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PARTE ESPECIAL 1. POLÍTICA DE ATENDIMENTO

7. CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS 1 Crimes

7.1.1 Crimes em espécie

É importante conhecer, ainda que sumariamente, quais condutas foram tipificadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Os artigos 228 a 244-B do Estatuto em estudo tipificam diversas condutas, as quais serão sucintamente mencionadas na sequência.

Antes, no entanto, é necessário citar o artigo 10 do Estatuto em estudo, referido pelos tipos penais dos artigos 228 e 229, também do Estatuto:

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

Por oportuno, veja-se o primeiro tipo penal descrito pelo Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

A proteção conferida pelo citado artigo 228 do Estatuto da Criança e do Adolescente abrange, pois:

a) a gestante; b) a parturiente; c) o recém-nascido.

A manutenção de prontuário médico pelo prazo legal visa tutelar futuras situações relacionadas à mãe, no caso de uma nova gestação, e ao(s) filho(s), em decorrência do que com ele(s) tenha ocorrido durante o período pré e pós natal. Como se constata, o crime em análise pode ser

praticado sob a conduta culposa, conforme estipula o parágrafo único do citado artigo 228.

Já o artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente tipifica: Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

O objetivo fundamental desse tipo penal é evitar a ocorrência de trocas de recém-nascidos nos hospitais. Ademais, esse dispositivo tutela tanto a mulher como a criança, protegendo-lhes a vida e a saúde. Como se vê, é dever dos profissionais mencionados pelo tipo penal proceder aos exames legalmente determinados, não podendo se eximir do dever mediante alegação de culpa, que também é punível segundo previsão do parágrafo único do dispositivo em estudo.

Segundo o artigo 230 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é típica a seguinte conduta:

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais.

A liberdade é direito fundamental da pessoa humana. Não há como se admitir sua privação sem que haja ordem escrita de autoridade judiciária competente ou sem estar o adolescente em flagrante de ato infracional. Há que se lembrar, pois, que a pessoa até 12 anos incompletos (criança), não pode ser apreendida mediante flagrante de ato infracional, isto porque ela se sujeita apenas a medidas de proteção, conforme dispõe o artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Enquanto as duas primeiras condutas típicas analisadas eram identificadoras de crimes próprios (artigos 228 e 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente), esta identifica um crime comum, ao passo que qualquer um pode ser responsável pela privação da liberdade de crianças e adolescentes.

Em continuidade, veja-se a conduta tipificada pelo artigo 231 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata

comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos.

O tipo penal supra citado criminaliza o desrespeito ao mandamento constitucional contido no artigo 5º, inciso LXII, que dispõe: “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.” A garantia constitucional tutela a todos, mas especialmente os absoluta ou relativamente incapazes, motivo ensejador, pois, da prática criminosa acima tipificada. Como se vê, trata-se também de um crime próprio, uma vez que apenas a autoridade policial pode cometê-lo, mediante conduta omissiva (deixar de fazer imediata comunicação). Note-se, porém, que esse dispositivo não tem previsão de conduta culposa.

Já o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê:

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Toda criança ou adolescente tem direito ao respeito e a dignidade. Submeter uma criança ou adolescente a vexame ou constrangimento é, pois, desrespeitar mencionados direitos. Essa conduta típica só pode ser praticada por quem detenha a guarda ou a vigilância da criança ou adolescente, tratando-se, portanto, de um crime próprio. Inobstante, pode tanto ser praticada tanto por funcionário público como por particular.

O artigo 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente foi revogado pela Lei n.º 9.455/97, lei que definiu os crimes de tortura e abrangeu a conduta anteriormente descrita pelo Estatuto em estudo.

Na sequência, veja-se o artigo 234 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Há que se lembrar que as crianças e adolescentes tem absoluta prioridade, uma vez que são pessoas em desenvolvimento e carecem de todo o apoio do Estado e da sociedade. Assim, o tipo penal em análise criminaliza a conduta daquele que, competente para liberar a criança ou adolescente, não o faz inobstante tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão. Como se vê, trata-se de mais um crime próprio, sem que se possa falar em conduta culposa.

Veja-se o artigo 235 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Dispõe o artigo 236 do Estatuto em estudo:

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Qualquer pessoa pode praticar o delito em análise, ao passo que o Estado é sempre seu sujeito passivo. Também pode figurar como sujeito passivo a criança ou adolescente em relação a qual praticar-se-ia determinada medida prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Note-se que não há previsão de conduta culposa.

Na sequência, veja-se a previsão do artigo 237 do Estatuto em estudo:

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:

Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

É importante notar que há finalidade específica no dispositivo em análise, qual seja, a colocação em lar substituto. Como se vê, portanto, a intenção (dolo) é específica. Ademais, não há que se falar na configuração do tipo em estudo se houver a subtração de criança ou adolescente de quem não detenha a respectiva guarda, decorrente de lei ou de ordem judicial, pois esta é uma elementar objetiva do tipo penal.

Prevê o artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:

Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

O tipo penal supra citado trata da “compra” e “venda” de crianças e adolescentes. Naturalmente, só o dolo é elemento subjetivo do tipo. O dispositivo em análise objetiva, pois, a tutela da dignidade da pessoa humana, que não pode ser tratada como mercadoria.

Veja-se a previsão do artigo 239 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:

Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

A proteção destinada às crianças e adolescentes em todo o Estatuto da Criança e do Adolescente completa-se com o dispositivo penal em análise, que prevê como típica a conduta de todo aquele que promover ou auxiliar o envio de criança ou adolescente ao exterior:

a) sem observância da forma legal; b) com a finalidade de lucro.

E o parágrafo único do aludido dispositivo prevê uma forma qualificada da conduta, sempre que houver o emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

Já o artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê:

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. §1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.

§2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:

I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;

II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;

III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.

O artigo 240 do Estatuto em estudo protege a dignidade, o respeito, a decência e a moral da criança ou adolescente. A exploração sexual do menor é uma das maneiras mais degradantes da vida humana. Atento a essa realidade, o legislador tipificou as condutas (principais) de produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar cena de sexo explícito ou pornografia, envolvendo menores, assim como as condutas (acessórias) de quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput do dispositivo, e também daquele com contracena com o menor.

No mesmo sentido, prevê o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Como se vê, a pena para quem pratica esse delito é a mesma da conduta descrita no caput do artigo anterior. E assim como no crime anterior, o elemento subjetivo deste é exclusivamente o dolo, não havendo que se falar em conduta culposa.

Veja-se, na sequência, o artigo 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. §1º Nas mesmas penas incorre quem:

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.

§2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

O tipo penal em análise tem por objetivo reduzir toda forma de exploração sexual de crianças e adolescentes, para isso prevendo punição para todo aquele que oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outro registro de menor envolvido em cenas de sexo explícito ou pornografia. Também criminosa, segundo o parágrafo primeiro do citado dispositivo, é a conduta daquele que assegura os meios ou serviços para o armazenamento do material ilícito, inclusive por computadores. Assim, também o que mantém

site utilizado por outrem para divulgação das cenas envolvendo menores

incorre nas penas deste tipo penal. Contudo, para que se fale na punibilidade destes, há que se notificá-los oficialmente, para que retirem do ar o material ilícito, e, apenas se deixarem de retirar mencionado conteúdo é que serão passíveis de punição.

Em continuidade, prevê o artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 241-B.Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. §1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.

§2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:

I – agente público no exercício de suas funções;

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.

§3º As pessoas referidas no §2º deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.

Enquanto o artigo 241-A pune as formas de distribuição do material que contenha cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente, o artigo 241-B pune as maneiras de aquisição desse conteúdo. Há que se atentar, que quando o armazenamento tiver por finalidade a comunicação às autoridades competentes, não há que se falar em crime.

Já o artigo 241-C do Estatuto em estudo prevê:

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.

Também punível é a conduta de todo aquele que simular a participação de menor em cena de sexo explícito ou pornográfica, seja adulterando, realizando montagem ou modificando fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. Note-se que as mesmas penas sujeitam aqueles que distribuem, por meio das condutas descritas no parágrafo único, o material ilícito elaborado com base nas condutas descritas no caput do dispositivo.

Em continuidade, prevê o artigo 241-D do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;

II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

A conduta descrita no supra citado tipo penal tem por finalidade evitar a prática de atos libidinosos com crianças, protegendo-lhes o pudor e a dignidade sexual. Ademais, objetiva o tipo penal evitar o estupro, censurando a conduta daqueles que tenham por objetivo, utilizando qualquer meio de comunicação, aliciar, assediar, instigar ou constranger criança. Porém, note-se que o tipo em análise utiliza apenas a expressão criança, ou seja, pessoa com até 12 anos incompletos de idade, tendo deixado de fora os adolescentes.

Já o artigo 241-E do Estatuto da Criança e do Adolescente apenas esclarece:

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfico” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

O dispositivo supra citado apenas define o que seja “cena de sexo explícito ou pornográfica”, complementando o conteúdo dos artigos anteriores.

Em sentido diverso dos tipos anteriores, prevê o artigo 242 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo do tipo penal supra citado. Note-se que se abrange toda forma de distribuição de arma, munição ou explosivo a criança ou adolescente, tendo por objetivo tutelar a dignidade, a integridade e o sadio desenvolvimento do menor. Não há que se falar em conduta culposa, como se extrai da análise do dispositivo.

Prevê o artigo 243 do Estatuto em estudo:

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida:

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

O tipo penal em análise tem por objetivo afastar o efeito maléfico de substâncias entorpecentes nas crianças e adolescentes, que são pessoas vulneráveis. Protege-se, assim, a saúde física e mental da criança e do adolescente. Note-se que o fornecimento de substância cujo componente possa causar dependência física ou psíquica, mediante justa causa, pode ser admitido e não configurará crime, como no caso de remédios receitados ou ministrados por profissionais qualificados. Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo do crime em análise.

Prevê o artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescentes fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Por meio deste dispositivo pretende-se efetivar a proteção da integridade física da criança. Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo deste delito. O crime em questão é de perigo, que se consuma mediante a simples venda, fornecimento ou entrega independentemente da ocorrência de qualquer dano físico.

Já o artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê: Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:

Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.

§1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.

§2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

O crime descrito no caput do dispositivo supra descrito pode ser praticado por qualquer pessoa. Note-se que nas mesmas penas de quem submete, incorre aquele que é proprietário, gerente ou responsável pelo