Uma vez que a Editus adotou a perspectiva de dispor seus livros na web,
essa postura exigiu da editora uma série de atitudes que pudessem colaborar com a democratização do acesso ao conhecimento, mas também que a resguardasse de entraves judiciais possíveis no futuro. Além da sistematização de documentos cumprindo as determinações legais, enfrentamos entraves com autores que não permitiram que suas obras fossem levadas a público no espaço digital.
No primeiro momento, para a liberação ao público no site da instituição
– no Editus Digital –, foi necessário entrar em contato, por e-mail e/ou telefone,
com cada autor para que este tivesse ciência da nova conduta e assinasse uma declaração autorizando a inserção. Alguns autores não concordaram. No entan-to, a maioria foi favorável. Aqueles que não conseguimos retorno no momenentan-to, aguardamos o esgotamento da obra para apresentar novamente este diálogo no momento do contrato para uma nova edição ou reimpressão.
Para evitar este trabalho com as novas publicações, tivemos que rever os termos do contrato padrão da editora, inserindo uma cláusula que nos autorizava a disponibilizar a publicação na web em acesso aberto. Assim, ao assinar o
refe-rido documento, o autor/organizador da obra autoriza a editora a disponibilizar seu livro para download gratuito no site institucional. Durante um tempo, por
segurança e por entender a transição para uma nova política, mantivemos o con-trato e a autorização.
Após uma nova revisão contratual, atualizamos a cláusula e adotamos a disponibilização após seis meses da publicação da versão impressa. Este aspecto é avisado e conversado com cada autor, para que tenha consciência dos proce-dimentos, este cuidado não nos libera dos demais instrumentos referentes ao Direito Autoral – autorização de uso de imagem, de texto de terceiros etc.
Quando conseguimos aderir a rede SciELO Livros, deparamo-nos com novo problema. A autorização contratual previa a disponibilização para download
gratuito. Nossa primeira inserção na SciELO havia sido em acesso aberto. No en-tanto, como a universidade precisa pagar uma taxa por título que passa a integrar
valor dessa comercialização viabilizasse a entrada de novos livros – uma opção oferecida pela rede e que favorece a sustentabilidade da política sem gerar lucro para nenhuma das partes (editora e autor).
Esta postura nos fez pensar na necessidade de desenvolver um novo instru-mento para nos resguardar quanto ao Direito Autoral, uma vez que o contrato não previa venda na internet. Deste modo, chegamos a criar um documento em que o autor permite a disponibilização em acesso comercial na referida plata-forma, desde que o recurso desta operação seja convertido para a ampliação da participação da universidade com novos títulos.
Além dos aspectos contratuais, outra medida preventiva foi a divulgação, no site da UESC, dos procedimentos para a para publicação pela Editus, neles já
constando a questão da liberação para o acesso aberto como um dos critérios de aceitação da obra. No ato da submissão, o interessado assina uma declaração de que leu e tem conhecimento sobre as regras de publicação.
Neste sentido, a experiência dos últimos cinco anos tem apontado para a atenção aos direitos autorais, mas também para a ampliação de alcance da edito-ra, seja no campo do livro físico, seja ocupando o ciberespaço. Entendemos que, por se tratar de área em constante transformação, as rotinas produtivas preci-sam também ser continuamente repensadas. Na seara das universidades públicas, equacionar os interesses sociais, os direitos do particular e os deveres do servidor importa no acompanhamento e atualização permanente dos processos editoriais e dos instrumentos jurídicos de garantia da legalidade dos atos administrativos.
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