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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Relação Sociedade-Natureza

2.2 Zoneamento Ecológico-Econômico como Instrumento de Desenvolvimento Sustentável

2.2.2 Critérios do Zoneamento

Conforme mencionado anteriormente, a tipologia do zoneamento menciona à definição de zonas convergentes, designando aspectos físico-geográficos e aspectos sociais e culturais. Dessa maneira, é oportuna a participação da comunidade local. Facilitará o ordenamento territorial em nível distrital, considerando o uso e ocupação do solo inclusive outros recursos naturais agregados.

No Brasil, segundo MMA (2002), os critérios que se destinam à organização do zoneamento em UC de proteção integral, podem ser iniciais e indispensáveis. Sendo assim, estes são físicas e legalmente mensuráveis por serem organizados sobre bases informatizadas de uso corrente: de profissionais nas áreas referidas que trabalham através de geoprocessamento e sensoriamento remoto e detalhados caso a caso, segundo escalas disponíveis para a área.

Assim, definir os critérios de zoneamento implica critérios físicos mensuráveis e especializáveis. Primeiramente, o grau de conservação de vegetais. O menor grau de degradação da vegetação geralmente condiciona o menor grau de degradação da fauna e dos solos. Ao contrário, quanto mais degradada estiver a vegetação de uma área, maiores interferências já teriam sofrido a fauna local e provavelmente também os solos. As áreas mais conservadas deverão conter zonas de maior grau de proteção. Este critério refere-se também aos cuidados que se precisa ter na identificação de ambientes fragmentados. A fragmentação resulta geralmente em uma paisagem constituída por terrenos com remanescentes de vegetação nativa entremeados por terrenos com vegetação degradada ou mesmo eliminada.

As áreas mais degradadas devem ser direcionadas para as zonas de recuperação ou para as zonas de maior intensidade de uso (Zona de Uso Intensivo, Especial e Interferência Experimental). Em segundo lugar, a variabilidade ambiental. Este critério tem sido condicionado principalmente pela compartimentação que o relevo apresentar, em relação à altitude e classes de declividades.

Considerando a identificação da compartimentação do relevo constitui-se em processo fundamental para a análise e explicação dos elementos da paisagem natural. A compreensão das organizações das formas do relevo e da drenagem, fatores intrinsecamente ligados em suas relações de causa e efeito, levam à compreensão dos fatores que atuam na distribuição dos solos e das diferentes fitofisionomias.

Áreas que contenham diferentes potenciais ambientes, como aquelas que são oferecidas pelo relevo muito recortado, devem merecer maior proteção. As diferenças acentuadas de altitude também ocasionam visíveis modificações na vegetação, o que, por sua vez, ocasionará também mudanças na fauna.

Assim, nesta dissertação, na tipologia de zoneamento, serão consideradas as características específicas do suporte do meio natural associado com aspecto social, cultural, político, econômico, como variados parâmetros no Distrito de Covalima. Assim, para espaço desse distrito, com fortes influências antropogênicas, deve-se dividi-lo utilizando seguintes categorias:

a) Categoria preservacionista: nesta, o potencial ecológico ou de suporte biológico, merece destaque, pois impõe a abrangência aos referidos espaços territoriais, considerados como a reverência à natureza no sentido da apreciação estética e vida espiritual/sagrado ou intocável (DIEGUES, 1996), intrinsecamente denominado pela cultura de Tara-Bandu relevante, entre outros aspectos ambientais, associados à vida espiritual (CRUZ, 2009), incluindo patrimônio construído, patrimônio arqueológico (em meio terrestre, fluvial e marinho) arquitetura tradicional e sítios tradicionais de relevância cultural associados a costumes e vivências locais, além de “espaços territoriais detentores de recursos naturais caracterizados pela evidente fragilidade ambiental”, (CERTREDE, 2006, p.31).

b) Categoria conservacionista: nesta, enquadram-se áreas dotadas de atributos naturais e/ou culturais relevantes, contudo atribuindo-se a permissão das atividades humanas,

desde que de forma sustentável, ou seja, compatíveis com o equilíbrio ecológico e exercidas mediante rigoroso controle (pelas polícias tradicionais) e/ou fiscalização pelo Poder Público, haja vista a codificação do Tara-Bandu relevante; considerando também a fragilidade ambiental ou a presença de ecossistemas protegidos pela legislação ambiental. Pode ser instituída uma unidade de proteção de uso sustentável, que no Brasil é chamada “Área de Proteção Ambiental-APA ou Área de Relevante Interesse Ecológico”, (CERTREDE, 2006). Pressuposto dessas áreas referidas, inevitavelmente é conservar o equilíbrio ecológico, permitida a ação antrópica, desde que não acarrete prejuízos ao meio ambiente, abrangendo atividades como visitas públicas, ecoturismo, lazer, pesquisa científica, além de atividades culturais.

c) Categoria sustentabilista: nestas áreas relevantes, concebidas como áreas de antropização é mais potencial em virtude de urbanização que lhe é peculiar. São permitidas as mais variadas atividades humanas, inclusive atividades industriais, principalmente as que implementam práticas de valorização de sustentabilidade ambiental. Quando as atividades, verificados poluidoras, devem ser precedidas de procedimentos administrativos para verificação da possibilidade de licenciamento.

Portanto, baseando na tipologia do zoneamento, intrínsecamente, insere-se o planejamento baseada na gestão ambiental usufruindo o que se chama planejamento ambiental. Este planejamento, em si requer a necessidade de estabelecer projetos de desenvolvimento para atender a uma demanda crescente da sociedade, buscando discutir instrumentos e instituindo mecanismos que busquem atender aos impactos do meio ambiente no mínimo possível, numa tentativa de conciliação das necessidades, ao menor custo social e econômico possível.

Assim, tal instrumento de gestão ambiental, auxiliar no processo de planejamento, bem como na operacionalização da gestão ambiental, de modo que esta gestão possa ser integrada de maneira estratégica por todas as suas atividades.

Evidentemente, tanto na práxis quanto na teoria, o planejamento e gestão ambiental são distintos e complementares. O planejamento ambiental contribui para uma preparação de cunho ambiental e inevitavelmente o social para a gestão futura, buscando-se minimizar ou evitar problemas de cunho ambiental e social, e, ampliar margens de manobra; e a gestão em si de cunho ambiental é a efetivação, ao menos em parte (pois o imprevisível e o indeterminado estão sempre presentes, o que torna a capacidade de flexibilidade sempre imprescindível) das diretrizes estabelecidas pelo planejamento ambiental.

O planejamento ambiental insere em si uma visão que conceitua planejamento relativamente preocupado com a questão de cunho ambiental. Surgiu ainda na década de 1950 do século passado como reação ao foco predominante de cunho econômico. Nos EUA, a principal preocupação girava em torno da necessidade de se avaliar os impactos ambientais resultantes de grandes obras estatais. Certamente surgiu nos EUA sob a pressão de pesquisadores preocupados com o processo de deterioração acelerada do meio ambiente, (SANTOS, 2004).

Um dos principais aspectos para o planejamento ambiental é analisar, em tempos futuros, a capacidade de manejo ou de implementação das diretrizes propostas, (FRANCO, 2001). Assim planejar é introduzir ação humana de projetar um futuro que é diferente do passado.

Segundo Mateo (1997, 1984), o planejamento ambiental é um instrumento dirigido para programar o uso do território, as atividades produtivas, o ordenamento dos assentamentos humanos e o desenvolvimento da sociedade, em congruência com a vocação natural de terra, o aproveitamento sustentável dos recursos e a proteção e qualidade do meio ambiente. Sua execução envolve uma complexidade de parâmetros que inclui variáveis ecológicas, econômicas, sociais e políticas e tem como propósito, manter a capacidade de sustentação dos ecossistemas e a proteção ambiental.

Então é preciso ter informações adequadas relativamente à análise e de reflexão sobre as potencialidades e as limitações dos sistemas ambientais de um território. Assim, o planejamento ambiental se concebe como instrumento preventivo da gestão ambiental em todas e em cada uma das suas formas. Deste modo, constitui-se, em si, o processo organizado de adquirir as informações de análise e reflexão sobre as potencialidades e as limitações dos sistemas geoambientais de um território.

A percepção ambiental vem sendo utilizada como instrumento de gestão em áreas de conhecimento ligadas ao tema Educacional, Social, Ambiental para melhorar a qualidade da vida das pessoas e da natureza (MARIN; OLIVEIRA; COMAR, 2003), bem como de análise e resgate do conhecimento tradicional.

A perspectiva da gestão ambiental ter sido fundamentada na base de estabelecimento de leis pelos órgãos competentes, dos órgãos de soberania do Estado (da RDTL). No Brasil, o fundamento legal da gestão ambiental é desenvolvido pela Política Nacional do Meio Ambiente, (MMA, 1999, p.24).

O conceito da gestão ambiental tem evoluído para uma perspectiva de gestão democrática. Sendo assim é compartilhada entre os diferentes agentes envolvidos em seus diferentes papéis.

Isto significa que a responsabilidade pela conservação ambiental é de toda a sociedade e não apenas dos órgãos da soberania do Estado, exclusivamente o Governo.

De maneira geral, conscientiza-se que a gestão ambiental caracteriza-se por um campo muito extenso.

Assim, neste contexto, o tratamento multidisciplinar é um requisito básico para o enfrentamento de problemas ambientais, que exige o trabalho de profissionais com diferentes formações atuando de forma articulada e envolvendo toda a sociedade.

Segundo Bolea (1984, apud BEZERRA, 1996, p.27), entende-se por gestão ambiental, um conjunto de ações que objetivem dar racionalidade máxima ao processo de tomada decisão relativa à conservação, defesa, proteção e melhoria do meio ambiente, baseando-se em informações coordenadas e multidisciplinares com participação dos cidadãos.

Tal definição visa evitar que parte das políticas públicas ou órgãos competentes de poder decisório valorizem os recursos naturais evitando uma devastação do meio e uma degradação generalizada da qualidade ambiental. Além disso, ampliar informações coordenadas e multidisciplinares com participação democrática.

Esse processo favorece a busca de conciliar as modalidades de utilização de gestão ambiental, a gestão de recursos, para a conservação do patrimônio natural e a reprodução das condições da potencial ecológico do desenvolvimento. Portanto, na práxis, a gestão ambiental, objetiva a condução dos processos dinâmicos e interativos entre o sistema natural e social, a partir da apropriação de um padrão de modelo de conservação e desenvolvimento desejados.

Desta maneira requer a necessidade de mediação do conflito entre o uso dos recursos naturais e o atendimento das demandas socioeconômicas e as ações de proteção e preservação do meio ambiente.