Neste ponto pretende-se apresentar quais os critérios e directrizes a fomentar no ensino superior, capazes de oferecer e atingir índices para uma cultura de qualidade no ensino superior. Serão expostos os indicadores elaborados pela ENQA e pela A3ES. Esta exposição visa contribuir para a divulgação dos indicadores construídos pelas duas entidades atrás mencionadas, com intuito de congregar e harmonizar as competências a desenvolver por cada ciclo de estudos. Esta acção contém ainda o objectivo de serem estes indicadores que se utilizam no Espaço Europeu de Ensino Superior, de modo que seja possível ou mais acessível a mobilidade dos alunos, a sua devida creditação, a sua comparabilidade, e outros.
No caso dos indicadores da A3ES, constituem-se neste momento como indicadores quantitativos, tendo sido solicitada a submissão destes para a acreditação dos cursos em funcionamento no sistema de ensino superior português, nos seus três ciclos de estudo. Posteriormente irá ser realizada a avaliação destes, tal como está definido no plano de acção da agência.
3.1-I
NDICADORES DEQ
UALIDADEI
NTERNACIONAISOs indicadores a seguir apresentados resultam do trabalho levado a cabo pela ENQA, sendo estes assumidos pelo Espaço Europeu com a finalidade de, obter um sistema uniforme e coerente no referido espaço. O relatório contém os critérios e directrizes divididas em três partes.
PARTE 1 – Critérios e directrizes europeias para a garantia interna da qualidade nas instituições de ensino superior.
1.1 Politica e procedimentos para a garantia da qualidade: as instituições devem possuir uma política e procedimentos adequados para a garantia da qualidade, e critérios para os seus programas e cursos. Deste modo, devem comprometer-se de forma explícita no desenvolvimento de uma cultura que reconheça a importância da qualidade e da garantia da qualidade no seu funcionamento. Para alcançar tudo isto, as instituições devem desenvolver e
implementar uma estratégia para o melhoramento contínuo da qualidade. A estratégia, a politica e os procedimentos deverão possuir um documento formal e estar disponíveis publicamente. Devem ser também contemplados, o papel do estudante e outros agentes envolvidos.
1.2 Aprovação, controlo e revisão periódica dos programas e cursos: as instituições deveriam dispor de mecanismos formais para a aprovação, revisão periódica e controlo dos seus programas e cursos.
1.3 Avaliação dos estudantes: os estudantes devem ser avaliados utilizando critérios, normas e procedimentos que estejam publicados e que sejam aplicados de forma coerente. 1.4 Garantia de qualidade do corpo docente: as instituições devem dispor de meios que garantam que o pessoal docente está capacitado e é competente para a sua função. Estes meios devem dar-se a conhecer a quem desenvolva as avaliações externas e serão relatados nos relatórios.
1.5 Recursos de aprendizagem e apoio aos estudantes: as instituições devem garantir que os recursos disponíveis para apoiar a aprendizagem dos estudantes sejam adequados e apropriados para cada um dos programas oferecidos.
1.6 Sistemas de informação: As instituições devem garantir que recolhem, analisam e utilizam a informação pertinente para a gestão eficaz dos seus programas de estudo e outras actividades.
1.7 Informação pública: as instituições devem publicar com regularidade a informação actualizada, imparcial e objectiva, tanto quantitativamente como qualitativamente, sobre os programas e cursos que oferecem.
PARTE 2 – Critérios e directrizes europeias para a garantia externa da qualidade nas instituições de ensino superior.
2.1 Utilização de procedimentos da garantia interna da qualidade: os procedimentos da garantia interna da qualidade devem ter em conta a eficácia dos processos de garantia interna da qualidade descritos na parte 1 dos critérios e directrizes europeias.
2.2 Desenvolvimento de processos da garantia externa da qualidade: as finalidades e objectivos dos processos da garantia da qualidade devem ser determinados por parte de todos os responsáveis (incluídas as instituições de ensino superior), antes do desenvolvimento dos próprios processos, e devem ser publicados com a descrição dos procedimentos que vão ser utilizados.
2.3.Critérios para as decisões: as decisões formais adoptadas como resultado de uma acção de garantia externa da qualidade devem basear-se em critérios explícitos publicados anteriormente e que sejam aplicados coerentemente.
2.4 Os processos adequam-se ao seu propósito: todos os processos de garantia externa de qualidade devem desenhar-se especificamente com o fim de assegurar a sua identidade de forma a conseguir os objectivos propostos.
2.5 Relatórios: os relatórios devem ser publicados e ser redigidos num estilo que seja claro e facilmente acessível aos seus destinatários. As decisões devem ser facilmente localizadas pelo leitor.
2.6 Procedimentos de acompanhamento: os processos de garantia da qualidade que contenham recomendações para a acção ou que requeiram um plano de actuação posterior, devem incluir um procedimento de acompanhamento pré-determinado que seja aplicado de forma coerente.
2.7 Revisões periódicas: a garantia externa da qualidade de instituições e/ou programas deve levar-se a cabo de forma periódica. A duração do ciclo e os procedimentos de revisão que vão a utilizar-se devem estar claramente definidos.
2.8 Análise de todo o sistema: periodicamente, as agências de garantia da qualidade devem editar relatórios - resumo que descrevam e analisem os resultados das suas revisões, avaliações, valorações, etc.
PARTE 3 – Critérios e directrizes europeias para as agências de garantia externa da qualidade. 3.1 Utilização de procedimentos da garantia externa da qualidade para o ensino superior: as agências de garantia de qualidade externas devem ter em conta a existência e efectividade dos processos de garantia externa de qualidade descritos na parte 2 dos critérios e directrizes europeias.
3.2 Documento oficial: as agências devem ser reconhecidas formalmente pelas autoridades públicas competentes no Espaço Europeu de Ensino Superior como agências com responsabilidades na garantia externa da qualidade e devem ter uma base legal estabelecida e cumprir com os requisitos das jurisdições legislativas nas quais opera.
3.3 Actividades: as agências devem levar a cabo actividades de garantia externa da qualidade (ao nível institucional e de programas) de uma forma regular.
3.4 Recursos: as agências devem dispor de recursos adequados e proporcionais, tanto humanos como financeiros, que lhes permitam organizar-se e executar os seus processos de garantia externa da qualidade de uma forma eficaz e eficiente, e dispor do que necessita para o desenvolvimento dos seus processos e procedimentos.
3.5 Declaração de missão: as agências devem ter as metas e os objectivos claros e explícitos para a sua actividade, incluídos numa declaração de missão que esteja publicamente disponível.
3.6 Independência: as agências devem ser independentes de modo que tenham uma responsabilidade autónoma através do seu financiamento e de outras partes, para que as instituições de ensino superior, ministérios ou outros agentes envolvidos, não possam influenciar nas conclusões e recomendações de quem elabora os relatórios.
3.7 Critérios e processos de garantia externa da qualidade utilizados pelas agências: os processos, critérios e procedimentos utilizados pelas agências devem definir-se previamente e estar disponíveis publicamente espera-se que estes processos incluam normalmente:
Uma auto-avaliação ou procedimento equivalente por parte do sujeito ao processo de garantia da qualidade;
Uma avaliação externa realizada por um grupo de experts que inclua, quando seja apropriado, um ou mais estudantes e visitas in situ, segundo critério da agência; Publicação do relatório que inclua as decisões, recomendações ou outros resultados; Um procedimento de acompanhamento para rever as acções levadas a cabo pelo
responsável do processo de garantia da qualidade face às recomendações inseridas no relatório.
3.8 Procedimentos de responsabilidade: as agências devem dispor de procedimentos para exigir/pedir responsabilidades.
Esta transcrição dos critérios e directrizes, tem como base os Standards and Guidelines for Quality Assurance, tendo sido feita uma tradução livre.
Estes são os critérios e directrizes desenvolvidas pela ENQA, sendo aceites pelos ministros de educação europeus, vindo posteriormente a ser difundidos pelo Espaço Europeu de Ensino Superior. Estes têm como objectivo principal proporcionar um apoio e orientação para as instituições de ensino superior, que deverão desenvolver o seu próprio sistema de garantia de qualidade, assim como, para as agências de garantia externa da qualidade. Este documento elaborado pela ENQA, pretende ainda constituir-se como uma marca de referência tanto para as instituições de ensino superior como para as agências. No entanto não se pretende que seja um documento fechado, mas sim aberto a possíveis modificações necessárias, fruto de discussão e debate por parte dos stakeholders.