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2. Opções metodológicas e contextualização

2.4. Os contextos de intervenção

2.4.1. Creche

A instituição onde realizámos a PES no âmbito do contexto de creche desenvolveu- se numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) pertencente ao grupo da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Fisicamente, a instituição é ao nível do rés do chão e contém cinco salas de atividades: duas da resposta social de creche e três de JI. Tem um espaço onde se encontram expostos diversos documentos disponíveis para consulta, entre os quais o regulamento interno, a ementa semanal, o horário de funcionamento e o horário da componente letiva gratuita e da componente não letiva, o horário de atendimento aos pais, a tabela de preços e de comparticipações mensais da segurança social, entre outros documentos referentes ao funcionamento da instituição. Tem um polivalente que funciona também como refeitório, um gabinete de reuniões, uma sala para o pessoal, uma cozinha devidamente equipada.

No que refere ao exterior é um espaço amplo e diversificado que permite às crianças desenvolver o ímpeto exploratório, oferece-lhes diversas oportunidades e permite-lhes essencialmente brincar ao ar livre. É um espaço delimitado por grades e arbustos de modo a garantir a segurança das crianças. Existe também uma área coberta, de modo a que as crianças possam usufruir dele no inverno e dias de chuva, e tem também uma área relvada com diversas árvores que facultam sombra durante o verão e dias de sol, permitindo que brinquem no exterior. Ainda no exterior há diversos equipamentos de brincadeira e diversão para as crianças, tais como uma caixa de areia e uma casa de madeira, uma casinha no meio de duas árvores, um escorrega, barras e rede para trepar e um baloiço.

Consideramos ainda relevante referir que todas as salas de atividades têm acesso ao exterior, tal como sugere a Portaria 262/2011, que considera recomendável que as salas “possuam ligação com o recreio” (Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, 2011, p. 5). Esta situação permite ao grupo fácil acesso à natureza, pois o exterior é, em nosso entender, um espaço educativo, tal como o interior. Também para Silva, Marques, Mata e Rosa (2016) este é “igualmente um espaço educativo pelas suas potencialidades e pelas oportunidades educativas que pode oferecer, merecendo a mesma atenção do/a educador/a que o espaço interior” (p. 27). Além disso, o espaço exterior é “um local privilegiado para atividades da iniciativa das crianças que, ao brincar, têm a possibilidade de desenvolver diversas formas de interação social e de contacto e exploração de materiais naturais” (Silva, Marques, Mata, & Rosa, 2016, p. 27).

A equipa pedagógica é constituída por cinco educadoras e oito auxiliares de ação educativas. Tem também um responsável pelos serviços gerais, uma terapeuta da fala e uma educadora do Ministério da Educação dedicada às Necessidades Educativas Especiais. No que refere ao número de crianças, frequentam esta instituição setenta e seis crianças, sendo quarenta e três crianças de creche e trinta e três de JI.

O horário de funcionamento está organizado, tal como sugere o artigo 12º da Lei- Quadro da Educação Pré-Escolar (Lei-Quadro n.º 4/97), de modo a proporcionar um horário “adequado para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, no qual se prevejam períodos específicos para atividades educativas, de animação e de apoio às famílias, tendo em conta as necessidades destas” (Lei-Quadro n.º 4/97, p.3). A instituição abre às 7:45h e encerra às 19:00h, considerando que a componente letiva decorre das 9:00h às 12:00h e das 14:00h às 16:00h. Por sua vez, na componente social de apoio à família existe a música, o inglês e a educação física e como atividade extracurricular existe a dança.

No que se refere propriamente à sala onde a PES foi desenvolvida, esta decorreu na “Sala Rosa”, a sala de um e dois anos, com treze crianças. Em termos de espaço era uma sala bastante espaçosa, com espaço suficiente para o grupo de crianças brincar e explorar livremente os espaços e materiais existentes na sala. Era uma sala arejada, com muita luz natural e com materiais diversos, tal como recomenda a Portaria n.º 262-A/2018 de 7 de agosto.

A sala, sendo bastante ampla, pode ser descrita como a união de duas salas. De um lado tem uma mesa redonda e cadeiras, onde o grupo se pode sentar e trabalhar, um colchão grande, onde normalmente nos sentávamos em grande grupo, a cantar e a contar

histórias, uma estante de madeira com diversos brinquedos e jogos para as crianças manipularem, dos quais puzzles, blocos lógicos, peças de construção, entre muitos outros que possibilitavam estimular o desenvolvimento das crianças.

Apesar de não se encontrar organizada por áreas, existia ainda nesta zona da sala uma cama com bonecos, um fogão e panelas de brincar, bem como copos e chávenas para as crianças poderem realizar “experiências da vida quotidiana, situações imaginárias e utilizar livremente objetos, atribuindo-lhes múltiplos significados” (Silva, Marques, Mata, & Rosa, 2016, p. 52). Parece-nos que este ambiente vai ao encontro do que refere Portugal (2012) quando diz que um ambiente bem organizado e onde os objetos sejam estimulantes, se encontrem acessíveis às crianças, havendo uma vasta variedade de escolha e de desafios visuais, tácteis e motores “chamam a atenção da criança, encoraja a curiosidade, a exploração, e permite que cada criança estabeleça uma relação com o mundo ao seu próprio ritmo” (p. 9).

Por sua vez, a outra parte da sala é um pouco mais “vazia”, pois é a parte que é usada para o descanso do grupo. Tem um tapete grande onde as crianças se costumam sentar a ver televisão, uma caixa com legos para fazerem as suas construções, uma casinha com escorrega e uma estante com diversos livros. No que refere à decoração da sala, esta tem nas paredes expostos trabalhos que o grupo vai fazendo, tem um grande quadro de aniversários e decoração variada conforme a época vivenciada.

O Projeto Anual da sala intitulava-se “À Descoberta… Eu e o Mundo”, estando planeado para o primeiro período a descoberta do próprio, ou seja, “À Descoberta do Eu”, para o segundo período a descoberta da criança e do outro, “À Descoberta do Outro”, e por fim “À Descoberta do Mundo”, onde as crianças poderão descobrir a relação entre elas e o mundo que as rodeia.

O grupo de crianças

O grupo era constituído por treze crianças, cinco do sexo feminino e oito do sexo masculino. Era um grupo equilibrado no que refere ao nível de desenvolvimento em que as crianças se encontrava, ou seja, além das crianças terem, maioritariamente, a mesma idade, doze e os vinte e quatro meses, encontravam-se também num nível de desenvolvimento motor e cognitivo muito próximo, o que não significa que cada criança não tivesse as suas caraterísticas individuais. A maioria do grupo já tinha adquirido a marcha, à exceção de duas crianças. Relativamente à fala, as crianças ainda não falavam, mas começavam já a dizer algumas palavras, existindo apenas uma criança que já falava

mais corretamente e construía frases. Era um grupo com autonomia suficiente para selecionar os brinquedos e materiais que queria explorar e que conhecia bem os espaços da sala, usando-os e explorando-os livre e autonomamente. As crianças já tinham consciência de si, pois quando chamávamos pelos seus nomes, já olhavam para nós, contudo ainda não tinham tanta consciência dos restantes elementos do grupo. Esse era um dos aspetos que a educadora, e nós, continuámos a trabalhar. De uma forma geral, era um grupo de crianças bastante recetivo e encantador, pois desde o primeiro dia que motivam quem vem de novo a aproximar-se e a interagir e que se foi revelando muito dinâmico.