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pessoa portadora de deficiência nas diferentes ações de desenvolvimento sustentável e cidadania.

ATORES

• Governos federal, estadual e municipal • Sociedade civil organizada

• Entidades e instituições de atendimento • Voluntários(as)

• ONGs

• Conselhos setoriais da área social e Conselho dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência

• Universidades

8 . CONCLUSÃO

Reduzir as desigualdades sociais no Brasil e encontrar caminhos para a conquista do desenvolvimento sustentável não são tarefas fáceis nem podem ser vistas como objetivos ao qual somente este ou aquele ator ou setor da sociedade deve se dedicar; tampouco têm um tempo definido para serem cumpridas. O esforço empreendido pelo Consórcio Parceria 21 ao abordar o tema da “Redução das desigualdades sociais” foi justamente o de procurar definir alternativas reais e possíveis para o enfrentamento dessa problemática, que possam contribuir para, como afirmado, superar a distância entre o discurso e a prática, a intenção e o gesto, tão marcantes na vida

pública brasileira recente. As estratégias sugeridas, as propostas apresentadas, entretanto, estão longe de esgotar as possibilidades concretas ou as vias factíveis para o logro desse objetivo.

A condução desse processo exigirá a criatividade social e individual de forma permanente e uma nova postura em relação à responsabilidade dos diferentes setores que compõem a parcela mais organizada e atuante da nossa sociedade. Não se pode mais esperar que somente o Estado, por definição a instância que encarna o espírito público mais abrangente e universal, se encarregue de prover os mecanismos institucionais e/ou financeiros para promover a redução dessas desigualdades. O resultado final das políticas públicas adotadas com o objetivo de combater essas desigualdades é tanto mais amplo, mais democrático e mais eficiente se essas políticas incorporam na sua formulação, implementação e avaliação a presença de outros segmentos da sociedade, em um esforço por abrir-se a outros interesses e perspectivas que enriquecem a dinâmica social e a interação interpessoal.

Ao longo de todo o texto insistiu-se muito na importância central assumida pela educação, pela participação individual e coletiva, pela mudança de mentalidade e pela adoção de novos instrumentais metodológicos para a superação de alguns dos traços mais evidentes e perversos das desigualdades no Brasil. Por essa razão, é também estimulada a construção de parcerias entre as diversas instâncias de governo, as variadas organizações da sociedade civil, as diferentes instituições do mundo empresarial, as igrejas, as comunidades locais e os indivíduos. Trata-se de conjugar esforços, nas mais distintas escalas e com os objetivos mais diversos, em uma permanente aprendizagem acerca dos significados profundos dos conceitos de democracia, tolerância e compromisso individual/social, entre outros.

Por outro lado, algumas condições objetivas são também necessárias para que a implantação da Agenda 21 possa realizar-se com êxito. No caso brasileiro, isso supõe o estabelecimento da justiça tributária e a eliminação das fontes de apropriação da riqueza vinculadas a privilégios políticos ou à manutenção de ilegalidades. É necessário ressaltar também que parte importante da ineficiência do sistema governamental brasileiro para a implementação da agenda positiva deriva das regras do jogo político-eleitorais, que premiam a pulverização de

interesses e o personalismo clientelista, em vez da negociação pública entre grandes correntes/partidos políticos.

Requer-se, portanto, o fortalecimento do pacto federativo. Esse novo federalismo deve ter como elemento fundador o dinamismo civil, respeitando o princípio da representação igualitária, potencializando a capacidade regeneradora da sociedade no sentido de combater as suas próprias anomalias.

Trata-se, em outras palavras, de viabilizar a organização e o aperfeiçoamento do processo participativo, fortalecendo institucionalmente sua capacidade de gestão e suprindo recursos para o desenvolvimento social em função da obtenção de resultados.

A metodologia da Agenda 21 pode oferecer ao processo de transição rumo a uma sociedade mais justa e sustentável no Brasil os ingredientes necessários para seu êxito.

O novo paradigma de gerenciamento de algumas dinâmicas sociais e políticas, representado pela Agenda 21 e pela perspectiva do desenvolvimento local, integrado e sustentado, apóia-se de forma central nas idéias expostas. Sua grande aposta está em conceber os membros da sociedade como sujeitos de seu próprio destino e dos rumos tomados pela sociedade, como um todo, ou pela comunidade particular em que vivem.

I Apresentação

O presente documento, elaborado pelo Consórcio Parceria 21, corresponde ao terceiro e último produto do contrato de prestação de serviços número 138/98, assinado entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Ministério do Meio Ambiente e o Consórcio Parceria 21. Trata-se da versão final do documento de referência sobre o tema Redução das desigualdades sociais dentro do projeto “Formulação e implementação de políticas públicas compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentável definidos na Agenda 21”.

Conforme preconizado pelo edital de concorrência e definido na proposta e na metodologia de trabalho aprovadas, esta versão incorpora os resultados do workshop realizado entre 1º e 3 de fevereiro de 1999 e do seminário temático realizado no dia 7 de abril, consubstanciando o conjunto de estratégias, propostas e ações que serão objeto de consolidação junto com os outros cinco temas que compõem a Agenda 21 Brasileira.

Tal qual estabelecido pela proposta técnica do Consórcio Parceria 21, todas as etapas e atividades desenvolvidas para a elaboração do documento de consulta Redução das desigualdades sociais utilizaram, sempre que possível e observados os limites de tempo e de recursos, a metodologia essencialmente participativa recomendada pela Agenda 21. Conforme explicitado nos seus capítulos 23 a 32, todos os setores e segmentos sociais são potencialmente parceiros do desenvolvimento sustentável, devendo ser envolvidos em todo o processo de elaboração e implementação da agenda e suas ações estratégicas. Esta terceira versão do documento resulta do conjunto de subsídios recolhidos durante o processo, embora seja de responsabilidade da equipe coordenadora do Consórcio Parceria 21.

A Agenda 21 indica, por meio do conceito de atores relevantes,1 que pactos e consensos amplos não são possíveis sem que se promova o diálogo entre os diferentes grupos de interesse e se nomeiem alguns dos atores considerados necessários para a concordância de idéias: trabalhadores e sindicatos, organizações não-governamentais (ONGs), empresários, comunidade científica e tecnológica, agricultores,

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Atores relevantes são definidos na Agenda 21 como partes interessadas em situações nas quais há conflitos ou diferença significativa de opinião, sejam de ordem econômica, ambiental ou cultural.

populações negras, tradicionais e indígenas, além dos chamados grupos em situação de vulnerabilidade social, que incluem mulheres, crianças, jovens, idosos, homossexuais e pessoas portadoras de deficiências.

O documento traduz a contribuição desse conjunto de atores relevantes ao processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira, enfatiza a urgência de resgatar a dívida social crônica do país e reconhece que não se trata de partir do zero, já que a agenda para reduzir as desigualdades sociais está contemplada em diversos documentos oficiais. Nesse contexto, a grande questão que orienta este trabalho está em articular propostas para superar o descompasso entre o discurso e a prática.

Lançando mão dos conceitos-chave da Agenda 21 e do seu marco de referência metodológico, o documento dialoga com um cenário político de transição e propõe novas dinâmicas que contribuam para potencializar a participação da sociedade civil organizada no processo de reforma do Estado em curso, concedendo-lhe um lugar de protagonismo e legitimidade no processo de construção do desenvolvimento sustentável.

Fiel ao termo de referência, pode-se dizer que o documento está dividido em duas partes antecedidas de uma explanação das etapas de desenvolvimento do trabalho adotadas pelo Consórcio Parceria 21. A primeira parte inclui o marco de referência conceitual, explicitando as peculiaridades do conceito de sustentabilidade ampliada e dos instrumentos da Agenda 21 e discutindo-os desde a perspectiva da redução das desigualdades. Segue-se uma rápida análise dos fatores determinantes das desigualdades sociais no Brasil e das políticas sociais do governo, identificando-se alguns dos principais desafios que enfrentam.

A parte explicitamente propositiva do trabalho reúne as quatro estratégias prioritárias que se delineiam no marco do desenvolvimento das capacidades individuais e de novas práticas de planejamento e gestão. Tais estratégias têm como objetivo contribuir para o avanço de novas dinâmicas que requalifiquem a participação da sociedade civil na reformulação das políticas públicas, aspecto fundamental da transição para uma sociedade mais justa e sustentável.

Dialoga com essas estratégias um conjunto de 22 propostas, muitas delas inspiradas em novas práticas de parceria entre sociedade civil e Estado, voltadas para a redução das desigualdades. Cada proposta implica um certo número de

medidas e ações, indicando-se a esfera de competência e responsabilidade para realizá-las, envolvendo recursos humanos, institucionais e financeiros.

Na conclusão do documento são incluídas recomendações recolhidas nas rodadas de interlocução com os atores relevantes consultados no processo, com vistas a fazer avançar, a partir da temática da redução das desigualdades, a Agenda 21 Brasileira.

II Desenvolvimento das etapas do trabalho

Na primeira fase foi feito um levantamento geral de propostas, respeitando a metodologia e os recortes setoriais indicados no termo de referência (TDR) encaminhado pelo PNUD/MMA: (a) pobreza: fatores determinantes e políticas públicas; (b) sistema educacional; (c) qualificação e emprego; (d) sistema de intermediação de mão-de-obra e eficiência do mercado de trabalho; (e) manutenção e criação de empregos; (f) saúde; (g) dinâmica demográfica e os impactos sobre o desenvolvimento.

Seus resultados foram consolidados e trabalhados pela equipe técnica do consórcio na segunda fase do trabalho, que incluiu um workshop com aproximadamente 40 especialistas.2 Os resultados do workshop serviram de subsídios à elaboração da segunda versão preliminar do documento de referência.

O seminário nacional correspondeu à principal atividade da terceira etapa prevista no contrato. O resultado está consolidado nesta versão final do documento – Redução das desigualdades sociais.

PROCESSO DE CONSULTA E DE ELABORAÇÃO DA VERSÃO

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