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3. CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.3 Cupins: aspectos taxonômicos e distribuição no mundo

biológico e do manejo integrado de D. opuntiae nas plantações de cactos.

Falcão et al. (2013) avaliaram três cultivares de palma com diferentes níveis de tolerância a

D. opuntiae: O. ficus-indica (Clone IPA20-sensível e F08-torelante) e a palma mexicana orelha de

elefante (resistente), cultivadas em campo na presença da cochonilha. Foi analisada a cera epicuticular, açucares solúveis, aminoácidos livres, proteína total, clorofila, índice de ácidez, atividade da carboxilase do PEP e a produção de biomassa das palmas. A palma torelante foi mais eficiente na conversão de biomassa e produção de maior biomassa quando comparada com as demais. Os resultados confirmam que a cultivar tolerante deve ser cultivada no Nordeste brasileiro e também utilizada para o melhoramento das plantas.

Os inseticidas são usados no controle de altas populações, em especial os organofosforados são uma ferramenta comum no controle de Dactylopius, sendo os inseticidas mais utlizados Malatiom, Paratiom Metílico y Triclorfom (BADII e FLORES, 2001). Contudo, o uso indevido desses produtos pode causar prejuízos aos produtores e consumidores das palmas, sendo o uso de inimigos naturais uma alternativa para o controle desses insetos (VANEGAS-RICO et al. , 2010).

3.3 Cupins: aspectos taxonômicos e distribuição no mundo

Os cupins ou térmitas são insetos sociais da classe Insecta, ordem Isoptera, com mais de 2.900 espécies descritas, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (ZORZENON et al., 2006). Eles vivem em colônias populosas formadas por castas de indivíduos ápteros e alados, que são abrigados em ninhos, chamados de termiteiros ou cupinzeiros. Os indivíduos alados possuem dois pares de asas membranosas, de forma, estrutura e nervação semelhantes, daí o nome da ordem, que vem do grego (isos = igual; pteron = asas). Alimentam-se de materiais celulolíticos e lignolíticos e se desenvolvem por hemimetabolia, ou seja, o inseto apresenta metamorfose incompleta (CONSTANTINO, 2002; GALLO et al., 2002). A maioria das espécies não é considerada praga no meio urbano, e sua presença nas cidades, antes de ser deletéria é benéfica, estando presentes em jardins, parques e reservas florestais, decompondo elementos importantes para homeostase ambiental, sem causar prejuízos às edificações e jardins (MILANO e FONTES, 2002).

A ordem Isoptera é muito conhecida pelo seu potencial como praga, porém os cupins-praga constituem a minoria dentro do grupo (cerca de 10 %). Contudo, destaca-se o papel ecológico desses insetos que é primordial no ambiente, sendo considerados consumidores primários ou decompositores (herbívoros e detritívoros) nos ecossistemas naturais, realizando a reciclagem de nutrientes por meio da trituração, decomposição, humificação e mineralização de recursos celulósicos (COSTA-LEONARDO, 2002). Assim, os cupins possuem grande importância nos

ecossistemas tropicais, pois as modificações no ambiente vão desde alterações no aspecto visual da paisagem, pela construção de seus ninhos, como de microrrelevos de murundus, até modificações nas propriedades físicas e químicas do solo (HOLT e LEPAGE, 2000). Os cupins podem ser pragas em sistemas agrícolas (cana-de-açúcar, milho, arroz), florestais (eucalipto, pinus), urbanos (construções) e pastoris (pastagens) (BERTI-FILHO e FONTES, 1995). O alto índice da densidade das áreas urbanas favoreceu o aparecimento e a instalação de algumas espécies de cupins nessas áreas, as quais se tornam pragas devido à facilidade que esses possuem de se adaptar às mais variadas condições no meio urbano. As infestações por cupins vêm aumentando no Brasil e causam prejuízos nas cidades (ELEOTÉRIO e BERTI FILHO, 2000).

O Brasil tem uma das termitofaunas mais diversificadas do mundo, com cerca de 300 espécies, distribuídas nas seguintes famílias: Kalotermitidae, Rhinotermitidae, Serritermitidae e Termitidae. A família Termitidae possui uma diversidade de espécies, distribuídas em 100 gêneros nas regiões tropicais, sendo que cerca de 85% dos cupins conhecidos no território brasileiro compõem as seguintes subfamílias: Macrotermitinae, Apicotermitinae, Termitinae e Nasutitermitinae. Os cupins dessa família constroem diferentes e complexos ninhos; alimentam-se de madeira, de folhas, de húmus e alguns são cultivadores de fungos (CONSTANTINO, 1998, GALLO et al., 2002).

A subfamília Nasutitermitinae é a mais diversificada da ordem Isoptera, e algumas espécies desta subfamília atacam o madeiramento de construções em áreas urbanas do Brasil. O gênero

Nasutitermes tem ampla distribuição mundial e é considerado o mais rico em variedades de

espécies. Os cupinzeiros destes insetos podem ser formados por cerca de três milhões de indivíduos e a longevidade máxima da colônia varia entre 40 a 80 anos (KAMBHAMPATI e EGGLETON, 2000). Esse gênero possui cerca de 200 espécies identificadas, distribuídas nas regiões tropicais, nas quais constroem seus ninhos em troncos, nas raízes de árvore e acima ou abaixo do nível do solo (SCHEFFRAHN et al., 2002).

Os ninhos de Nasutitermes são conhecidos popularmente como cabeça de negro, construídos em árvores (ninhos cartonados) (Figura 4), enquanto algumas espécies também podem construir ninhos epígeos e subterrâneos. Nestes são encontrados operários dimórficos, robustos e escuros. (Figura 5a). Os soldados são dimórficos com cabeça globosa de coloração variada (preta ou marrom) com projeção cefálica chamada de nasuto bem desenvolvida, possuindo uma glândula frontal que secreta substância tóxica para proteção química, a qual ocupa quase toda a cavidade cefálica, e mandíbulas vestigiais; o corpo tem cor e coloração variáveis (cinza, alaranjada, marrom, etc) (Figura 5b). Os reprodutores alados são pigmentados, com asas escuras, sendo encontrados em áreas litorâneas devido ao hábito de construir ninhos em árvores (ZORZENON et al., 2006).

As castas de operários e soldados forrageiam ativamente sobre o solo e não constroem túneis, mas os soldados são os primeiros a encontrar fontes alimentares, e avisam por meio de ferormônio às outras castas. A formação de novas colônias pode ser realizada por revoadas, onde casais de alados perdem as asas e originam o rei e a rainha, os quais fundam um novo cupinzeiro. Há relatos da presença de ninhos de Nasutitermes em residências, em vigas internas dos telhados e em sótão. Os cupins também constroem túneis nas paredes das residências próximos a focos dos insetos em árvores infestadas (COSTA-LEONARDO, 2002).

Buschini e Leonardo (1999) avaliaram o número de indivíduos reprodutivos presentes nas colônias de Nasutitermes sp. e também a estratégia utilizada na reprodução. Vinte e quatro ninhos foram coletados e uma única rainha e um rei foram encontrados em 17 deles, sendo que nos demais ninhos não foram encontrados estas castas, nem qualquer outro indivíduo reprodutivo. Os ninhos foram pesados, e os ovos postos pelas rainhas foram contados. Não foi encontrada relação entre o volume dos ninhos e o peso de suas respectivas rainhas, mas o número de ovos postos por rainhas durante uma hora correlacionou-se positivamente ao seu peso.

Figura 4. Cupinzeiros de Nasutitermes corniger em árvores localizadas na UFPE. Fonte: próprio autor. Lopes (2013).

Três categorias de cupins que causam danos econômicos são encontradas no Brasil: os cupins de madeira seca, os cupins subterrâneos e os cupins arborícolas. Estragos causados pelos cupins arborícolas em propriedades e bens são relatados no Brasil desde século XVI, sendo a maior parte das espécies pertencentes ao gênero Nasutitermes, todas da fauna nativa, comuns no país e consideradas pragas nas áreas urbanas (CUNHA, 1989; MILANO e FONTES, 2002). As infestações causadas por Nasutitermes são aparentes, pois as espécies constroem túneis em superfícies visíveis como paredes, tetos e pisos. As infestações podem ser disseminadas pelo solo, sob o piso e no entorno de paredes, por dentro e no trajeto de conduítes elétricos e telefônicos, de tubulações hidráulicas e, em pequenos espaços, dentro de paredes e pisos (FONTES e MILANO, 2002).

Na região Nordeste do Brasil são encontradas 31 espécies de térmitas destribuídas nas famílias Kalotermitidae, Rhinotemitidae e Termitidae: Anoplotermes sp., Nasutitermes callimorphus Mathews, N. corniger, N. Kemneri Snyder & Emerson, N. ephratae (Holmgren), N. macrocephalus (Silvestri), N. coxipoensis (Holmgren), N. longirostratus (Holmgren), Nasutitermes sp.,

Velocitermes sp., Diversitermes sp., Subulitermes cf. microsoma (Silvestri), Armitermes holmgreni

(Snyder), Embiratermes neotenicus Holmgren, Labiotermes labralis (Holmgren), Syntermes sp.,

Syntermes nanus Constantino, Syntermes grandis (Rambur), Rugitermes sp., Heterotermes longiceps (Snyder), Rhinotermes marginalis (L.), Amitermes amifer Silvestri, Cavitermes tuberosus

Figura 5. Nasutitermes corniger: operário (a) e soldado (b). Fonte: próprio autor. Lopes (2013).

(Emerson), Cylindrotermes sapiranda Rocha & Cancello, Microcerotermes exiguus (Hagen), M.

struncki (Sörense), Neocapritermes opacus (Hagen), Termes medioculatus Emerson, Termes sp., Aparatermes sp. Ruptitermes cf. reconditus (Silvestri); sendo que algumas dessas espécies causam

danos no ambiente urbano (COSTA-LEONARDO, 2002; OLIVEIRA, 2011).