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Critérios de valoração dos regimes de manejo – modelos de maximização

3.5 Premissas básicas de valoração – Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e

3.5.3 Critérios de valoração dos regimes de manejo – modelos de maximização

As prescrições diferem umas das outras, principalmente, em termos dos

momentos em que se definem a colheita e o replantio (ou a condução da brotação). Esses

sistemas silviculturais de talhadia simples resultam em prescrições que apresentam

resultados financeiros diferentes entre si. Assim, algumas prescrições, do ponto de vista

exclusivamente econômico, podem parecer mais desejáveis que outras.

São dois os critérios usados para definir o valor da função objetivo usados neste

trabalho: (i) valor presente total líquido e (ii) valor presente total dos custos. Em ambos

os casos o valor presente total se refere ao resultado de se multiplicar a área manejada de

acordo com uma determinada prescrição pelo valor presente por hectare dessa

prescrição. Esse valor presente total na função objetivo guia o processo de otimização.

A função objetivo dos modelos usados neste trabalho, baseada em critérios de

valoração presente, enfatiza a seleção de prescrições com melhor desempenho em

termos econômicos. As restrições de área, de produção e operacionais se encarregam de

adequar a ênfase econômica à realidade da produção florestal. Pode-se afirmar, portanto,

que os diferentes desempenhos econômicos das prescrições são a base do critério de

seleção destes regimes de manejo. E que, obedecidas as restrições impostas, serão

escolhidas as prescrições que mais contribuírem para a otimização do resultado

econômico do empreendimento florestal (Rodriguez, 1989).

3.5.3.1 Critério de cálculo do valor presente líquido das receitas

O cálculo dos coeficientes da função objetivo baseado no conceito de valor

presente líquido segue as recomendações sugeridas por Rodriguez (1989). Cada

prescrição de manejo florestal pode ser representada como um fluxo de caixa que, para

um determinado horizonte de tempo, expressa a seqüência de receitas brutas obtidas com

as colheitas de madeira e a seqüência de custos de implantação, de condução de

brotação, de manutenção, de colheita e de transporte. O valor presente líquido desse

fluxo de caixa é usado neste trabalho como indicador do desempenho econômico das

prescrições do manejo florestal.

Podemos representar o fluxo de caixa de um ciclo de duas rotações da seguinte

forma:

(+)

pV

r

pV

n

Anos

0____1____2____3____ ... ____ r ____ r+1 ____ r+2 ____ ... ____ n

(-)

C

0

C

1

C

2

C

3

C

r

C

r+1

C

r+2

C

n

onde:

C

t

(R$/ha) = Custo total das atividades florestais na UP no ano t (variando de 0 a n);

V

t

(m

3

/ha) = Volume total produzido pela UP no ano t (variando de 0 a r a n);

r = ano em que ocorre o primeiro corte da UP;

n = ano em que ocorre o corte final da UP;

p (R$/m

3

) = valor a ser pago pela unidade de volume colhida.

O custo presente total posto-fábrica (CP) das atividades florestais da Unidade de

Produção i sob a prescrição j (C

ij

) pode ser calculado pela expressão:

t ijt ijt ijt t ijt t ijt ij

i

V

Ctran

Ccol

i

CM

i

CI

CP

)

1

(

)

(

)

1

(

)

1

(

+

+

+

+

+

+

=

(14)

onde:

CI

ijt

(R$/ha) = Custo total de Implantação da UP i sob a prescrição j no ano t (neste caso,

no primeiro ano);

CM

ijt

(R$/ha) = Custo total de Manutenção da UP i sob a prescrição j no ano t

(considerando as operações pós-corte da primeira rotação também como manutenção);

Ccol

ijt

(R$/m

3

)= custo de colheita da Unidade de Produção i submetida è prescrição j no

Ctran

ijt

(R$/m

3

) = custo de transporte da Unidade de Produção i submetida è prescrição j

no ano t

Vijt (m

3

/ha) = Volume total produzido pela UP i no ano j;

Para que o valor presente líquido possa ser usado como critério de comparação

entre as prescrições é necessário resolver a questão temporal. Cada prescrição resulta em

fluxos de caixa com diferentes períodos de duração se considerado o momento em que o

ciclo florestal definido pela prescrição se encerra. Para que esta questão seja resolvida,

Rodriguez (1989) sugere a utilização de fluxos de caixa constituídos por dois períodos

básicos: (i) o período inicial compreende o horizonte de planejamento do estudo, dentro

do qual são consideradas as intervenções definidas pela prescrição e, (ii) um período

final resultante da repetição infinita do ciclo economicamente ótimo da unidade de

manejo para o qual se prescreve o regime de manejo sendo avaliado.

Essa metodologia de cálculo torna infinitos os horizontes dos fluxos de caixa,

uniformizando-os e resolvendo o problema da questão temporal. Agora, com os valores

comparáveis obtidos para cada prescrição, é possível hierarquizar os regimes de manejo

colocando aquele de mais alto valor como o primeiro classificado em termos de

desempenho econômico. Entretanto, apesar de economicamente ótimo, esse regime nem

sempre pode ser implementado, pois pode não recomendar a colheita da madeira em

anos de real necessidade de produção. Daí a importância das restrições que tratam da

imposição de níveis adequados de produção e que são apresentadas mais adiante.

A explicitação do método de cálculo do valor presente líquido do regime de

manejo envolve (i) a composição do fluxo de caixa durante o período inicial que toma

como referência o horizonte de planejamento do estudo e que se encerra com o término

do ciclo sendo avaliado e (ii) a seleção do ciclo economicamente ótimo, que se repetirá

em perpetuidade imediatamente após o encerramento do período inicial.

O ciclo economicamente ótimo de cada unidade florestal deve ser inicialmente

determinado. Sua definição é feita com base na fórmula de Faustmann (1849), também

conhecida como a fórmula financeira de cálculo do Valor Esperado da Terra – VET.

Estabelecidas idades mínimas e máximas de colheita e consideradas todas as

combinações possíveis de duração de cada conjunto de uma, duas ou mais rotações, é

grande o número de ciclos alternativos que poderiam ser prescritos para o manejo dos

plantios de eucalipto da empresa. Por exemplo, se forem considerados apenas ciclos de

duas rotações e três diferentes idades de corte, seriam nove as alternativas de manejo

possíveis, cada uma com um VET diferente. O ciclo economicamente ótimo será

definido como aquele de mais alto VET.

Conforme ressaltado por Rodriguez (1989), o VET pode ser interpretado como o

valor presente de uma séria perpétua de fluxos de caixa idênticos e representativos do

ciclo sob análise. Considerando-se um determinado ciclo completo, isto é, todas as

operações florestais compreendidas entre o plantio inicial e a última colheita antes de um

plantio, chega-se ao VET pelo seguinte roteiro:

Cálculo da Receita Líquida Futura produzida (variáveis descritas no fluxo de caixa

anterior):

= −

+

+

+

=

n t t ij ijn r n ijr ijn

pV

i

pV

C

i

RLT

1

)

1

(

)

1

(

(15)

onde:

RLT

ijn

(R$/ha) = Receita líquida futura (no ano n) da UP i submetida à prescrição j

V

ijt

(m3/ha) = Volume produzido pela colheita da UP i submetida à prescrição j no ano t

(com t variando de r a n)

C

ij

(R$/ha) = Custo total da UP i submetida à prescrição j

p (R$/m

3

) = valor a ser pago pela unidade de volume colhida*

i = taxa de juros (taxa de remuneração do capital)

*valor base será igual ao custo médio real da madeira própria posto-fábrica em 2001 (R$

33,81 m

-3

).

Para cálculo do VET, pode ser usado a fórmula de cálculo de valor presente para

uma série perpétua de contribuições periódicos, admitindo RLT

ijn

como essa

contribuição, da seguinte forma:

)

1

)

1

((

+

=

nijn ij

i

RLT

VET

(16)

onde:

VET

ij

(R$/ha) = Valor Esperado da Terra para a UP i submetida à prescrição j

Observação: Para uso nas equações futuras, o VET de maior valor será designado VET’.

Definido o ciclo economicamente ótimo, e o seu respectivo VET, é possível

então efetuar o cálculo do valor presente líquido de cada regime de manejo. Esse valor

presente, como já mencionado, expressa o desempenho financeiro dos eventos

programados para duas etapas seguidas. A primeira etapa considera os eventos ocorridos

durante o horizonte de planejamento. A segunda etapa se refere à seqüência infinita de

repetições do ciclo economicamente ótimo. Dessa forma, o valor presente de cada

regime pode ser calculado somando-se o valor do VET do ciclo economicamente ótimo

à receita líquida existente no último ano da primeira etapa deste regime.

3.5.3.2 Determinação do ciclo economicamente ótimo

Para desenvolvimento dos modelos de maximização do valor presente líquido

das receitas, e como observado por Rodriguez (1989), o ciclo economicamente ótimo de

corte para cada Unidade de Produção deve ser inicialmente estimado. A lógica reside em

determinar qual seria a alternativa de melhor desempenho econômico para cada uma das

UPs independentemente de sua inter-relação com as demais alternativas, de forma a se

obter um valor que corresponderia ao uso da UP além dos limites estabelecidos pelo

horizonte de planejamento e em perpetuidade.

Como a experiência da empresa recomenda o uso de ciclos de corte com duas

rotações (reforma e condução), haverá um ciclo economicamente ótimo dentro do

universo criado, portanto, de nove alternativas para cada UP. A forma de se determinar o

ciclo economicamente ótimo será, como já mencionado, pela adoção do VET (Valor

Esperado da Terra), amplamente utilizado e reconhecido como uma ferramenta prática

de cálculo.

3.5.3.3 Cálculo do valor presente líquido das receitas de cada prescrição

O maior valor obtido no cálculo dos VETs de cada UP será considerado o seu

VET ótimo (VET’) e será adicionado ao valor da receita obtida pelo último ciclo/rotação

previsto pelo regime, de acordo com o seguinte raciocínio:

1. Se o horizonte de planejamento permite a repetição de mais um ciclo completo

dentro dos seus limites, adiciona-se o valor de mais este ciclo e o valor do VET

ótimo à receita final obtida;

2. Se o horizonte de planejamento não permite a repetição do ciclo completo, ou

mesmo de uma rotação completa, soma-se à receita obtida no último corte, o valor

obtido no VET ótimo;

3. Se coincidirem o período do horizonte e o final de um ciclo completo, simplesmente

adiciona-se o valor de VET ótimo à receita líquida obtida.

O cálculo do Valor Presente Líquido em R$/ha pode, portanto, ser determinado

pela expressão geral:

' ' 0

(1

)

'

)

1

(

n n t t ijt ijt ij

i

VET

i

C

pV

VPL

+

+





+

=

=

(17)

onde:

VPL

ij

= Valor presente líquido das receitas da UP i submetida à prescrição j

n’ = ano em que ocorre o último corte do regime j

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