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3.3 FTSE4Good Series

3.3.3 Critérios de direitos humanos

Os critérios de direitos humanos foram instituídos pelo FTSE4Good no ano de 2003. Com estes critérios, as companhias são avaliadas por meio de políticas, sistemas de gestão e relatórios. Além disso, são divididas em grupos de acordo com o potencial de impacto – Setor de Recursos Globais; presença em países com as maiores inquietações de direitos humanos e, por fim, o terceiro grupo para os demais países.

As empresas que se situam no Setor de Recursos Globais são aquelas que operam com óleo, gás e mineração. No quesito de políticas, as companhias são avaliadas pelas políticas públicas; responsabilidade do conselho diretivo; compromisso com padrões trabalhistas globais estipulados pela Organização Internacional do Trabalho ou outros de reconhecimento mundial; manifestação de respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos; respeito às normas e procedimentos de segurança pública baseada nos princípios básicos das Nações Unidas em relação ao uso da força e armas de fogo, assim como, pelas leis ou códigos de conduta das forças oficiais; respeito aos povos indígenas. Os indicadores deste critério para as empresas que operam no Setor de Recursos Globais estão descritos no Quadro 9.

Critérios de Direitos Humanos para o Setor de Recursos Globais Políticas

Novo Critério Indicadores

Política Pública A companhia tem políticas publicadas contendo a edição de direitos humanos que são claramente comunicadas globalmente (nas línguas locais quando apropriado)

Responsabilidade do Conselho Diretivo

A responsabilidade estratégica das políticas/ações de direitos humanos é definida em um ou mais membros do Conselho Diretivo ou Gerente Sênior que se reporta diretamente ao Presidente da empresa

Organização Internacional do Trabalho – Padrões de indicadores laborais

Ou

Pacto Global das Nações Unidas/SA8000/OCDE Normas de Procedimentos

Uma declaração do compromisso de respeitar todos os padrões globais de indicadores laborais da Organização Internacional do Trabalho. Os indicadores convencionados referem-se a: oportunidades iguais, liberdade de associação para negociação coletiva, trabalhos forçados e trabalho infantil. Alternativamente, signatários do Pacto Global ou do SA8000 ou estados que contenham políticas suportadas pelas Normas e Procedimentos para empresas multinacionais da OCDE são considerados habilitados para esta exigência.

DUDH Uma clara manifestação de respeito à Declaração Universal de Direitos Humanos.

Normas e Procedimentos na Segurança Pública

Normas e procedimentos para a utilização da segurança pública baseada nos princípios básicos das Nações Unidas em relação ao uso da força e armas de fogo pelas leis de forças oficiais ou pelo código de conduta de forças oficiais. Alternativamente, signatários dos princípios voluntários de segurança e direitos humanos são considerados habilitados para esta exigência.

Povo Indígena Um compromisso declarado de respeito aos direitos dos povos indígenas.

Sistemas de Gestão Novo Critério Indicadores

Implementar critérios de políticas e monitoramento

Monitorar a implementação de políticas de direitos humanos, incluindo a existência de procedimentos para remediar alguma inconformidade.

Treinamento para Empregar Direitos Humanos

Treinamento para empregar globalmente políticas de direitos humanos. Consulta a stakeholder Consultar stakeholders independentes e locais nos países em que a empresa

esteja em atividade. Avaliação dos Impactos de Direitos

Humanos

Evidências de uma avaliação dos impactos de direitos humanos que inclua identificar na companhia o maior número de resultados que demonstrem direitos humanos e integre o interesse de direitos humanos dentro do risco de avaliação de procedimentos.

Relatórios Novo Critério Indicadores

Produzir um relatório de Direitos Humanos

Relatórios de políticas de direitos humanos e performance para o público em um formato publicado.

Cobertura de políticas e sistemas de gestão

Cobertura de políticas e sistemas de gestão como um mínimo.

Quadro 9 – Critérios e indicadores de direitos humanos do FTSE4Good – Setor de Recursos Globais

O Sistema de Gestão das empresas que operam no Setor de Recursos Globais deve apresentar uma boa performance nos seguintes princípios: implementação dos critérios de políticas e monitoramento de direitos humanos; treinamento para empregar globalmente políticas de direitos humanos; consulta a stakeholders independentes e locais; avaliação dos impactos de direitos humanos na companhia. Essas companhias precisam emitir dois tipos de relatórios: um relatório de direitos humanos e performance de fácil leitura para os leigos no assunto e outro de cobertura de políticas e sistemas de gestão.

Quando as empresas estão instaladas em países com inquietações quanto aos direitos humanos, elas precisam apresentar um bom desempenho nos critérios de políticas e sistemas de gestão. O Quadro 10 apresenta os critérios e indicadores de direitos humanos em países com este tipo de preocupação.

Critérios de Direitos Humanos para Companhias em Países com Inquietações neste Quesito Políticas

Novo Critério Indicadores

Organização Internacional do Trabalho – Padrões de indicadores laborais

Ou

Pacto Global das Nações Unidas/SA8000/OCDE Normas de Procedimentos

Uma declaração pública do compromisso de respeitar todos os padrões globais de indicadores laborais da Organização Internacional do Trabalho. Os indicadores convencionados referem-se a: oportunidades iguais, liberdade de associação para negociação coletiva, trabalhos forçados e trabalho infantil. Alternativamente, signatários do Pacto Global ou do SA8000 ou estados que contenham políticas suportadas pelas Normas e Procedimentos para empresas multinacionais da OCDE são considerados habilitados para esta exigência.

Responsabilidade do Conselho Diretivo

Ou

A responsabilidade estratégica pelas políticas/ações de direitos humanos é definida por um ou mais membros do Conselho Diretivo ou Gerente Sênior que se reporta diretamente ao Presidente da empresa

DUDH Ou

Alternativamente uma clara manifestação de respeito à Declaração Universal de Direitos Humanos.

Comunicação Global de Direitos Humanos

Ou comunicação de políticas de direitos humanos para empregar globalmente.

Sistemas de Gestão

A Companhia deve ter pelo menos dois dos quatro critérios abaixo Novo Critério Indicadores

Implementar critérios de políticas e monitoramento

Monitorar a implementação de políticas de direitos humanos, incluindo a existência de procedimentos para remediar alguma inconformidade.

Treinar os Empregados em Direitos Humanos

Treinamento para empregar globalmente políticas de direitos humanos. Consulta a stakeholder Consultar stakeholders independentes e locais nos países em que a empresa

esteja em atividade. Avaliação dos Impactos de Direitos

Humanos

Evidências de uma avaliação dos impactos de direitos humanos que inclua identificar na companhia o maior número de resultados que demonstrem direitos humanos e integre o interesse de direitos humanos dentro do risco de avaliação de procedimentos.

Quadro 10 – Critérios e indicadores de direitos humanos do FTSE4Good em países com inquietações

neste quesito

Fonte: FTSE4Good Index Series (2006)

Em relação às políticas é feita uma análise criteriosa sobre a adoção de compromisso com padrões trabalhistas globais estipulados pela Organização Internacional do Trabalho ou outros de reconhecimento mundial; responsabilidade do conselho diretivo ou uma clara manifestação de respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos ou uma comunicação global das políticas de direitos humanos da companhia.

O Comitê Consultivo do FTSE4Good divulgou, em março de 2003, o nome dos países com inquietações em relação aos direitos humanos, conforme está listado no Quadro 11. Ao possuir operações nestes países, as companhias passam a ser avaliadas de forma diferenciada e precisam ter um bom desempenho nos indicadores do Quadro 10. A lista dos países pode sofrer alterações com a inclusão ou exclusão de países conforme ocorram novas inquietações, ou caso passem a adotar condutas e padrões mundialmente aceitos quanto ao respeito aos direitos humanos.

Lista de países com inquietações quanto ao respeito de direitos humanos adotado pelo Comitê Consultivo do FTSE4Good em março de 2003

Afeganistão Egito Arábia Saudita

Argélia Irã Somália

Angola Iraque Sudão

Brunei Cazaquistão Síria

Myanmar Líbia Tunísia

Camarões Coréia do Norte Emirados Árabes Unidos

China Omã Vietnã Colômbia Paquistão Iêmen

República Democrática do Congo Ruanda Zimbábue

Quadro 11 – Lista de países com inquietações quanto ao respeito de direitos humanos

Fonte: FTSE4Good Index Series (2006)

Dada a relevância da questão de direitos humanos, todas as companhias que não se enquadram nos dois primeiros grupos (Setor de Recursos Globais e países com inquietações quanto à observação dos direitos humanos) devem demonstrar pelo menos uma política básica em relação à igualdade de direitos ou à liberdade de associação.

Outro tema que já entrou na agenda do FTSE4Good foi a alteração climática. Com a finalidade de contribuir para a estabilização das emissões de gases do efeito estufa a níveis

sustentáveis, foi anunciado para o ano de 2008 a avaliação de critérios com indicadores de mudança climática. O Comitê de Políticas do FTSE4Good verificou que poucas empresas teriam condições de fornecer indicadores que atendam aos critérios esperados. Entretanto, como primeiro passo, vai monitorar o progresso das companhias quanto à implementação destes critérios e objetivos com a finalidade de alcançar indicadores de melhores práticas nos seguintes quesitos: política e governança; gestão e estratégia; divulgação; e desempenho.

No quesito de política e governança são avaliados o contexto da política e a inclusão de objetivos nacionais e internacionais; as normas amplamente reconhecidas; o consenso científico em curso sobre mudanças climáticas; e os impactos econômicos sobre as mudanças no clima. Outro ponto relevante a ser considerado é a liderança em políticas públicas com a inclusão de compromissos também com objetivos nacionais e internacionais, a redução de gases do efeito estufa com a captura do excedente com a finalidade de alcançar níveis aceitáveis de concentração de gás carbônico.

Em relação à gestão e estratégia, são avaliados os objetivos e metas, levando em consideração que todas as companhias devem ter um objetivo de longo prazo para reduzir gases que contribuem para o efeito estufa.

Quanto à divulgação, as companhias devem estar preparadas para explicar claramente a forma como são feitos os cálculos de dados dos gases que provocam o efeito estufa, a metodologia e a abrangência (comparabilidade/escopo). Esses dados devem ser verificados e certificados. As companhias têm, ainda, a obrigação de divulgar as exigências para toda a cadeia de fornecedores.

O nível de exigência de desempenho por parte das companhias também é alterado com um aumento de severidade por parte de setores de alto impacto operacional, introdução de

exigências para empresas de médio impacto operacional e adição de cobranças para companhias que atuam com produtos oriundos de setores de minas, óleo e gás.

3.3.4 Parâmetros excludentes

São excluídos da composição do índice – a indústria tabagista, os fabricantes de sistemas completos ou em partes de armamentos, proprietários ou operadores de estações de energia nuclear e as companhias envolvidas na extração ou processamento de urânio. Companhias que vendem substitutos ao leite materno também eram excluídas, mas essa restrição foi revista e essas empresas já podem fazer parte do índice. Um dos últimos estudos para aperfeiçoar o FTSE4good é o desenvolvimento de critérios para avaliar as empresas quanto ao envolvimento em práticas de corrupção e pagamento de propina, bem como, com a participação em mineração de urânio. A intenção é rever todas as inclusões assim que os critérios apropriados para esse tipo de avaliação forem desenvolvidos.