1.9 S´eries de termos n˜ao negativos
1.9.1 Crit´erio de compara¸c˜ao por limite para s´eries de termos positivos 75
b
Propriedade 65. 1. Sejam duas s´eriesXak e X
bk de termos positivos, se existe limak
bk
=a6=0 ent˜ao X
ak converge ⇔ X
bk converge . 2. Se limak
bk =0 ent˜ao a convergˆencia deX
bk implica convergˆencia de X ak. ê Demonstra ¸c ˜ao.
1. Existe n0 ∈N tal que para k > n0 tem-se 0< t1 < a−ε < ak
bk < a+ε < t2 como bk>0 tem-se
t1bk< ak< t2bk aplicamos a soma
Xn k=n0+1
, da´ı
t1 Xn k=n0+1
bk<
Xn k=n0+1
ak< t2 Xn k=n0+1
bk
usando essa desigualdade temos por compara¸c˜ao que se X
bk converge ent˜ao Xak converge e se X
ak converge ent˜ao X
bk converge.
2. De maneira similar ao item anterior.
Existe n0 ∈N tal que para k > n0 tem-se 0≤ ak
bk
< ε < t2 como bk>0 tem-se
0≤ak< t2bk aplicamos a soma
Xn k=n0+1
, da´ı
0≤ Xn k=n0+1
ak< t2 Xn k=n0+1
bk
usando essa desigualdade temos por compara¸c˜ao que se X
bk converge ent˜ao Xak converge.
Z
Exemplo 50. A s´erie Xsen(k1) diverge pois X 1k diverge e
klim→∞
sen(k1)
1 k
=1 pois isso equivale tomando 1
k =x que x →0 ent˜ao ca´ı no limite fundamental limx→0
sen(x) x =1. Notamos que sen(1
k) ´e positivo pois a fun¸c˜ao ´e positiva no intervalo (0,π 2).
Por isso podemos aplicar o crit´erio .
Z
Exemplo 51. Pode valer que Xak converge, valendo limak
bk = 0 e X bk n˜ao converge, tome por exemplo ak = 1
k2, bk = 1 k, X
bk n˜ao converge, limak
bk = lim k
k2 = lim 1
k = 0 e X
ak converge, logo a rec´ıproca do item 2 da propriedade anterior n˜ao vale.
Z
Exemplo 52. Se Xak de termos positivos converge ent˜ao Xsen(ak) tamb´em converge, pois da primeira convergˆencia temos limak = 0 da´ı para k grande vale que sen(ak)>0 e vale limsen(ak)
ak =1 ent˜ao X
sen(ak) converge.
Podemos ainda resolver sem esse crit´erio, pois se 0 <|x|< π
2 tem-se sen(x)<
x, da´ı com
0≥sen(ak)< ak e por compara¸c˜ao a primeira converge.
b
Propriedade 66. Seja (an) uma sequˆencia n˜ao-crescente de n´umeros reais positivos. Se Xak converge ent˜ao limnan =0.
ê Demonstra ¸c ˜ao. Usaremos o crit´erio de Cauchy . Existe n0∈ N tal que para
n+1> n0 vale
2na2n
2 =na2n ≤ X2n k=n+1
ak < ε
logo lim 2na2n=0. Agora mostramos que a subsequˆencia dos ´ımpares tamb´em tende a zero. Valea2n+1≤a2n da´ı 0<(2n+1)a2n+1≤2na2n+a2n por teorema do sandu´ıche segue o resultado. Como as subsequˆencias pares e ´ımpares de (nan) tendem a zero, ent˜ao a sequˆencia tende a zero.
$
Corol ´ario 26. A s´erie harmˆonica X 1k diverge, pois (1
n) ´e decrescente e vale limn
n =16=0.
b
Propriedade 67. Seja (xk) uma sequˆencia de n´umeros n˜ao negativos com a s´erie Xxk convergente ent˜ao X
x2k ´e convergente.
ê Demonstra ¸c ˜ao.[1] Como X
ak ´e convergente, vale limak = 0 e da´ı para k > n0 vale xk <1 que implica x2k≤xk logo por compara¸c˜ao X
x2k converge.
ê Demonstra ¸c ˜ao.[2] Como temos xk ≥ 0 segue tamb´em x2k ≥ 0, sendo ent˜ao s(n) =
Xn k=b
x2k temos∆s(n) =x2n+1 ≥0, logos(n) ´e n˜ao decrescente, se mostrarmos que a s´erie ´e limitada superiormente teremos uma sequˆencia que ´e limitada e mon´otona logo convergente. Temos que s(n) ´e limitada superiormente da seguinte maneira
Xn k=b
x2k≤( Xn k=b
xk)(
Xn k=b
xk) logo a s´erie ´e convergente.
$
Corol ´ario 27. Se Xak ´e absolutamente convergente ent˜ao X
a2k converge, usamos o resultado anterior comxk=|ak|, ent˜ao a convergˆencia deX
|ak|implica a convergˆencia de X
|ak|2 =X a2k.
Z
Exemplo 53. Se n˜ao vale xk > 0 ent˜ao podemos ter Xxk convergente e Xx2k divergente, pois X(−1)k
√k converge e X 1
k diverge.
b
Propriedade 68. Se Xak, ak>0 converge ent˜ao a s´erie X√ ak
k tamb´em converge .
ê Demonstra ¸c ˜ao. Usando a desigualdade de Cauchy (
a s´erie ´e limitada superiormente, sendo crescente, ela converge .
$
Corol ´ario 28. Se Xx2k, converge ent˜ao a s´erieXxk
k tamb´em converge, basta usar o resultado anterior com ak =x2k.
b
Propriedade 69. Se Xx2n e X
y2n convergem ent˜ao X
xn.yn converge absolutamente.
ê Demonstra ¸c ˜ao. Usando a desigualdade de Cauchy ( logo por crit´erio de compara¸c˜ao segue que X
xn.yn converge absolutamente.
1.10 Representa ¸c ˜ ao decimal
m
Defini ¸c ˜ao 17 (Representa¸c˜ao numa base b). Dado um n ´umero natural b >1, a representa¸c˜ao de um n´umero real x na formax= Xn k=−∞
bkak
onde ak ∈ {0,· · · , b−1}, ´e chamada de representa¸c˜ao na base b do n ´umero x . Cada ak ´e chamado de algarismo e k de seu ´ındice.
Caso x = Xn k=−∞
bkak denotaremos tamb´em
x = (an· · ·a0, a−1· · ·a−t· · ·)b
que vamos denotar em nota¸c˜ao compacta
x= (ak)n(k=−∞, b). Caso de um n ´umero natural
x= (ak)n(b) = (a0,· · · , an)b
o ´ındice b para simbolizar a base, o expoente n para simbolizar que k varia de 0 at´e n.
b
Propriedade 70. Todo n ´umero m∈N pode ser representado numa base a.ê Demonstra ¸c ˜ao.
Pelo teorema de divis˜ao euclidiana, se tomarmos n´umeros f(0) = m e a 6= 0 naturais, teremos n ´umeros f(1) e R(0) determinados univocamente, tais que f(0) = af(1) +R(0) com 0≤R(0)< a. Onde f(1) ´e o quociente, R(0) ´e o resto da divis˜ao de f(0) por a. Podemos assim definir uma sequˆencia
f(n) =af(n+1) +R(n)
onde R(n) ´e sempre o resto da divis˜ao de f(n) por a, logo R(n) ∈ {0,· · · , a−1}, f(n+1) ´e o quociente. esse tipo de recorrˆencia podemos encontrar a f´ormula geral .
Vamos resolver ent˜ao essa recorrˆencia. Tomamos f(n) = h(n) 1
an, substituindo temos
f(n)
a −R(n)
a =f(n+1) h(n)
an+1 −R(n)
a = h(n+1) an+1
−R(n)
a an+1= −anR(n) =∆h(n)
aplicando o somat´orio em ambos termos, variando de k=0 at´e n−1 temos Xn−1
k=0
∆h(k) =h(n) −h(0) = − Xn−1 k=0
akR(k)
h(n) =h(0) − Xn−1
k=0
akR(k) logo temos
f(n)an =h(0) − Xn−1
k=0
akR(k) tomando n=0 temos
f(0) =h(0) logo
f(n)an+ Xn−1
k=0
akR(k) =f(0)
se f(n) =R(n), podemos juntar ao limite superior do somat´orio, ficando com f(0) =
Xn k=0
akR(k)
Este resultado permite ver o mˆetodo para expressar um n´umero em termo de potˆencias de a que ´e chamado de base.
m
Defini ¸c ˜ao 18. Um algarismos `a esquerda de um algarismo at dado de Xmk=−∞
bk
s˜ao os algarismos ak com k > t, caso existam . Algarismos `a direita de at s˜ao os algarismos, ak comk < t, caso existam . Dados dois algarismos at e aw distintos, w > t, os algarismos entre esses dois s˜ao os algarismos ak com t < k < w, caso w=t+1 ent˜ao n˜ao existe algarismo entre at e aw.
m
Defini ¸c ˜ao 19 (Representa¸c˜ao decimal de n´umero natural). Um n ´umero natural pode ser representado da formaXn k=0
ak10k.
m
Defini ¸c ˜ao 20 (Representa¸c˜ao decimal de um n´umero real). Seja dada uma sequˆencia (ak)∞0 = (a0, a1, a2,· · ·) onde a0 ´e um inteiro qualquer e ak com k >0 pertence ao conjunto {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}. Um n ´umero real na forma decimal ´e representado pora0, a1a2a3· · ·
onde cada ak ´e chamado de d´ıgito do n ´umero na forma decimal . Para dar sentido `a a0, a1a2a3· · · como n ´umero real, definimos
a0, a1a2a3· · ·= X∞
k=0
ak
10k =a0+ X∞
k=1
ak
10k
O sistema decimal para representar n ´umeros naturais ´e variante do sistema sexagesimal utilizado pelos babilˆonios h´a cerca de 1700 anos antes de Cristo, ele foi desenvolvido na China e na ´India. Por neste sistema, todo n ´umero ser
representado por uma sequˆencia formada pelos algarismos 0, 1, ,2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,
sendo em n ´umero de 10, o sistema ´e portanto chamado de decimal .
O sistema decimal tamb´em ´e dito posicional, pois cada algarismo, al´em de seu valor intr´ınseco, possui um peso que lhe ´e atribu´ıdo em fun¸c˜ao de sua posi¸c˜ao dentro da sequˆencia. Esse peso ´e uma potˆencia de 10 e varia como exposto acima.
Agora vamos mostrar que essa s´erie da representa¸c˜ao decimal sempre converge , logo a0, a1a2a3· · · representa um ´unico n´umero real.
b
Propriedade 71. Cada decimal representa um ´unico n´umero real.ê Demonstra ¸c ˜ao. X∞
k=1
ak
10k ´e uma s´erie de n ´umeros positivos limitada supe-riormente pela s´erie
X∞ k=1
9
10k que converge para 1 ent˜ao X∞
k=1
ak
10k converge para um n ´umero real pelo crit´erio de compara¸c˜ao . O crit´erio de compara¸c˜ao usa que uma sequˆencia limitada superiormente e crescente converge para o supremo do con-junto, ent˜ao essa demonstra¸c˜ao em geral necessita que o corpo em que estamos trabalhando seja completo, por exemplo, nem toda representa¸c˜ao decimal converge para um n ´umero racional.
Com isso conclu´ımos que a0, a1a2a3· · · = X∞
k=0
ak
10k = a0 + X∞
k=1
ak
10k = c ´e um n ´umero real .
Pela unicidade de limite o n ´umero real que a0, a1a2a3· · · representa ´e ´unico . Cada a0, a1a2a3· · · representa um e apenas um n ´umero real.
$
Corol ´ario 29.0,9999· · ·=1 pois pela defini¸c˜ao de representa¸c˜ao decimal
0,99· · ·=0+ X∞
k=1
9 10k =1
No caso mostramos que uma representa¸c˜ao decimal para 1 pode ser dada por a0 =0 e ak=9 para todo k >0 ent˜ao associamos 0,9999· · · ao n ´umero 1 .
Perceba que o n ´umero 1 tem pelos menos duas representa¸c˜oes decimais, pois 1 tamb´em tem a representa¸c˜ao
1,00· · · pois
1,00· · ·=1+ X∞
k=1
0 10k =1.
$
Corol ´ario 30. Em geral a0,0000· · ·=a0 e (a0−1),9999· · ·=a0 pois(a0−1),9999· · ·=a0−1+ X∞
k=0
9
10k =a0−1+1=a0.
Conclu´ımos ent˜ao que todo n´umero inteiroa0 possui pelo menos duas representa¸c˜oes decimais
a0,0000· · · e (a0−1),99· · · .
Z
Exemplo 54.0,999· · ·=1 1,999· · ·=2.
m
Defini ¸c ˜ao 21 (Representa¸c˜oes decimais distintas). Duas representa¸c˜oes de-cimais a0, a1a2a3· · · e b0, b1b2b3· · · s˜ao ditas distintas quando as sequˆenciasassociadas (a0, a1, a2,· · ·) e (b0, b1, b2,· · ·) s˜ao distintas .
$
Corol ´ario 31. N ´umeros reais podem ter duas representa¸c˜oes decimais distin-tas.ConsidereBo conjunto das sequˆencias(a0, a1, a2,· · ·)associadas a uma representa¸c˜ao decimal, temos uma fun¸c˜ao f que associa a cada elemento de B a um n ´umero real, definida como
f(a0, a1, a2,· · ·) = X∞
k=0
ak 10k
por´emfn˜ao ´e injetiva, pois existem sequˆenciasx1 e x2 distintas tais quef(x1) =f(x2).
Podemos mostrar que f ´e sobrejetora, isto ´e, para cada x real existe uma sequˆencia x1 tal que f(x1) =x.
m
Defini ¸c ˜ao 22 (D´ızima peri´odica). Uma representa¸c˜ao decimal a0, a1a2· · · ´e dita ser uma d´ızima peri´odica quando a sequˆencia dos d´ıgitos (ak) ´e peri´odica a partir de algum k=n.m
Defini ¸c ˜ao 23 (D´ızima peri´odica simples ou D´ızima simples). Uma d´ızima peri´odica, ´e dita ser simples, quando a sequˆencia dos d´ıgitos (ak) ´e peri´odica a partir de k=1.m
Defini ¸c ˜ao 24 (D´ızima peri´odica composta ou D´ızima composta). Uma d´ızima peri´odica, ´e dita ser composta, quando a sequˆencia dos d´ıgitos (ak) ´e peri´odica a partir de k >1.Em R se considera a adi¸c˜ao usual + e o produto usual ×, que fazem de R um corpo, al´em disso se considera o limite com a norma do m´odulo
limxn=a⇔∀ ε > 0∃n0∈N|n > n0 ⇒|xn−a|< ε
Se usamos outra maneira de medir distˆancia ao inv´es do m´odulo, n˜ao se est´a trabalhando emR de maneira usual, seria algo como dizer, 1+1 n˜ao ´e 2 pois estamos usando uma "adi¸c˜ao"diferente, como por exemplo uma definida assim a+sb= (a+ b).2 da´ı 1+s1= (1+1)2 =4.
Em→ usando adi¸c˜ao, multiplica¸c˜ao e norma usual, definindo a expans˜ao decimal como s´erie tem-se
0,999· · ·=1.
Uma coloca¸c˜ao comum de alguns estudantes ´e que 0,999· · · n˜ao ´e 1 e sim tende a 1, o que n˜ao ´e verdade, pois 0,999· · · n˜ao ´e uma sequˆencia dessa forma n˜ao faz sentido dizer que ele tende `a 1, 0,999· · · ´e o limite de uma sequˆencia de n´umeros reais, por defini¸c˜ao, sendo portanto um n´umero real.
b
Propriedade 72. x ´e racional ⇔ possui representa¸c˜ao peri´odica.ê Demonstra ¸c ˜ao.
⇒). Se x ´e racional x = p
q, por divis˜ao euclidiana p=a0q+r0 logo x =a0+r0
q.
Existe s1 m´ınimo tal que 10s1r0 ≥ q, da´ı por divis˜ao euclidiana 10s1r0 = as1q+rs1, ent˜ao
x=a0+ r010s1
q 10−s1 =a0+as110−s1+rs1 q10−s1
vale que as1 <10 por minimalidade de s1 , pois caso contr´ario se as1 ≥10 ent˜ao 10s1r0 =as1q+rs1 ≥10.q
e por isso 10s1−1r0≥ q contradizendo a minimalidade de s1. Por isso as1 ´e inteiro no conjunto {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9}. Repetimos o procedimento com rs1
x=a0+as110−s1+as210−s2 +rs2 q 10−s2,
rsk ´e o resto da divis˜ao de um n ´umero por q, ele pode assumir os valores {0,1,· · · , q−2, q−1}, um n ´umero finito de valores, ent˜ao para algum k o n ´umero rsk deve ser igual a algum outro rst com k > t, da´ı o processo para se obter ask+1
´e o mesmo para se obter ast+1 e os n ´umeros come¸cam a se repetir na sequˆencia da expans˜ao decimal.
10sk+1|{z}rsk
=rst
≥q⇒sk+1 =st+1 10sk+1 rsk
|{z}
=rst
= ask+1
|{z}
=ast+1
q+ rsk+1
|{z}
=rst+1
por isso a representa¸c˜ao se torna peri´odica. Um n´umero racional possui representa¸c˜ao decimal peri´odica.
⇐). Um n ´umero com representa¸c˜ao decimal peri´odica representa um n´umero de-cimal. Um n ´umero com representa¸c˜ao decimal peri´odica ´e da forma
a0, a| {z }1· · ·at parte n˜ao peri´odica
at+1· · ·at+pat+1· · · ·at+p
a0+ Xt
k=1
ak10−k+at+1(10−(t+1)+10−(t+p+1)+10−(t+2p+1)+· · ·)+at+2(10−(t+2)+10−(t+p+2)+10−(t+2p+2)+· · ·)+
+· · ·+at+p(10−(t+p)+10−(t+p+p)+10−(t+2p+p)+· · ·)
onde cada parcela ´e racional, ent˜ao a soma resultante ´e um n´umero racional.
at+p(10−(t+p)+10−(t+p+p)+10−(t+2p+p)+· · ·) =at+p10−(t+p)(1+10−(p)+10−(2p)+· · ·) o n ´umero
X∞ k=0
10−kp ´e racional logo todas parcelas s˜ao realmente racionais.
Z
Exemplo 55. Achar d´ızima de 211. Temos que 2
11 = 20.10−1 11 =
11 11 + 9
11
10−1 =1.10−1+ 9
1110−1 =
=1.10−1+ 90
1110−2 =1.10−1+ (8.11 11 + 2
11)10−2=1.10−1+8.10−2+ 2
1110−2 = como aparece novamente o termo 2
11 as express˜oes come¸cam a se repetir . Ent˜ao temos que
2
11 =0,1818181818· · ·=0,18.
b
Propriedade 73. Sejam a= X∞k=0
ak10−k e b= X∞
k=0
bk10−k duas representa¸c˜oes decimais. Se a0> b0:
1. ent˜ao a≥b.
2. Vale a=b⇔a0 =b0+1, bk=9, ak=0 ∀k≥1.
ê Demonstra ¸c ˜ao.
1. Como a0 e b0 s˜ao inteiros e a0 > b0 ent˜ao a0 ≥b0+1, isto ´e, a0−b0 ≥1, da´ı
a−b= X∞ k=0
(ak−bk)10−k= (a0−b0)
| {z }
≥1
+ X∞
k=1
(ak−bk)10−k.
Ora, o termo X∞
k=1
(ak−bk)10−k atinge um m´ınimo quando cada ak−bk assume valor −9, onde a soma resulta em −1, por isso
a−b≥1− X∞
k=1
9·10−k =1−1=0 portanto a≥b.
2. a=b⇔a−b=0. Passando para a s´erie (a0−b0) +
X∞ k=1
(ak−bk)10−k=0
como vimos o m´ınimo atingido pela s´erie ´e −1 por isso n˜ao pode valera0> b0+1 o que implicaria a0 ≥ b0+2, isto ´e, a0−b0 ≥ 2, pois a soma n˜ao seria nula.
Portanto vale a0 ≤ b0 + 1 e de a0 > b0 segue que a0 ≥ b0 +1, portanto a0 = b0+1. Observe que essas desigualdades s˜ao poss´ıveis de serem tratadas assim pois a0 e b0 s˜ao n´umeros inteiros. Precisamos que
X∞ k=1
(ak−bk)10−k= −1, vamos provar que para isso acontecer, cada ak = 0 e cada bk = 9. Queremos
que suficiente-mente grande, isto ´e, maior que um certo natural.
ê Demonstra ¸c ˜ao. Por hip´otese n˜ao vale ak = bk para todo k, logo existe um
Multiplicando por 10t conclu´ımos que X∞ para todo k >0. Como quer´ıamos demonstrar.
$
Corol ´ario 32. • Se um n ´umero possui duas representa¸c˜oes decimais taln ´umero ´e racional.
• N ´umeros irracionais possuem representa¸c˜ao ´unica.