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3. SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

3.3. Cursos de Aprendizagem

Os Cursos de Aprendizagem, de acordo com o Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, assumem-se como uma modalidade de formação de dupla certificação destinada a jovens.

A Portaria n.º 1497/2008, publicada em 19 de Dezembro, vem revogar as Portarias e os Despachos publicados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 205/96, de 25 de Outubro, regulando as condições de acesso, a organização, a gestão e o funcionamento dos Cursos de Aprendizagem, bem como a avaliação das aprendizagens e a certificação.

Os Cursos de Aprendizagem constituem-se como uma modalidade de formação da responsabilidade do IEFP, IP, desenvolvida pelos Centros de Formação Profissional da rede deste Instituto, ou por entidades formadoras externas, designadamente – outras entidades tuteladas pelo ministério responsável pela área da formação profissional e entidades formadoras públicas e privadas, devidamente certificadas no âmbito do sistema de certificação de entidades formadoras, com excepção das escolas básicas, secundárias e profissionais – num quadro de complementaridade da oferta formativa disponibilizada e na sequência de um processo de selecção das entidades formadoras externas.

Estes Cursos desenvolvem-se com base nos planos curriculares e os referenciais de formação do CNQ, ajustados à estrutura curricular que integra o anexo 1 da referida Portaria e estão organizados por áreas de educação e formação, de acordo com a Classificação Nacional de Áreas de Educação e Formação, anteriormente referida.

Os Cursos de Aprendizagem assumem-se como uma oferta de dupla certificação de nível secundário particularmente relevante, dirigida a um público com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, que privilegia a inserção no mundo do trabalho sem limitar, contudo, o prosseguimento de estudos de nível superior.

Atribuem à Formação Prática em Contexto de Trabalho um peso significativo na duração global (cerca de 40%) e uma dimensão marcadamente formativa, valorizando-

Avaliação da FPCT no âmbito dos Cursos de Aprendizagem ● Relatório de Estágio 35

-se a intervenção e o contributo formativo das empresas, assumindo-se estas como espaços de formação, geradores de aprendizagens.

A valorização crescente da intervenção e do contributo formativo das empresas, tem, naturalmente, implícito um maior nível de exigência, quer por parte destas, quer dos restantes actores que intervêm na realização e no acompanhamento destes Cursos.

Os Cursos de Aprendizagem conferem, simultaneamente, uma certificação profissional e uma habilitação escolar de nível secundário, correspondendo ao nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações. Têm uma duração aproximada de 3 anos e realizam-se em alternância, entre um Centro de Formação Profissional e uma Empresa (também denominada por Entidade Enquadradora).

Estes Cursos desenvolvem-se em alternância, tendo por base os seguintes princípios orientadores:

• Intervenção junto dos jovens em transição para a vida activa e dos que já

integram o mercado de trabalho sem o nível secundário de formação escolar e profissional, com vista à melhoria das condições de empregabilidade e de inclusão social e profissional;

• Organização em componentes de formação – sociocultural, científica,

tecnológica e prática – que visam as várias dimensões do saber, integradas em estruturas curriculares predominantemente profissionalizantes adequadas ao nível de qualificação e às diversas saídas profissionais;

• Reconhecimento do potencial formativo da situação de trabalho, através de uma

maior valorização da intervenção e do contributo formativo das empresas, assumindo-as como verdadeiros espaços de formação, geradores de progressão das aprendizagens;

• A alternância é entendida como uma sucessão de contextos de formação,

articulados entre si, que promovem a realização das aprendizagens com vista à aquisição das competências que integram um determinado perfil de saída.

A referência à formação em alternância remete-nos para a existência de diferentes lugares/espaços de formação, a cada um dos quais são distribuídos responsabilidades e papéis específicos ao longo do processo de formação, assentes numa dualidade de espaços formativos e na articulação entre as aprendizagens efectuadas no Centro de Formação Profissional (CT/FP) e as aprendizagens realizadas na empresa (Cabrito, 1994).

Avaliação da FPCT no âmbito dos Cursos de Aprendizagem ● Relatório de Estágio 36

Entende-se por alternância, segundo a Portaria n.º 1497/2008, de 19 de Dezembro, a interacção entre a formação teórica e a formação prática e os contextos em que as mesmas decorrem, sendo a formação prática distribuída, de forma progressiva, ao longo do percurso formativo. Reconhece-se, assim, o potencial formativo da formação realizada em situação real de trabalho, através de maior valorização da intervenção e do contributo das empresas, assumindo-se estas como espaços de formação apropriados (conceito de empresa qualificante).

Segundo Duarte (2007) a alternância entre o CT/FP e a Empresa, entre a aprendizagem em contexto de formação e a aprendizagem em contexto real de trabalho/empresa, é relevante para a aquisição de competências profissionais mais sólidas.

A participação das empresas na qualificação dos jovens e adultos, na qualidade de entidades de apoio à alternância, constitui uma experiência de grande relevância na procura de soluções para o problema do envolvimento do sistema produtivo no processo de qualificação da população activa nacional (Duarte, 2007).

A formação profissional aumenta o potencial dos recursos dos indivíduos para que possam utilizá-los e combiná-los na construção das suas competências, tornando-se um momento de mobilização dos conhecimentos de formação. Le Boterf (2003) menciona que a formação em alternância visa facilitar ao máximo a aprendizagem dessa transferência. Na pedagogia da alternância, os momentos de formação prática não são momentos de aplicação da teoria. Eles devem levar à identificação e à combinação do que foi aprendido para realizar diversas actividades ou projectos em contextos particulares.

Na aquisição de competências profissionais, a aprendizagem em contexto de ensino ou de formação não corresponde naturalmente ao seu exercício em contexto real, já que o formando não é um profissional, daí a relevância de se organizarem períodos de formação prática em contexto real de trabalho, sob a forma de alternância, como se verifica nos Cursos de Aprendizagem, ou sob a forma de estágios curriculares, como acontece noutras modalidades de formação, nomeadamente nos cursos profissionais.

A formação em alternância remete-nos para um modelo de formação onde o elemento dominante do processo formativo é a empresa e as aprendizagens que nela decorrem, bem como a existência de um contrato de aprendizagem negociado entre a empresa e o formando consubstanciado num plano individual de actividades. Aprender em situação real de trabalho é, fundamentalmente, o objectivo desta formação que se

Avaliação da FPCT no âmbito dos Cursos de Aprendizagem ● Relatório de Estágio 37

destina ao desenvolvimento de competências e destrezas que contribuam para melhorar o desempenho individual.

O contacto diário com o mundo do trabalho, em períodos determinados, com base

numa planificação previamente definida, e relativamente longos26

Actualmente, a grande maioria dos percursos formativos, integrados em todas as modalidades de formação, independentemente dos destinatários, inclui uma componente de FPCT, com carga horária definida em função da tipologia associada ao nível de saída, possibilitando a articulação entre Centro de Formação/Escola-Empresa e entre teoria-prática.

, permite: uma articulação permanente entre o saber teórico e o saber prático; uma exploração sistemática das diferentes aprendizagens; uma aferição contínua das aprendizagens realizadas nos dois espaços de formação; uma aprendizagem progressiva das regras e normas a respeitar no quadro da especificidade das empresas e uma integração gradual do formando na empresa que permita uma socialização antecipada na profissão e no mundo do trabalho (Cabrito, 1994).

A FPCT é uma forma de organização da formação que surge no âmbito de um processo e/ou percurso formativo como uma oportunidade de aplicação prática dos conhecimentos adquiridos por via da aprendizagem teórica ou por via da experiência.

Esta componente de formação, realizada numa empresa, também designada por Entidade Enquadradora, tem como objectivo proporcionar aos formandos:

• O contacto com tecnologias e técnicas mais modernas e desenvolvidas, que se

encontram, frequentemente, para além das situações simuláveis durante a formação;

• A aquisição de conhecimentos e competências inerentes a uma determinada

qualificação profissional;

• A oportunidade de aplicação dos conhecimentos e competências adquiridos em

contexto de formação a actividades concretas em contexto real de trabalho;

• O desenvolvimento de hábitos de trabalho, espírito empreendedor e sentido de

responsabilidade profissional;

• As vivências inerentes às relações humanas no trabalho e de trabalho em equipa;

• O conhecimento da organização empresarial.

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A duração total da componente de FPCT varia entre 1100 e 1500 horas, sendo a duração de referência em cada período de formação a seguinte: 1.º período de formação - 300 horas; 2.º período de formação - - 550 horas; 3.º período de formação - 650 horas.

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É num contexto de necessária interacção entre a formação profissional e o mundo do trabalho que a FPCT surge como componente de formação de elevada utilidade e relevância ao dotar os jovens de competências e atitudes facilitadoras da sua inserção na empresa.

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4. FORMAÇÃO PRÁTICA EM CONTEXTO DE TRABALHO NO