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1.1. Caracterização da Associação Cultural d´Orfeu

1.1.2. Criações artísticas

As criações d’Orfeu são diversificadas, o que permite uma capacidade de circulação pelo território nacional, ibérico, e até mesmo internacional, figurando em programações importantes, nomeadamente de festivais, autarquias e outros promotores, numa agenda de espetáculos que atinge anualmente largas dezenas de representações.

A par das criações de grande formato, a associação é rica na quantidade de pequenos “grandes” projetos nas mais variadas disciplinas artísticas, que nascem muitas vezes do trabalho entre os artistas profissionais que integram a equipa d’Orfeu e a comunidade local. A associação, enquanto "incubadora" criativa, estimula a criatividade e apoia os novos coletivos artísticos, dos quais resultam normalmente novas produções e novas capacidades de itinerância.

A Associação assenta numa abrangente dimensão criativa, que se retrata em diversas frentes: consolidar a experiência de produção de grandes manifestações criativas de envolvimento interassociativo; realizar apostas de encenação de novas Criações; e celebrar a interação dinâmica entre o trabalho de Formação e a Criação, constituindo os produtos criativos da EMtrad’ como parte integrante da bolsa para itinerância. Deste modo, é indiscutível o papel da associação na exploração da criatividade dos indivíduos que a ela recorrem: “As entidades/instituições culturais e educativas, poderão facultar mais ferramentas e condições que facilitem no indivíduo o processo criativo ou o desenvolvimento da criatividade”. (Silva, 2001)

As criações são iniciativas artísticas e criativas promovidas e concretizadas pela estrutura da associação ou por elementos exteriores, que encontra na Associação os meios para a criação, os instrumentos para desenvolver esse projeto, e depois, a equipa da d´Orfeu responsável por essa área tenta com as "ferramentas possíveis de circulação e de promoção conseguir que circulem e que se vendam (para garantir a sustentabilidade da associação) " (Luís Fernandes, 201214). Através d´Orfeu os interessados têm à disposição "o ninho para desenvolver essa criação", caso contrário, "de forma isolada, teriam mais dificuldades". Neste momento "a carteira de espetáculos e de criações, mas há um ano atrás ou daqui a um ano pode ser outra, pois tem a ver com a iniciativa dos criativos", visto que, neste sentido "não há estratégia da associação, que apenas disponibiliza para quem quer fazer, através os meios associativos, para alavancar a sua própria criação".

Assim, se realiza um “processo de democracia cultural pela capacidade de criar estruturas

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físicas e mentais capazes de permitir ao cidadão a participação na criação e construção de um desenvolvimento social e cultural consciente e crítico, que é feito «por ele e para ele» “ (Silva, 2001).

A nível musical, elencamos as criações da d´Orfeu até à data:

Toques do Caramulo

A representação mais visível e reconhecida da d’Orfeu na atualidade é Toques do Caramulo, uma referência da nova música tradicional em Portugal, fundindo a sonoridade rude da tradição com novas sonoridades, recriando temas repertório esquecido da Serra do Caramulo.

Esta criação, que figura em importantes eventos trad-folk em Portugal e no estrangeiro, está também editada em CD: “Toques do Caramulo é ao Vivo!“ (2007) e “Retoques” (2011).

Contracorrente

Homenagem à música de intervenção, resgatando da memória e reivindicando para a atualidade as músicas e as vozes de resistência que marcaram a História do século XX, como “El derecho de vivir en paz” do chileno Victor Jara, “A Vava Inouva” do argelino Idir ou “Apesar de você” do brasileiro Chico Buarque, entre outros. De Portugal à descoberta de múltiplas latitudes, “Contracorrente” é uma volta ao mundo cantada em vários idiomas e um manifesto de que, ainda hoje, resistir é uma forma de existir.

Reportório Osório

“Reportório Osório” é uma coleção de canções, aliando a escrita de Luís Fernandes à música de Luís Cardoso. Um desfiar de histórias pessoais no masculino, quase sempre íntimas, do dilema ao dilúvio em poucas estrofes. O quotidiano das relações afetivas transformado em canções irónicas, em que a teatralidade da interpretação só reforça o perfil de cada personagem.

Mal-Empregados

“Mal-Empregados” é um espetáculo pseudossério, pseudocómico, fundindo-se com o mote do absurdo, sendo tendencialmente minimal, alia a comicidade gestual e teatral à música. Dois atores músicos desafiam-se, revezam-se, fartam-se e procuram sempre outra coisa, resultando numa caricatura irónica dos especialistas em polivalência.

Muito Riso, Muito Siso – Este espetáculo que comprova a capacidade de muitos textos lusófonos em dizer grandes coisas, nem sempre com as palavras mais sérias e formais, revelando-se simplista, algo despido, tão-só suportado no fio das palavras, mas de um humor potente. É um solo de Luís Fernandes, no papel de músico “diseur”, dando vida e voz a textos humorísticos de grandes vultos

da literatura de expressão portuguesa, criteriosamente selecionados por Odete Ferreira, atual presidente da Direção da Associação.

Eram 7 os Medos do Pedro - Em 2010, surge o primeiro espetáculo de teatro infantil da d’Orfeu, “Eram 7 os Medos do Pedro”, da autoria de Odete Ferreira. Remetendo-nos para o mundo mágico da infância, onde a fantasia vence medos, ao longo de 30 minutos vamos conhecendo os sonhos e os receios de Pedro, que embalado pelo amor da sua avó, acaba por dar largas à imaginação e superar os seus sete medos.

O espetáculo é constituído por atores que contracenam com a espetacularidade de uma cenografia multimédia, com grande criatividade visual, entre cenários reais e virtuais, para contar uma história mágica de valentia. Das diversas performances realizadas até ao momento, é de destacar a menção honrosa atribuída no Concurso Nacional de Teatro 2010 da Fundação INATEL, na categoria de Teatro para a Infância.

Borbolino – Trata-se de uma adaptação para espetáculo de marionetas do livro infantil “Borbolino” de Odete Ferreira. Este espetáculo sonoro e plástico interpretado por Ricardo Falcão, demonstra como podemos ser diferentes, mas criar laços infinitos e íntimos. A história retrata a amizade entre um grilo e uma criança, que juntos descobrem os valores mais importantes da vida.

Mala Fanfarra - Na Mala Fanfarra, o anfitrião, uma personagem um pouco à margem, está convicto de que as fanfarras e as bandas filarmónicas já desapareceram. Mas elas fazem-se ouvir através de uma máquina especial e uma mala mágica, cheia de instrumentos e músicas com saxofones, que despertam o imaginário musical de miúdos e graúdos, numa história completamente fantasista e divertida.