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Capítulo 2 – Introdução

2.1. Apresentação do grupo de empresas

2.1.5 Sistema Integrado de Gestão da Qualidade, Ambiente, Segurança e

2.2.2.2. Creme de Barbear

Para o desenvolvimento do processo de produção e formulação de um produto é necessário, em primeiro lugar, definir qual o seu objectivo, para assim se obter um produto com qualidade. O creme de barbear tem como principal objectivo amaciar e hidratar a pele e os pelos, de forma a tornar o barbear mais confortável, contribuindo assim para uma pele mais lisa e com óptimo aspecto. O creme deve também ter uma acção desinfectante e cicatrizante.[20]

A produção do creme de barbear pode ser feita por dois processos, diferindo nas suas condições de operação. O creme pode ser produzido por um processo a frio (simples mistura de ingredientes) ou por um processo a quente, sendo este último o que, empiricamente, obtém um produto mais uniforme. A escolha das matérias- primas também influência o produto, nomeadamente a consistência do creme, as suas capacidades de produzir espuma e a sua estabilidade. [20]

O processo de produção do creme de barbear inicia-se com a adição de uma mistura de ácidos gordos à solução alcalina, observando-se a reacção de saponificação, ou seja, verifica-se a ocorrência da reacção química entre um ácido gordo, existente em óleos ou gorduras, com uma base forte por aquecimento, originando sabão. A reacção de saponificação pode ser esquematizada, genericamente, como se apresenta na Figura 2.18. [20]

Figura 2.18: Esquema de uma reacção de saponificação.

Os óleos e as gorduras são substâncias formadas a partir de ácidos carboxílicos com cadeias carbonadas longas, conhecidos por ácidos gordos. Esses ácidos são, em geral, monocarboxílicos e formam os chamados glicerídeos.[14]

No presente trabalho, os ácidos gordos utilizados são o óleo de coco e o ácido esteárico. O óleo de coco contém cerca de 90% de ácidos saturados, solidifica-se abaixo dos 25 ºC e é muito utilizado na indústria cosmética pois apresenta propriedades hidratantes. O ácido esteárico é um ácido gordo saturado, existente na maior parte das gorduras animais e dos óleos vegetais. Apresenta um ponto de fusão de 69,6 ºC e a sua estrutura molecular está representada na Figura 2.19. [14]

Figura 2.19: Estrutura molecular do ácido esteárico.

O óleo de coco é neutralizado pelo ácido esteárico, havendo posterior saponificação com uma parte da solução cáustica. Para que a neutralização seja satisfatória, por cada parte de óleo de coco, deverão estar presentes três partes de ácido esteárico. A solução alcalina usada no presente trabalho, é uma solução forte, composta por potassa cáustica, soda cáustica e água clorada. A proporção ideal da solução alcalina é de uma parte de soda cáustica por cada cinco partes de potassa cáustica, com 3 a 5% de ácidos gordos livres, tornando assim o creme mais macio, com maior facilidade em se distribuir na face e na escova. O creme feito a partir desta solução alcalina, apresenta baixa percentagem de ácidos gordos no produto final.

Nesta fase de saponificação também é introduzida a glicerina, pois esta acelera a reacção. A glicerina evita a perda de água pelo creme, devendo ser usado até 15% deste humidificante. [20]

A etapa seguinte é a adição da restante solução alcalina e do ácido esteárico, previamente fundido. A adição tem de ser feita muito lentamente, pois ao atingir-se o ponto neutro, a mistura torna-se dura e necessita de agitação manual, para que seja possível quebrar os grumos feitos pela agitação mecânica. O creme vai perdendo a sua dureza à medida que os ácidos gordos se vão libertando. Nesta fase, é então medida a acidez livre e, se não estiver dentro do intervalo especificado, o acerto é feito com solução alcalina ou ácido. [20]

É recomendável que o creme tenha entre 3 a 5% de ácidos gordos livres, tal é possível através da adição de um ácido. O ácido clorídrico é assim adicionado, podendo no entanto ser substituído pelo ácido sulfúrico ou pelo ácido bórico. A etapa final é a adição do perfume, no entanto, esta adição tem de ser feita só quando a temperatura estiver abaixo dos 40ºC, uma vez que, os perfumes consistem principalmente, em óleos altamente voláteis, que se iriam evaporar se adicionados com a mistura ainda quente. Os cremes de barbear devem conter até cerca de 0,5% de perfume.

O produto final, deverá ser armazenado durante algum tempo antes de o embalar, pois o creme em repouso amolece e desenvolve o brilho. [20]

O creme de barbear estudado no presente trabalho, insere-se na categoria das preparações molhadas de barbear, sendo um creme de espuma. Para que seja aceitável, deve satisfazer certos requisitos, nomeadamente: [20]

 Ser capaz de fazer espuma abundante, sem ser necessária uma grande quantidade do mesmo. A espuma não deve secar rapidamente na face e deve ser removida sem grandes dificuldades;

 Ser macio, mas apresentar uma consistência firme para que não perca a sua forma ao sair da embalagem. Deve ter aspecto de um creme e não de uma papa, distribuir-se bem na escova de barbear e aderir à face quando aplicado directamente do tubo.

O creme de barbear produzido com sabões de ácido esteárico é extremamente espesso e difícil de misturar perto do ponto neutro. Sabe-se, no entanto, que a existência de uma certa percentagem de ácidos gordos livres no creme faz com que este apresente uma consistência macia. Caso contrário, o creme tornar-se-á uma papa.

 Manter a qualquer temperatura, uma consistência e textura satisfatória.

Um dos factores que influência a máxima temperatura a que o creme mantém a sua consistência estável é o valor de ácidos gordos livres. A consistência do creme também é afectada pela quantidade de glicerina.

 Ser hidratante, brilhante, sem grumos e não irritante.

Os ácidos gordos livres e o ácido esteárico solúvel em água, são os responsáveis pelo aspecto de pérola do creme de barbear. Este aspecto é resultado da formação no creme, de uma fase de líquido cristalino. A presença dos ácidos gordos livres, faz ainda, com que o produto se torne um creme gordo, não irritante para a pele.

 Ser atraente ao nível da embalagem e aceitavelmente perfumado.

No Anexo A i encontram-se descritas as funções de todas as matérias-primas utilizadas pela Indústrias Lever Portuguesa, S.A..

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