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A determinação da escolaridade requerida por uma ocupação, pode seguir três métodos segundo Hartog (2000): i) O job analysis (JA); ii) o worker self-assessment (WA); e iii) o método do realized matches (RM). No primeiro, adota-se uma classificação da escolaridade requerida previamente realizada por analistas profissionais de emprego, tratando-se, portanto, de um método objetivo visto que os próprios analistas informam a formação escolar adequada para cada ocupação. O segundo considera como escolaridade requerida a informação oferecida pelo próprio trabalhador, ou seja, o próprio profissional informa o nível de escolaridade necessário para atuar na ocupação que ele está. Por fim, para se obter a escolaridade requerida utilizando o terceiro método, é necessário calcular a média ou moda da escolaridade dos profissionais que estão inseridos na mesma ocupação.

No presente trabalho, para criar as variáveis que representam a incompatibilidade (sobreeducado e subeducado) e a escolaridade requerida, foram utilizados dois métodos já difundidos pela literatura econômica – Job Analysis e Required Macthes. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nomeou e codificou as ocupações do mercado de trabalho, surgindo assim, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO, 2002). As ocupações codificadas na CBO possuem seis dígitos e são agrupadas seguindo uma diretriz pré-determinada em quatro grandes agregações disponíveis. A primeira é o Grande Grupo (GG) que representa o nível mais agregado da classificação reunindo as amplas áreas de emprego. A segunda, chamada subgrupo principal (SGP), é a agregação por domínio indicando as ocupações que possuem características semelhantes dentro das grandes linhas do mercado de trabalho. A terceira, subgrupo (SG), representa as famílias ocupacionais agregadas cujas ocupações possuem estreito parentesco tanto em relação à natureza de trabalho quanto às exigências dos níveis de qualificação. Por último, têm-se o grupo de base (GB) ou famílias ocupacionais que reúnem as ocupações substancialmente iguais no que se refere às qualificações exigidas (CBO, 2010).

Exemplificando, o código 1111-05 indica a ocupação de senador, sendo que o primeiro dígito indica o Grande Grupo (GG) que a ocupação faz parte, que nesse caso é o GG 1 relativo aos membros superiores do poder público, dirigentes de organizações de interesse público e de empresas e gerentes. Já os dois primeiros dígitos referem-se ao Subgrupo Principal (SGP), sendo que o número 11 representa os membros superiores e dirigentes do poder público. Os três

primeiros dígitos indicam o Subgrupo (SG), com o número 111 indicando os membros superiores do poder legislativo, executivo e judiciário. Os quatro primeiros dígitos referem-se ao Grupo Base (GB), como a família ocupacional 1111 que representa os legisladores. Por fim, os dois últimos dígitos, no caso 05, representa a ocupação específica de Senador.

A CBO disponível na PNAD é denominada CBO-domiciliar, realizada em 2000, embora em 2002 algumas ocupações dessa classificação tenham sido agregadas e outras, segregadas. Logo, alguns códigos foram mantidos e outros alterados, sendo que os três livros que possuem as descrições e as escolaridades exigidas por cada família ocupacional, ou seja, a quatro dígitos, fazem correspondência exata com a CBO-2002. Com isso, para avaliar a escolaridade exigida pela ocupação é necessário identificar se o código da CBO-domiciliar disponível na PNAD seria o mesmo que o da CBO-2002 disponível nos livros.

Por exemplo, o código 2622 da CBO-domiciliar é referente aos “coreógrafos e bailarinos”, embora na CBO-2002 o mesmo seja destinado aos “diretores de espetáculo e afins”, sendo que nesta última o código relativo aos “coreógrafos e bailarinos” é o número 2628. Se não realizada essa verificação, incorrer-se-ia no erro da escolaridade requerida, uma vez que para os coreógrafos e bailarinos não é exigida nenhuma qualificação formal, enquanto que para os diretores de espetáculo é exigido ensino superior completo.

Há ainda outro ponto a destacar referente à identificação das escolaridades que cada ocupação exigia. Por exemplo, o código 3134 é referente aos “técnicos em calibração e instrumentação” que exige de seus profissionais o nível médio. Assim todos os que possuem ensino médio (11 anos de estudo formal) são considerados como adequados; os que possuem mais de 11 anos de estudo, sobreeducados; e os que possuem menos de 11 anos de estudo, subeducados. Tem-se também ocupações que possuem mais de uma escolaridade requerida para as quais o indivíduo seria considerado adequado caso se encontrasse dentro da faixa de anos de estudo determinado pela CBO. Exemplificando, a família ocupacional 5201, referente a “supervisores de vendas e de prestação de serviços do comércio” exige ensino superior completo, ou incompleto. Dessa forma, se o indivíduo possuir 12, 13, 14 ou 15 anos de estudo, ele é considerado adequado e caso possua menos do que 12 anos de estudo, seria enquadrado como subeducado7.

No entanto, três peculiaridades nos dados fizeram com que o método de job analysis fosse acompanhado do realized matches: i) ocupações que não possuem correspondência entre as CBO-domiciliar e CBO-2002 não foram compatibilizadas, ii) quando era exigida mais do

que duas escolaridades para a ocupação; e iii) quando a escolaridade exigia dois níveis completos8. Logo, para ocupações que se encaixavam em uma dessas três situações, foi utilizado o método RM em que se aplica a moda ou a média de anos de estudo para encontrar a compatibilidade ou incompatibilidade. No presente trabalho, optou-se por utilizar a moda e assim, os adequados são os que possuem a mesma escolaridade que a moda, sobreeducados (subeducados), mais (menos) escolaridade que a moda. Vale ressaltar que seguiu-se a modelagem de Esteves (2009) que utilizou as variáveis de incompatibilidade na forma de

dummies e não na forma contínua.

Até o momento, foi exposto a criação das variáveis adequado, sobre/subeducado da base de dados da PNAD.