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Uma crise importante ocorreu em 1956, quando, em 26 de Julho de 1956, o Presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, nacionalizou o Canal de Suez. A nacionalização desencadeou a chamada ‖Crise de Suez‖ e em Outubro do mesmo ano uma ação militar conjunta da Inglaterra, França e Israel para retomar o controle do Canal. Os Estados Unidos e a União Soviética agindo em conjunto (algo raro, mas explicável pelos interesses feridos das Sete Irmãs) obrigaram os três invasores a recuar e desfazer a ocupação do Canal. A crise terminou com a ocupação da Zona do Canal por uma Força de Paz da ONU, com um contingente majoritário de tropas do Exército brasileiro - os ―boinas azuis‖. (ARAÚJO, 2016).

O domínio do Cartel das ―Sete Irmãs‖ prolongou -se até o início dos anos 1970, devido ao seu poder econômico e supremacia técnica. Tinham o controle do preço e da produção do petróleo, e o ostensivo apoio dos governos americano, inglês e francês. Ditavam os rumos da economia mundial, exercendo uma influência poderosa nos governos dos países hospedeiros, especialmente os países árabes e na Venezuela. Em 1950, o Cartel (incluindo a Companhia Francesa do Petróleo) detinha nada menos que 99,4% do petróleo produzido pelos maiores exportadores mundiais (DAVID, 2003).

A década de 1970 foi um período marcado por grandes mudanças, com as crises do petróleo disparadas pelo embargo Árabe de 1973 e pela revolução no Irâ em 1979, envolvendo os países produtores da OPEP, as sete irmãs e os dos países da OCDE (OLIVEIRA, 1995).

O impacto do choque do petróleo de 1973 sobre a economia ocidental foi extraordinário, principalmente no que tange aos países não desenvolvidos e importadores de petróleo, como o Brasil. O aumento de preço desequilibrou o balanço de pagamento inibindo sua capacidade de crescimento. Para atender à demanda, foram obrigados a recorrer a empréstimos externos, absorvendo o superávit da OPEP (os denominados ―petrodólares‖) e iniciando o processo de construção de monumentais dívidas externas (DAVID, 20003:18) Quanto ao cartel das grandes empresas, é indiscutível que o choque de 1973 representou o assentamento de uma nova realidade, em que as ―Sete Irmãs‖ já não mais impunham sua vontade na determinação do preço e dos volumes a serem produzidos. Entretanto, não tiveram dificuldade de transferir o aumento de preço

para os consumidores, que arcaram com o salto de US$ 3,25 para US$ 15,70, em média, do barril. (DAVID, 2003:18)

Segundo o mesmo autor,

uma conseqüência advinda do realinhamento político do setor petróleo foi o crescimento das participações dos Estados produtores nas filiais das ―majors‖ que neles operavam, e, no mesmo diapasão, o aparecimento e/ou fortalecimento de gigantescas empresas estatais dos países exportadores. A ARAMCO, representante-mor das megaestatais dos grandes exportadores de petróleo, teve 25% de seu controle acionário adquirido pelo governo saudita em 1973, sendo seu capital integralmente estatizado em 1980. Na Venezuela, a ―Ley Orgánica que Reserva ao Estado la Industria y el Comercio de

los Hidrocarburos‖, nacionalizou, em 1975, o petróleo venezuelano.

O produto imediato da nacionalização é a criação, pela mesma lei, do Petróleo de Venezuela S.A.– PDVSA. A este respeito posiciona-se Pietri (op. cit., p. 60) ―Este paso está em sintonía com os otros miembros de OPEP, los cuales, de su parte, emprenden procesos nacionalizadores que van desde la compra del 51% de los activos de las concesionarias em el país (Arabia Saudí), hasta del 100% (caso Venezuela). Adquirirán los países membros, de esta manera, la facultad, de „regular la producción‟ (al menos de las suyas).” (grifo do autor) (DAVID, 2003:19).

Com efeito, os Estados Unidos e a Inglaterra, preocupados com a dependência da OPEP, através da EXXON e da BP realizaram descobertas no mar do Norte, Austrália, Canadá e Alasca. (OLIVEIRA, 1995).

Já no âmbito da OCDE foi criada em 1974 a Agência Internacional de Energia (International Energy Agency – IEA), com o objetivo de se contrapor à OPEP. Havia a necessidade de informações e a organização para enfrentar os desafios correspondentes, porém as medidas de conservação de energia foram lamentavelmente subdesenvolvidas e o potencial de produção de petróleo não foi plenamente realizado, nem houve investimento suficiente dedicado ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia - e cada país tentou resolver sua demanda de petróleo de forma independente (OCDE/IEA, 1994).

Em 1979 o conflito político no Irã provocou uma desorganização do seu setor petrolífero, fazendo com que os preços aumentassem, entre 1979 e 1981, de

13 para 34 dólares. Na sequência da Revolução iraniana, travou-se a Guerra Irã- Iraque (1980-1988), tendo o preço disparado por causa da diminuição da produção desses dois principais produtores mundiais (SALVADOR & MARQUES, 2003).

Depois da crise de 1979 começou um novo processo de restruturação do mercado. O consumo evoluiu pouco se comparado à crise de 1973. A OPEP começou a perder a hegemonia do mercado, em contrapartida aumentava a influência dos países produtores da Europa e começava o processo de ‖balkanização‖ da oferta. Essa estrutura agora mais complexa entrou pelos anos de 1980 e dura até a atualidade. (OLIVEIRA, 1995:81).

Em 1986, com a queda dos preços, estabeleceu-se uma situação favorável para os países importadores de petróleo e a demanda voltou a crescer no mercado mundial (OLIVEIRA, 1995).

No final da década de 1980 a queda da produção americana, os acidentes no Mar do Norte e na ex União Soviética desaceleram a produção, sinalizando para uma alta de preço no mercado. O conflito no golfo pérsico (guerra Irã – Iraque) acentua esta tendência de alta. Em 1990 o preço do petróleo era cotado em U$ 40,00 o barril. Após o conflito, agora com o domínio dos Estados Unidos o preço volta aos níveis de 18 a 20 dólares o barril (OLIVEIRA, 1995).

Outra crise se deu em 1991 na Guerra do Golfo, depois que o Iraque de Saddam Hussein invadiu o Kuwait, um dos maiores produtores de petróleo do mundo. A forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos e patrocinada pela Organização das Nações Unidas, com a aprovação de seu Conselho de Segurança, impuseram grave derrota ao Iraque.