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Vamos começar este capítulo citando os seguintes versículos:

“Ora naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.”

Atos 6: 1-3 (grifo meu) Vivemos em uma sociedade em que as pessoas costumam olhar somente para si e para os seus problemas, desprezando a necessidade dos outros. Muitas vezes nos preocupamos se o banco de nossas Igrejas é confortável, se o sistema de ar condicionado está funcionando perfeitamente, se temos os melhores instrumentos, se construímos templos suntuosos e nos esquecemos de algo que tinha papel importante na Igreja de Atos.

Realmente, muitos dos membros e conseqüentemente das Igrejas do Senhor Jesus, têm desprezado a assistência social e se preocupado apenas com a sua vida e seus problemas. Afinal de contas, já temos muitos problemas para nos preocuparmos com os dos outros!

Olhe atentamente para a ênfase acrescentada por mim. Os apóstolos consideravam o diaconato um “importante negócio”. Eles não escolheram qualquer pessoa. Tinham de ser pessoas “de boa reputação, cheios do Espírito Santo de Sabedoria”. Impressionante como nós cristãos temos desprezado este importante negócio.

Talvez você esteja pensando: ah! Se o corpo de diáconos da minha Igreja não pratica a assistência social, é porque eles são negligentes. Eles são chamados por Deus para isso. Eu tenho outro ministério para desenvolver.

Já falamos sobre os diversos dons que formam um corpo, mas existe um dom que todos os cristãos precisam desenvolver: o dom do amor.

Devemos estar muito atentos para estas palavras muito importantes do Senhor Jesus:

“E quando o filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e deste-me de beber; era estrangeiro, e hospedaste-me; Estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitaste-me; estive na prisão e foste ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E respondendo o Rei, lhe dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim me fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer, tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servirmos?Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos não o fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.

Mateus 25: 31-46

Estas palavras de Jesus não anulam o fato de a salvação ser única e exclusivamente pela graça de Deus e não por qualquer obra que possamos fazer. O problema é que confiamos na graça de Deus e descansamos de fazer boas obras. Citamos com convicção Efésios 2: 8,9; mas sempre nos esquecemos do versículo 10:

“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”

Efésios 2: 10 A questão é fácil de ser entendida querido. Quando somos salvos, temos o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Somos intimados a amar.

“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.”

I João 4: 7,8 A lógica é simples: se você ama o seu semelhante, você conhece a Deus, se você não ama o seu semelhante, você não conhece a Deus. O amor que Deus nos dá é apenas uma conseqüência de nossa salvação. Lembremo-nos de que o amor é um dos gomos do fruto do Espírito Santo. (Gal 5: 22).

Se você não se preocupa com o seu semelhante ou se você não se doa para o seu próximo, em outras palavras, se você não ama ao seu irmão; comece a se preocupar com a sua condição de salvo em Cristo Jesus.

O amor implica não somente em palavras do tipo: “Jesus te ama e eu também”. Definitivamente o amor que o Espírito Santo derrama em nossos corações implica mais em ações do que em palavras. Implica principalmente em atitudes. Tiago nos exorta da seguinte forma:

“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano. E alguns de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?”

Tiago 2: 14,15 É isso que devemos fazer. Não devemos amar só de língua, mas principalmente por ações. Lembremos de nosso mestre. Ele desceu do céu, viveu como qualquer um de nós, e finalmente morreu na cruz. Ele apenas não disse que ama (Jo 15:13). Ele o manifestou com ações.

Interesse pelo fraco

Há outro ponto que podemos considerar e que também representa um egoísmo impressionante que é a falta de preocupação com um irmão fraco na fé ou um recém-convertido.

Quando um irmão de uma Igreja se sente fraco na fé, ao invés de levarmos a carga de nosso irmão (Gl 6: 2), nos apressamos em julgá-lo e agradecermos a Deus pelo fato de estarmos a tanto tempo firmes na Igreja sem nos desviarmos da casa do Senhor. Veja o que Paulo diz a esse respeito.

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para o seu próprio Senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Mas tu por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.”

Romanos 14: 4, 10 O que há em nossos dias é a valorização de “números” ao invés da valorização do “ser”. Dificilmente nos preocupamos com os indivíduos.

Você já participou de uma visita a um membro fraco na fé? É algo totalmente constrangedor, principalmente para quem está recebendo a visita. Só há acusações, indiretas e total falta de amor, carinho e cuidado pelas pessoas.

Responda com sinceridade. Na sua Igreja há um ministério de socorro? Há um programa de visitas estabelecido? Há um ministério de visitação reconhecido e honrado por toda a Igreja? Ou toda a Igreja só espera pelo pastor?

Nas parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho pródigo, em Lucas quinze, podemos ver o amor de Deus e o carinho para com aqueles que estão fracos.

No nosso caso, se perdemos uma ovelha, pensamos: ainda tenho noventa e nove. Se perdermos uma moeda, pensamos: ainda tenho nove e se perdemos um filho, ainda pensamos: pelo menos eu tenho um.

É muito triste quando vemos em muitas Igrejas, um espírito que rói como gangrena: o espírito da fofoca. Trágico é quando algumas pessoas procuram saber dos problemas dos outros apenas para fazer fofoca e não para orar e ajudar.

Você já deve ter ouvido frases do tipo: “Sabe a irmã fulana, soube que ela não está bem com marido... E o pastor, porque não está pregando como antes? O que será que está acontecendo com ele? Fulano está se desviando...graças a Deus que eu nunca faltei um domingo. Faça chuva ou faça sol eu estou na Igreja.”

Não há a menor valorização de ninguém, só há a valorização dos números. Não há misericórdia, não há compaixão. Estamos salvos e está tudo ótimo, as pessoas que cuidem de si mesmas.

É esse o triste caso de muitas Igrejas. Gosto da analogia que a compara a um hospital. É exatamente assim que devemos enxergar a Igreja: como um hospital.

O bom samaritano

Muitas pessoas, antes de chegarem à casa de Deus, passaram por diversos lugares e situações que a machucaram profundamente. Estão acuados, feridos pela vida e sujos no lamaçal do pecado. É exatamente como a parábola do bom samaritano. (Lucas 10: 30-37).

Podemos ver um quadro que acontece muitas vezes todos os dias:

“E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.”

Lucas 10: 30 Impressionante como a palavra de Deus é perfeita. Este é o quadro de muitas pessoas que chegam até nós. Caem nas mãos de salteadores (Satanás e seus demônios) que lhes roubam tudo o que possuem: família, casamento, filhos, emprego, saúde, paz, confiança, amor-próprio, esperança, sonhos e etc, e as arrastam de um lugar para o outro, espancando-as, enganando-as e por fim as deixam meio mortas.

A parábola continua:

“E ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.”

Lucas 10: 31,32 Eu imagino que quando o Senhor chegou neste ponto da parábola, as pessoas que estavam com ele, quando ouviram estas duas palavras, “sacerdote” e “levita”, pensaram que o problema do homem estaria resolvido. Um dos dois ou mesmo os dois o ajudariam.

Pessoas meio mortas cruzam as nossas vidas quase que diariamente e será que passamos de largo? Será que viramos o rosto e pensamos que não é problema nosso? Ou pensamos que outra pessoa poderá ajudá-lo?

Existe uma pergunta muito intrigante que Caim fez ao Senhor Deus e que ecoa pelos séculos e muitos a fazem. Acompanhe com atenção o texto a seguir:

“E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?”

Gênesis 4: 9 Deus sempre nos pergunta: Lembra-se daquele irmãozinho que eu coloquei perto de você? Onde ele está? Muitas vezes nós respondemos a Deus da mesma forma que Caim respondeu: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” Deus está te respondendo que sim. Você é guardador do seu irmão! Você é responsável pelo seu irmão, e por ajudar aqueles que te cercam. Para isso você é chamado por Deus.

Pare um pouco e lembre-se daquelas pessoas que ao longo da sua vida, Deus colocou perto de você para que esteja sendo o seu guardador. Onde elas estão? Estão todas na casa de Deus? Pense nisso, pois é muito sério! Para que, quando tivermos que comparecer ao tribunal de Cristo, Deus não tenha que citar o versículo onze: Uma alma clamando no inferno e tudo por causa de nossa negligência.

Isto é tão precioso aos olhos de Deus que Ele mesmo vai cobrar de nós o sangue de cada pessoa nessa situação.

“Mas se, quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, se a espada vier e se levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, mas o seu sangue demandarei da mão do atalaia”

Quando Jesus disse que nenhum deles ajudou ao homem, penso que uma pergunta deve ter pairado pela cabeça dos ouvintes: se o sacerdote e o levita não ajudaram aquele homem; então quem o fez?

De rejeitado a ajudador

Quando o Senhor citou a palavra “samaritano”, os seus ouvintes devem ter ficado bem assustados. Para você entender o por quê, é necessário que você saiba quem são os Samaritanos.

Em II Reis 17, podemos ver o cerco de Sargão II, rei da Assíria, a Samaria e o conseqüente cativeiro. Ele trouxe para a terra de Israel gentios que não conheciam ao Senhor e começaram a adorá-lo junto com os seus deuses. O resultado da mistura desses gentios, com o povo que ficou, deu origem aos Samaritanos.

Quando Judá voltou do seu cativeiro, eles começaram a odiar os samaritanos por causa dessa mistura de Israel com os gentios. Este ódio atingiu o seu ápice na época de Jesus. Veja o conceito que os Judeus tinham a respeito dos samaritanos.

“Responderam, pois, os judeus e disseram-lhe: Não dizemos nós que és samaritano e que tens demônio?”

João 8: 48 Jesus é chamado de endemoninhado e samaritano. Chamar alguém de samaritano está no mesmo nível de chamar alguém de endemoninhado. Impressionante! Agora você deve estar percebendo como viviam os samaritanos à margem da sociedade judaica.

É fácil explicar porque o samaritano quando viu aquele homem à beira do caminho meio morto “moveu-se de íntima compaixão”. Ele mesmo já estivera meio morto várias vezes. Talvez, não fisicamente como aquele homem, mas nos seus

sentimentos. Quantas vezes o samaritano escutou xingamentos, foi desprezado, insultado, humilhado. Somente ele poderia entender a dor daquele homem à beira do caminho. Somente ele poderia sentir o que aquele homem estava sentindo. O levita e o sacerdote nunca poderiam agir assim, pois eles nunca haviam passado por nada disso. Sempre foram honrados pela sociedade judaica. Sempre foram aclamados pelo povo.

É interessante quando nós analisamos a fundo o amor que este samaritano demonstrou. Ele moveu-se e comoveu-se de íntima compaixão por uma pessoa que muito provavelmente nunca iria falar com ele (Jo 4: 9). Se fosse ao contrário, muito provavelmente ele nunca seria ajudado. Que tipo de amor é esse? É o amor que é derramado em nossos corações pelo Espírito. Mas o samaritano não apenas “moveu-se e comoveu-“moveu-se de íntima compaixão”, mas “atou-lhe as feridas”. Nós não devemos ficar apenas na vontade, nas palavras, mas devemos partir para as atitudes.

“...assim como houve prontidão de vontade, haja também o cumprimento.”

II Coríntios 8: 11b Deus nos convida não apenas a pensar em ajudar, mas a concretizar o nosso pensamento e ajudar. Deus está nos convidando não apenas a sentir pena, mas a agir, realizar, colocar em prática o sentimento pelo qual estamos sendo comovidos. Deus está nos convidando a passar dos pensamentos e das palavras, para as atitudes.

Como dissemos no começo deste capítulo, todos os dias pessoas com as mais diversas feridas cruzam os nossos caminhos e Deus nos intima a que estejamos atando-lhes as feridas.

É possível que você esteja se perguntando: como eu posso atar a ferida de alguém? A resposta é: ame, ame, ame, ame!

“Porventura, não há ungüento em Gileade? Ou não há lá médico?”

Jeremias 8: 22a Aleluia! Há ungüento em Gileade! Há médico! Há solução! Há restauração! Há vida! Somos convocados a demonstrar o bálsamo do amor de Deus e alvoroçarmos um mundo carente de tudo, mas principalmente de amor!

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