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4.2 Geração dos modelos

4.3.1 Testes das hipóteses: Hipótese I

Praticamente todos os parâmetros analisados confirmam o proposto na hipótese I.

Os modelos globais são efetivamente superiores em relação aos modelos regionalizados

ao se considerar simplesmente o resultado da função objetivo obtido (para os demais

parâmetros essa hipótese também se confirma e é discutida mais adiante). Esta condição,

embora repetida em todos os modelos, é bastante variável entre cenários. A variação nos

modelos de maximização está demonstrada na Tabela 38:

Tabela 38. Ganho percentual, nos valores da função objetivo, do modelo Global em

relação ao Regionalizado em todos os cenários de maximização do valor presente

líquido.

%

C/R S/R

Ordenado Livre Ordenado Livre

1 59.40 44.70 13.20 3.67 2 80.11 57.16 14.60 4.03 3 130.59 82.86 16.41 4.48 4 357.99 152.04 18.60 5.01 Cenários de valor 5 -* 654.27 21.02 5.57

* Superior a 700%. Nota: C/R e S/R = com e sem restrições operacionais,

respectivamente e 1= valor +20%; 2= valor +10%; 3= valor original; 4= valor -10%; 5=

valor -20%.

Os resultados do modelo global em relação ao regionalizado são

proporcionalmente melhores nos cenários onde as restrições são mais intensas (no caso,

as operacionais, as de estabilização da produção derivadas da imposição de ordenamento

e as provocadas pela disponibilidade de madeira de mercado em valores mais baixos).

Isso se explica pelo fato de haver disponíveis mais alternativas disponíveis, para cada

ano de produção, pois não há, teoricamente, limites geográficos que impeçam a

mobilização de máquinas entre as regiões. Como os modelos regionalizados não

possuem esta flexibilidade, há a tendência de apresentarem maior sensibilidade a

imposições como área máxima de colheita e a variações no valor da madeira de

mercado. O resultado desta inflexibilidade é expresso pela opção de adquirir maior

volume de madeira para cumprir as demandas anuais de produção, provocando redução

no valor da função objetivo.

A condição na qual os modelos mais se aproximam é a que não impõe nenhuma

necessidade de que se cumpram volumes estáveis anuais. É importante ressaltar que esta

é uma condição criada para efeito de utilização neste estudo como uma referência ótima

sob a ótica puramente financeira. O eventual desordenamento provocado no longo prazo,

além do horizonte de planejamento considerado no trabalho, descarta este conjunto de

cenários como uma alternativa prática. E mesmo sob esta condição financeiramente

“ótima”, o modelo global ainda expressa performance superior.

Na Tabela 39 estão demonstradas as variações de ganhos percentuais na função

objetivo para os modelos de minimização do custo presente:

Tabela 39. Ganho percentual, nos valores da função objetivo, do modelo Global em

relação ao Regionalizado em todos os cenários de minimização do custo presente.

%

C/R S/R

Ordenado Livre Ordenado Livre

1 5.52 4.50 0.17 0.67 2 5.91 5.25 0.34 0.84 3 5.91 5.53 0.42 0.89 4 5.93 5.66 0.58 1.07 Cenários de valor 5 6.01 5.75 0.70 1.29

Nota: C/R e S/R = com e sem restrições operacionais, respectivamente e 1= valor +20%;

2= valor +10%; 3= valor original; 4= valor -10%; 5= valor -20%.

Embora os resultados percentuais sejam claramente inferiores nos modelos de

mínimo custo quando comparados aos de máximo valor presente, dado o fato de os

valores absolutos obtidos nas funções objetivo serem muito maiores nesses modelos, a

tendência geral de performance superior dos modelos globais continua evidente. O

comportamento dos modelos em relação às restrições operacionais e ao ordenamento

difere do anterior em alguns pontos, no entanto.

Nas condições onde há maior restrição, produzidas pelas já mencionadas

restrições operacionais e a necessidade de ordenamento, o modelo global expressa a sua

maior flexibilidade pela produção de resultados menores de custo final e gerando,

conseqüentemente, maior ganho percentual em qualquer cenário de valor de madeira de

mercado.

Nos cenários onde não há restrições operacionais, no entanto, o resultado é

praticamente idêntico entre os modelos. E relativamente menor onde há a necessidade de

se ordenar a floresta. Isso se explica pelo fato de que a vantagem proporcionada ao

modelo global, por sua maior flexibilidade de alternativas, fica comprometida pela

necessidade de adquirir madeira no mercado nos anos onde sob a condição de produção

“livre” não haveria. A diferença entre as condições “ordenada” e “livre” para os modelos

regionalizados no cenário sem restrições operacionais é comparativamente bem menor,

pois a dependência da madeira de mercado ocorre em ambos os casos (como pode ser

observado na Tabela 26). Qualquer aquisição de madeira reflete diretamente nesta

modelagem em função de haver adição imediata do valor da madeira adquirida no

resultado da função objetivo

Em geral, os modelos regionalizados apresentam tendência em colher a floresta

em rotações um pouco mais longas, especialmente nos modelos de mínimo custo. Uma

das prováveis razões é que a limitação de alternativas implica na extração das maiores

produtividades pontuais possíveis das Unidades de Produção disponíveis, o que é

alcançado na rotações mais longas. A hipótese se confirma nos modelos de máximo

valor presente em função de gerarem mais volume por unidade de área, e

conseqüentemente maior receita, e nos modelos de mínimo custo por gerarem um menor

número de intervenções no horizonte de planejamento, produzindo menor desembolso.

Muito embora os planos de aquisição de madeira, e os planos de manejo

conseqüentes, sejam diferentes entre os modelos, a utilização da área plantável total é

praticamente idêntica entre eles. Há uma aparente tendência de que o modelo global

utilize a área própria com menor intensidade nos cenários de máximo valor presente

onde há restrições operacionais, com sub-utilização ainda maior quando há obrigação de

se produzir ordenamento. A lógica anterior é pertinente a esse caso também, pois as

restrições operacionais penalizam o modelo global mais intensamente que o

regionalizado, que por concepção já tem caráter mais restritivo. A razão desse

comportamento é a coincidência de produções de volume de um número maior de

prescrições de diferentes Ups do que no regionalizado. Induzido pela necessidade de se

produzirem volumes constantes, o modelo descarta alternativas quando poderia

eventualmente ocorrer produção excedente no ano. Controversamente, no entanto, o

percentual de aproveitamento de área é menor no modelo regionalizado nas condições

de minimização de custo (chegando a um patamar mínimo de 55,03% em um dos

cenários). Este comportamento caracteriza bem as diferenças observáveis entre os

modelos de minimização e maximização, a serem discutidas mais adiante. Aqui ele pode

ser resumido pela provável opção pelo modelo de se reduzir o custo total pela

eliminação das UPs que contribuem um número elevado de vezes no horizonte de

planejamento em razão destas estarem em idades correntes próximas da colheita,

limitando, desta forma, o desembolso em um número maior de intervenções

operacionais. Nos modelos de maximização, como a alternativa para aumentar o valor

da função objetivo é produzir receita, a opção é exatamente pelo contrário, por isso a

maior utilização da área.

Outra medida da eventual vantagem do modelo global sobre o regionalizado, e a

expressão que condensa todas as interpretações anteriores, é a prescrição de compra de

menores volumes anuais e totais de madeira de mercado em todos os cenários,

notadamente nos cenários de maior flexibilidade. Se um dos condicionantes principais

deste trabalho é a busca por auto-suficiência no suprimento de madeira, modelos que

apresentem resultado financeiro positivo só podem ser considerados interessantes se

incrementarem concomitantemente a participação de madeira produzida por recursos

próprios no planejamento, característica evidente do modelo global em todas as

condições analisadas.

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