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3. CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.5 Controle biológico de insetos-praga

3.5.4 Uso de extratos vegetais no controle de insetos

Diversas espécies vegetais são testadas com sucesso no controle de insetos. Os vegetais são usados na medicina popular como agente antimicrobiano, antiinflamatório, hipoglicemiante, com potencial para uso biotecnológico industrial (LEITE et al., 2006; LEITE et al., 2007), e apresentam ação inseticida contra insetos-praga (SÁ et al., 2009).

Estudos relatam o efeito inseticida dos extratos de Nim (Azadirachta indica A. Juss) em cerca de 400 espécies de insetos das ordens Lepidoptera, Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Diptera e de ácaros e nematóides (MARTINEZ, 2002). Essa planta é considerada uma das espécies mais difundidas no controle de insetos, devido a substâncias inseticidas presentes em suas folhas e em seus frutos (MEDINA et al., 2004). Dentre os mais de 40 terpenóides já identificados com ação inseticida, a azadiractina é o composto mais eficiente (SCHMUTTERER, 1995). Os compostos bioativos do Nim são usados na forma de pós, extratos aquosos e/ou orgânicos, óleos e pastas, além de frações parcialmente purificadas e formulações ricas em azadiractina (SAXENA, 1989). O Nim foi usado primeiramente contra pragas caseira e de armazenagem, sendo utilizado nas culturas de arroz e de cana-de-açúcar desde 1930, visando o controle de Diatraea saccharalis (Fabricius) e de espécies de cupins (SAXENA, 1993). A eficiência do extrato dessa espécie é comprovada sobre a lagarta-do-cartucho do milho Spodoptera frugiperda J.E. Smith, o parasitóide Trichogramma

pretiosum Riley, as pupas das moscas Lucilia cuprina (Wiedemann), Chrysomya megacephala

(Fabricius), Cochliomyia hominivorax (Coquerel), Musca domestica (L.) e a praga de milho armazenado S. zeamais, entre outros (GÓES et al., 2003; GONÇALVES-GERVÁSIO e VERDRAMIM, 2004; DELEITO e BORJA, 2008; SOUZA e TROVÃO, 2009).

O extrato aquoso do fruto de Melia azedaracha L. foi testado sobre ninfas de B. argentifolli na cultura do tomate (Lycopersicum esculentum Mill.) por Sousa e Vendramim (2000), causando a mortalidade de 90% das ninfas do inseto.

Thomazini et al. (2000) analisarm os efeitos de extratos de folhas e de ramos (0,1 %, 1,0 % e 5,0 %) de Trichilia pallida Swartz sobre o desenvolvimento e oviposição de Tuta absoluta (Meyrick) (traça-do-tomateiro). Os extratos afetaram principalmente a fase larval do inseto, aumentando a duração e reduzindo a viabilidade desse período. Entretanto, o extrato de folhas teve maior atividade que o de ramos, pois reduziu em 20% a viabilidade larval, a partir da concentração de 1%. O extrato de folhas a 5% não apresentou efeito ovicida.

Torres et al. (2001) avaliaram os extratos aquosos de plantas sobre Plutella xylostella L. na cultura da couve (Brassica oleraceae L.). O extrato aquoso do fruto de cinamomo, M. azedaracha prolongou a fase larval de P. xylostella, enquanto a viabilidade pupal foi afetada em 100% e a

mortalidade larval foi de 96,7%. O extrato da amêndoa de A. indica causou a morte total das larvas, enquanto os extratos aquosos de folhas de salsa, Ipomoea asarifolia (Ders.) Roem. & Schult. O extrato aquoso de Trichilia pallida Swartz não causou variação na duração e viabilidade larval e pupal.

Tavares (2002) estudou o efeito inseticida de Chenopodium ambrosioides L. sobre o inseto adulto de Sitophilus zeamais (Motschulsky), praga de grãos armazenados, mostrando que ele foi eficiente no controle do inseto.

Carvalho et al. (2003) testaram óleo essencial de Lippia sidoides Cham. (alecrim-pimenta) no controle da larva do mosquito A. aegypti, observando que a menor concentração (0,017 %) desse produto causou mortalidade de 100 % das larvas, quando acrescido do alcalóide Thymol, que é o principal componente do óleo essencial de L. sidoides, responsável pela ação larvicida.

Cavalcante et al. (2006) avaliaram o potencial inseticida de extratos aquosos foliares de

Prosopis juliflora (Sw.) DC (algaroba), Myracrodruon urundeuva Fr. Allem. (aroeira), Leucaena leucocephala (leucena) e Mimosa caesalpinifolia (sabiá) sobre Bemisia tabaci Gennadius (mosca-

branca). Apenas os extratos de P. juliflora e L. leucocephala causaram mortalidade de 75 % de ninfas e a inviabilidade sobre de ovos. Esses extratos e o de M. caesalpinifolia afetaram a fertilidade do inseto, reduzindo a taxa de reprodução, o tempo médio de geração e a taxa intrínseca de crescimento por três grações da mosca-branca.

Sausen et al. (2007) analisaram o efeito inseticida dos extratos aquosos do pó-de-fumo (Nicotiana tabacum L.) e de DalNeem (produto à base de A. indica), nas concentrações de 5 % a 10 % sobre a joaninha Eriopis connexa Germar. Os autores verificaram que a ingestão dos produtos vegetais ocasionou redução na oviposição de E. connexa, entretanto a eclosão das larvas não foi afetada por esses extratos.

Barbosa et al. (2007) testaram a ação inseticida de extratos de Cyperus rotundus L. (tiririca) sobre Diabrotica speciosa Germar e verificaram que esses foram mais eficientes em concentrações mais elevadas.

Segundo Lima et al. (2008), as plantas produzem variados compostos no seu metabolismo secundário, os quais estão relacionados com a interação da planta com o meio ambiente, agindo, por exemplo, na defesa contra insetos, bactérias e fungos. Os autores testaram o efeito do óleo essencial de frutos de Ilicium verum L. e de Cymbopogon citratus (DC) sobre o comportamento de

Brevicoryne brassicae L. Esses óleos apresentaram efeito repelente para o pulgão nas concentrações

de 0,5% e 0,1%, respectivamente.

Santiago et al. (2008) avaliaram os efeitos dos extratos aquosos de folhas e ramos de arruda (Ruta graveolens L.), folhas e ramos de melão-de-são-caetano (Momordica charantia L.), folhas de

S. frugiperda, sendo analisados a duração e viabilidade das fases larval e pupal, peso de pupa,

fecundidade, fertilidade e longevidade de adultos. O extrato aquoso de R. communis apresentou bioatividade nos parâmetros duração larval e pupal e peso de pupa, enquanto o extrato de R.

graveolens reduziu o peso de pupa. O extrato de folhas e ramos de M. charantia reduziu a

viabilidade larval e o peso de pupa. Já o extrato aquoso de folhas de L. sidoides não afetou a fase larval e pupal, mas reduziu a postura e a viabilidade de ovos e aumentou a longevidade de adultos de S. frugiperda. A viabilidade de pupa não foi afetada pelos extratos estudados.

Karahroodi et al. (2009) avaliaram o potencial de repelência dos óleos essenciais de 17 plantas sobre adultos da maripousa Plodia interpunatella (Huebr) verificando que os maiores índices de repelência foram obtidos pelos óleos esesenciais das espécies Anethum graveolens (Dill)

Thymus vulgaris L. e Rosmarinus officinalis L. com percentuais de repelência entre 93,33 e 100%,

respectivamente.

Migliorini et al. (2010) testaram nove espécies de vegetais: salvia (Salvia officinalis L.), cravo (Eugenia caryophyllata Thunb), noz-moscada (Myristica fragans Houtt), cinamomo (Melia

azedaracha L.), timbó (Ateleia glazioveana Baill), eucalipto (Eucalyptus citriodora Hook), canela

(Cinnamomum zeylanicum Blume), figueira (Ficus microcarpa L.), alecrim (R. officinalis), sobre o inseto Diabrotica speciosa Germar e observaram que os extratos mais eficientes foram o timbó, noz-moscada e cinamomo, com porcentagens de eficiência variando entre 80,4% e 100%.

Soares et al. (2011) avaliaram o efeito inseticida dos óleos essenciais extraídos de Piper

hispidinervum C.D.C., Cymbopogon citratus Stapf, Citrus limon (L.) Osbeck, Syzygium aromaticum

(L.) Merr. & L.M.Perry e R. officinalis sobre a lagarta desfolhadora Thyrinteina arnobia Stoll. Foram usadas três concentrações (1%, 5% e 10 % v/v), diluídas em acetona, sendo testadas sobre lagartas do 3° ínstar. Os óleos essenciais de P. hispidinervum, C. citratus e S. aromaticum foram eficientes no controle de T. arnobia.

3.5.5 Controle biológico de cochonilhas por extratos vegetais

Poucas são as pesquisas realizadas sobre o uso de bioinseticidas de origem vegetal no controle de espécies de cochonilhas. Neste sentido, Guirado et al. (2003) avaliaram a eficiência de controle do óleo extraído de sementes de Nim (A.indica) aplicado isoladamente e em associação com óleo mineral (Triona) no controle da cochonilha escama-farinha Unaspis citri (Comstock). Os autores constaram que óleo de Nim (1%) associado a óleo mineral (1%) causou a morte de 86,21% da cochonilha após 16 dias do tratamento.

Com o objetivo de conhecer o potencial de algumas plantas no controle da cochonilha- branca, P. citri, Santa-Cecília et al. (2010) avaliaram a atividade de extratos de 188 diferentes

espécies de plantas coletadas na região Sul do estado de Minas Gerais. Dentre os extratos avaliados, apenas o extrato da casca do abacate (Persea americana Mill), na concentração de 250mg/mL, foi eficiente, causando mortalidade acima de 77% de ninfas de P. citri em cafeeiro.