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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.8. Curva de embebição

Para as amêndoas de B. excelsa, houve correlação com efeito positivo entre a massa da semente e as grandezas equatorial 2 (0,84) e longitudinal (0,80) das amêndoas do genótipo

Rosa, de forma que a massa variou diretamente em função dos valores das dimensões lineares. No entanto, não houve correlação entre o massa e a variável diâmetro equatorial 1 da Castanheira do genótipo Rosa e entre todas as dimensões da Castanheira do genótipo Branca (Tabela 16).

Tabela 16. Correlação de Pearson entre massas e dimensões lineares das amêndoas da espécie B. excelsa. (mm). Correlação de Pearson a 5% de probabilidade.

As massas e o percentual de água apresentaram valores médios próximos para ambos os genótipos das amêndoas, sendo que a umidade e a massa úmida e seca para amêndoas do genótipo Branca foram (5,88%; 2.580,0 g; 2.541,2 g) e para Rosa (5,14%; 2.815,0 g; 2.549,0 g) respectivamente (Tabela 17). Sob as mesmas condições e tempo de armazenamento, mas com tamanhos diferentes, as amêndoas dos genótipos Rosa e Branca apresentaram padrões de umidade semelhantes.

Os parâmetros morfométricos apresentados na Tabela 18 demostram que para sementes do genótipo Branca a massa seca (2,54 g) e os diâmetros equatorial 2 e longitudinal (14,84; 26,46 mm) foram menores que para o genótipo Rosa (2,84g; 15,01 mm; 27,96 mm).

Tabela 18. Estatística descritiva da massa e dimensões lineares das sementes de Castanheira do Brasil do genótipo Branca e Rosa.

MS DEQ1 DEQ2 DLO

Genótipo Branca

Limite Inferior 1,53 6,87 10,64 20,4

Média 2,54 12,76 14,84 26,46

Desvio Padrão 0,36 1,55 1,65 2,24

Limite Superior 3,81 16,52 19,39 30,9

Genótipo Rosa

Limite Inferior 0,81 9,52 10,22 21,45

Média 2,84 12,74 15,01 27,96

Desvio Padrão 0,77 1,36 2,15 2,28

Limite Superior 5,09 18,47 21,75 33,44

Onde: MS= massa de uma semente (g); DEQ 1 e 2= diâmetro equatorial (mm); DLO= diâmetro longitudinal (mm).

Na padronização das classes dos diâmetros, definiu-se para o genótipo Branca:

intervalo CI 2,008 – 2,671 g e CII 2,671 – 3,335 g; e para o Rosa: CI 1,705 – 2,953 g e CII 2,953 – 4,202 g. A distribuição da massa das sementes, tanto para a Branca quanto para a Rosa concentrou-se na classe de menor valor (CI). Na Figura 11 a curva do genótipo Branca apresentou-se mais simétrica que o genótipo Rosa, que obteve assimetria à direita.

Figura 12. Distribuição de frequência e classes de tamanho da espécie B. excelsa. Genótipo: A) Branca; B) Rosa.

Camargo (2010) encontrou médias de comprimento de sementes para Castanheira, chamada Rosa, Rajada e Mirim iguais á 45,67; 41,00 e 37,81 mm respectivamente, no município de Cotriguaçu - MT. Santos et al. (2006) encontraram para sementes da Castanheira do Brasil diâmetros longitudinal, equatorial 1 e 2 equivalentes à 45,86; 20,20 e 28,20 mm. O período da dispersão e coleta, as condições ambientais durante a origem da semente e diferentes origens são fatores que podem influenciar no tamanho da amêndoa (LARCHER, 2004; SREENIVASULU; WOBUS, 2013).

A massa pode descrever a entrada de água na semente, portanto foi utilizada como parâmetro de classificação das sementes para a curva de absorção. A embebição durante a germinação possibilita sínteses e atividades enzimáticas e hormonais, digestão, translocação e assimilação de reservas e subsequente crescimento do embrião, provocando o aumento do volume e facilitando a ruptura do tegumento (FILHO, 2005).

Sob 25 °C ambas as classes de amêndoas para o genótipo Branca mudaram da Fase I para a Fase II aos 13 dias, para a Rosa a classe de menor massa da semente (CI) aos 16 e a classe de maior massa da semente (CII) aos 18 dias (Figura 12). Em ambas as temperaturas testadas a estabilização da curva foi mais evidente para o genótipo Branca.

Figura 13. Curva de embebição das sementes da espécie B. excelsa à 25°C, genótipo: A) Branca e B) Rosa.

Onde: CI= classe I (amêndoas com menor massa) e CII= classe II (amêndoas com maior massa).

As Classes das amêndoas do genótipo Branca obedeceram ao mesmo padrão também sob 30° C, finalizando a Fase I da embebição aos 9 dias. Nessa temperatura, a transição das fases nas sementes do genótipo Rosa ocorreu primeiro para a classe CII (11 dias), e aos 16 dias para CI (Figura 13).

A massa da semente influenciou no padrão da entrada de água somente nas amêndoas do genótipo Rosa. Para ambas as classes e genótipos, a temperatura de 30°C acelerou a transição entre a Fase I e II. O padrão da embebição foi diferente entre as amêndoas da Rosa e da Branca.

Figura 14. Curva de embebição das sementes da espécie B. excelsa à 30°C, genótipo: A) Branca e B) Rosa.

Onde: CI= classe I (amêndoas com menor massa) e CII= classe II (amêndoas com maior massa).

A temperatura influencia no processo germinativo, agindo sobre a velocidade de absorção, uma vez que interfere na solubilidade dos fluidos, afeta também as reações bioquímicas que determinam todo o processo, alterando a velocidade da germinação (POPINIGIS, 1985).

A grande quantidade de reservas e/ou um balanço hormonal interno podem afetar o tempo de embebição das sementes da castanheira, retardando a ativação enzimática e a diferenciação dos tecidos meristemáticos, dessa forma a germinação é desuniforme e lenta (CAMARGO et al., 2000).

A umidade da semente no momento da mudança entre as fases foi menor nas sementes da classe CI, independente da temperatura ou genótipo da espécie B. excelsa (Tabela 19). Já sob 30°C o teor de água nas sementes foi ligeiramente maior no intervalo classe entre 2,953 – 4,202 g de tamanho no genótipo Rosa. Portanto, sementes padronizadas como CII necessitam de mais água pra finalizar a Fase I.

Amêndoas do genótipo Branca mudaram de Fase mais rapidamente, com destaque à CI que atingiu umidade superior (20,19% sob 25°C e 20,32% sob 30°C) em menor tempo (13

e 9 dias) que a CI da Rosa (16,25% sob 25°C e 16,25% sob 30°C; em 16 dias) indicando que amêndoas do genótipo chamado de Branca possuem maior facilidade de absorção de água.

Tabela 19. Teor de Umidade ao final da Fase I das amêndoas de B. excelsa.

Temperatura 25°C 30°C

Genótipo Teor de Umidade (%)

Branca Classe I 20,19 20,32

Classe II 42,30 43,20

Rosa Classe I 16,25 16,25

Classe II 66,45 74,56

Tais diferenças na velocidade de embebição entre as amêndoas de castanha da espécie B. excelsa podem ser explicadas pela distinção na composição e anatomia das sementes dos genótipos Branca e Rosa.

Conforme Camargo et al. (2000) o conteúdo interno da semente de B. excelsa é envolto por uma camada epidérmica e uma película com tecido bastante lignificado, composto por células mortas sem distinção visível entre si, além disso, há presença de corpos de óleo de tamanho variável nos tecidos parenquimáticos. Essas estruturas interferem no fluxo de água para o interior da semente.

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