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a.1– Plan Cuba Primero:

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Capítulo 3: Embates legais e projetos de sociedade I O início dos embates e a ascensão do MCL: o Proyecto Varela

III. a.1– Plan Cuba Primero:

É adotado o prazo máximo de 7 dias após a aprovação do Programa Todos Cubanos em referendo para a libertação de todos os prisioneros de conciencia. A possibilidade da criação de uma comissão da verdade, ainda que não diretamente mencionada, é materializada no direito assegurado ao acesso à justiça para conhecimento e requisições sobre o período de vigência do governo revolucionário.

Todo ciudadano tiene derecho a presentar denuncias ante los tribunales, a recibir toda la información necesaria por parte de 131T. Todorov, p.26

las autoridades sobre hechos en los que considere que haya sido afectado injustamente, a busca la verdad sin ser reprimido por esto (…).133

Não mais fazem parte menções aos integrantes do governo e a seus partidários como futuros anistiados, apenas é dito que qualquer ato de revanchismo será punido. Um importante adendo é a incorporação no grupo dos anistiados de presos que cometeram delitos e crimes comuns de motivação econômica. É assumido que esses crimes, desde que não tenham sido acompanhados de atos de violência e que tenham sido motivados para assegurar minimamente a dignidade do sustento individual e familiar devem ser considerados justificáveis em vista da situação econômica e de abastecimento em Cuba. Ainda mais, o setor que trata da anistia reserva espaço para a criação de uma comissão que assuma a função de verificar as condições dos presídios cubanos e do tratamento delegado aos presidiários condenados por crimes comuns e que não receberão anistia.

III.b- Reencontro:

O exílio cubano é um ponto fortemente controverso. Apesar do grande número de migrantes que expressam abertamente sua discordância com o governo revolucionário, não é aceito oficialmente em Cuba a existência de um exílio. Até mesmo nos meios intelectuais e em pesquisas acadêmicas sobre as migrações é facilmente encontrada a expressão “diáspora cubana”. Denominação essa que esvazia de conteúdo o exílio e mascara o real processo de migração por motivação política.

Para F. Mitjáns, duas ondas migratórias são simbólicas para o exílio e para a afirmação de sua existência. Na década de 1980, a primeira delas, o “Porto de Mariel’. Em meio à crise, o porto foi aberto e todos aqueles que desejavam imigrar de Cuba receberam autorização para tal. O fato a pontuar é que além daqueles que já possuíam o ânimo de deixar o país, o governo revolucionário atuou de modo a estimular a saída de indivíduos indesejados. Opositores, presos políticos e comuns, doentes mentais e homossexuais faziam parte desse grupo de migrantes que no total alcançou a soma de 133 Programa Todos Cubanos, 2005. p. 56

125.000 cubanos.134 A segunda, os “Balseros”, nos anos 1990, quando milhares de

cubanos se lançaram no mar, muitas vezes em embarcações improvisadas, rumo aos EUA. 135

Negando sua condição política, F. Castro afirma categoricamente nos pronunciamentos sobre o Mariel que essa onda migratória foi impulsionada por motivos meramente econômicos e decorrentes do bloqueio econômico imposto pelos EUA. 136 O

mesmo pode ser aplicado aos migrantes conhecidos como “balseros”. Não apenas negados em seu caráter político, mas também estigmatizados como “fracos” e “traidores”.

De modo que no hay que preocuparse de que perdamos un poco de partes blandas. Nos quedamos con los músculos y con el hueso del pueblo. Con eso nos quedamos, con las partes duras. Son las partes duras de un pueblo las que son capaces de cualquier cosa. Y esas partes duras, que son muchas hay que respetarlas, porque tienen una fuerza impresionante, como se demostró en las batallas de masas de abril y de mayo. Nos quedamos sólo con el cerebro y con el corazón y los pies bien puestos sobre la tierra. Con las partes blandas cirugía plástica. Antes nos llevaban médicos, ingenieros, profesores, personal muy calificado. Ahora les tocó llevarse el lumpen. Esa es la realidad, a esos es que les han llenado la cabeza de ilusiones.137

É nesse sentido que um dos pontos considerados essenciais é o reconhecimento da existência de exilados, de homens e mulheres que saíram de Cuba por motivação diretamente política. Para tal, uma das ações principais será a criação da Comisión de Reencuentro Nacional, a ser formada por cubanos de todas as localidades. 138O objetivo

é assumir o caráter político do exílio, promover a reintegração daqueles que desejarem voltar e o amplo acesso à entradas de visitação rumo a Cuba, além do fim dos estigmas sociais por anos alimentadas contra aqueles que em algum momento optaram pela migração. Nos dizeres do MCL,

El largo tiempo de destierro y separación que hemos sufrido, donde manipulaciones y las humillaciones y desprecio contra los que se iban y 134 MITIJÁNS, Fernando Luís Gonzáles. “Entre o Estado Revolucionário e o exílio: invenção e re-

construção da memória do povo cubano.”Revista Brasileira do Caribe, Brasília, Vol. X, nº19. Jul-Dez 2009. p.230

135Idem, p.231

136 MARQUES, Rickley Leandro. “A Condición Mariel”. Revista Brasileira do Caribe, vol. VIII, n° 16.

p.482

137 CASTRO, Fidel. “Editorial”. In: Bohemia, año 72, No. 28, 11 julio de 1980.p.03 Apud MARQUES,

Rickley Leandro. “A Condición Mariel”. Revista Brasileira do Caribe, vol. VIII, n° 16.ppP.482-483

contra los que se han ido del país, ha sumergido en complejas situaciones a los cubanos que viven dentro y fuera de Cuba y ha sido causa de sufrimientos, reservas e incomprensiones que deben quedar atrás. Las soluciones, aunque no todas podrán darse de inmediato, son determinantes para la construcción de un futuro mejor para Cuba y para todos los cubanos, por tanto se hace necesario asumir con verdadero espíritu de diálogo y tolerancia este deber y deseo de todos. Todos los cubanos que viven en el exilio son parte inseparable de nuestro pueblo. 139

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