por causa da compressão que o modelo antigo do corset provocava no abdômen. (SERRÃO, 2013).

Figura 26 – Silhueta em “S” característica do período da Belle Époque Fonte: WordPress (2015).

Novamente com o decorrer dos anos, o corset deixou de ser utilizado pelas mulheres, mas da mesma forma que em épocas passadas, a sua estética foi resgatada no período do pós-guerra em criações de renomados estilistas.

O espartilho fora deixado de lado pela moda por um longo período, mas o mesmo retornou com a ascensão do New Look de Christian Dior, em 1947, com características da moda do século XIX, que continham cinturas apertadas, grandes chapéus e saias amplas, com estas referências em suas criações ganham espaço no guarda-roupa feminino com o Tailleur “Bar” e consequentemente o espartilho cumpria mais uma vez a sua função para com esta nova silhueta que exigia uma cintura ao estilo vespa. (SERRÃO, 2013, p. 6).

Dessa maneira, o corset ganhou novamente destaque em mais um período histórico. Mesmo não sendo a peça-chave do guarda-roupa da mulher do pós-guerra, o retorno de seu uso com a proclamação do visual New Look tornou-se indiscutível entre as mulheres, o que estabeleceu o resgate da feminilidade e da delicadeza da cintura fina apresentadas nas criações de Christian Dior (Figura 27).

Figura 27 – Retorno do corset, com a estética New Look de Christian Dior Fonte: Christine Jeanney (2015).

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