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3 ANÁLISE DA TAXA DE MORTALIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

3.1 CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA ANÁLISE DA TAXA DE MORTALIDADE

Como principal instituição nacional de suporte aos pequenos empreendimentos, o SEBRAE realiza diversas atividades de apoio a esta categoria empresarial: cursos, prestação de serviços de consultoria, feiras, seminários, eventos de fomento e rodadas de negócios. A entidade também patrocina e coordena pesquisas de mercado que visam diagnosticar a realidade do empreendedor, suas maiores barreiras e carências.

Até o ano de 2007, o método empregado pelo SEBRAE para aferir a taxa de mortalidade ou sobrevivência das empresas brasileiras era a pesquisa de campo. Consistia de um processo demorado, financeiramente dispendioso, com visitação in loco para averiguação da condição de operação atual das empresas sorteadas na amostra, seguidas de entrevistas aplicadas aos empresários, com a pretensão de mapear, sob a ótica destes, quais fatores eram cruciais para o sucesso de seus empreendimentos e quais as causas de falência.

A partir de 2011, a instituição resolveu alterar o método de trabalho, abandonando a pesquisa de campo e lançando mão da modalidade de consulta e processamento de bases de dados governamentais. O SEBRAE optou por esta nova metodologia pelas seguintes razões: já vem sendo praticada por outras duas entidades oficiais – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – ainda que as bases de dados sejam distintas; e tem custo de implementação muito inferior à pesquisa de campo.

O contraponto a este novo tipo de pesquisa, inerente aos levantamentos que se restringem à consulta de dados secundários, é a perda na riqueza de informações qualitativas que permitem visualizar além do que os números denotam. Enquanto a pesquisa de 2007 buscava motivações para justificar os índices obtidos, a mais recente, de 2011, com a não realização de entrevistas em campo, teve caráter estritamente quantitativo.

O próprio relatório do estudo de 2011 admite a não investigação qualitativa dos fatores condicionantes para o sucesso, embora nele tenham disso feitas inferências para justificar seus resultados, como pode ser visto abaixo:

Embora o estudo não capte as razões da melhora nas taxas de sobrevivência, a

tendência ao aumento da sobrevivência aqui identificada está em sintonia com os avanços verificados tanto no âmbito dos negócios (p.ex.: com tendência à melhora na legislação em favor das MPE), quanto no que diz respeito à evolução das características dos próprios empreendedores brasileiros (p.ex.: aumento da escolaridade e dos esforços de capacitação) (SEBRAE, 2011, p. 27, grifo nosso). É de especial importância conhecer, sob a ótica dos empreendedores, quais fatores são considerados determinantes para o êxito empresarial, bem como os fatores que levam ao insucesso, relacionando-os com os benefícios que plataformas crowdsourcing têm potencial de proporcionar.

Para a análise da taxa de mortalidade, será empregada como fonte de dados secundários a sondagem realizada pelo SEBRAE em 2007, pelas seguintes razões:

a) utilizou abordagem qualitativa que complementa o estudo sobre os índices quantitativos;

b) seu relatório apresenta resultados para períodos de dois, três e quatro anos após a implantação da empresa, além de comparações com a edição anterior;

c) a sondagem de 2011 somente aponta a taxa de sobrevivência em até dois anos, portanto, não fornece histórico representativo;

d) nela, não foram abordados aspectos qualitativos relevantes para a compreensão dos números reportados.

Para a obtenção de taxas de mortalidade para períodos mais extensos (neste caso, até quatro anos), a amostra compreende empresas criadas no triênio 2003, 2004 e 2005 e verificadas no ano de 2007, quando da execução da pesquisa. Para efeito de esclarecimento, as taxas devem ser interpretadas segundo a convenção abaixo (SEBRAE, 2007):

a) empresas criadas em 2003 e verificadas com status inativo na amostragem de 2007: incrementam o indicador taxa de mortalidade em até quatro anos;

b) empresas criadas em 2004 e verificadas com status inativo na amostragem de 2007: incrementam o indicador taxa de mortalidade em até três anos;

c) empresas criadas em 2005 e verificadas com status inativo na amostragem de 2007: incrementam o indicador taxa de mortalidade em até dois anos.

Foi sorteada uma amostra de 14.181 (catorze mil, cento e oitenta e uma) micro e pequenas empresas, de todas as Unidades da Federação e do Distrito Federal (DF), formalmente constituídas e inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) nos anos de 2003, 2004 e 2005. As amostras foram extraídas a partir das bases de dados da Secretaria da Receita Federal (SRF), Juntas Comerciais dos estados, Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE, Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho, dentre outros protocolos oficiais. No estado do Ceará, a amostra contou com 525 (quinhentas e vinte e cinco) empresas. Este total representa 3,7% da amostra total do levantamento (SEBRAE, 2007).

Convém indicar os requisitos usados pela instituição patrocinadora para a classificação de empresas e os critérios de execução da referida pesquisa. O SEBRAE (2007) utiliza um critério de classificação de porte das empresas baseado na quantidade de empregados e no setor da atividade econômica em que atuam, conforme a tabela abaixo: Tabela 3 – Critério de classificação de porte das empresas

Fonte: SEBRAE (2007).

Segundo este critério, das mais 1,2 milhões de empresas brasileiras formalmente criadas todos os anos no Brasil, um índice acima de 99% são classificadas como de pequeno porte, microempresas ou empreendedores individuais (SEBRAE, 2011).

Uma ressalva sobre esta classificação por número de pessoas ocupadas: existe um tipo de empresa que não demanda um contingente elevado de empregados – eventualmente até menor que os valores limítrofes dispostos na tabela 3 – para que alcance resultados apreciáveis. Trata-se das firmas baseadas em tecnologia, que não demandam grandes estruturas físicas em seus estágios iniciais, o que elimina custos operacionais expressivos e contribui para uma maior rentabilidade.

Tal observação se faz necessária, pois é justamente neste grupo de empresas que se encontram as plataformas crowdsourcing, que possibilitam às firmas tradicionais o acesso a soluções em maior quantidade e diversidade, além de preços provavelmente menores do que habitualmente encontrariam.