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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.7. Relação biométrica entre as épocas de coleta

Figura 11. Razão entre massas (sementes/ouriço) de B. excelsa Rosa e Branca.

5.6. Resíduos gerados

Obteve-se massa média em gramas para as 300 sementes, amêndoa e tegumento do genótipo Rosa valores iguais à 5,76, 2,84 e 2,92 g e para o genótipo Branca 4,53, 2,54 e 1,99 g, respectivamente. A partir dos valores médios do número de sementes por ouriço e massa do ouriço, calculou-se a quantidade de resíduo gerado.

Constatou-se que no beneficiamento dos frutos e sementes de B. excelsa do genótipo Rosa obteve-se mais resíduos (68,35 %) que do genótipo Branca (60,35%), sendo aproveitado apenas 31,65% e 39,65% de amêndoas para os respectivos genótipos. Zuidema (2003) relatou que castanhas sem casca pesam cerca de 35% do fruto.

Muitas vezes os ouriços são abertos na floresta e depositados lá mesmo. Porém uma minoria utiliza este material como lenha e na confecção de artesanatos (FAUSTINO; WADT, 2014). Outra forma de se aproveitar os resíduos é na produção de substratos para nutrição vegetal (MENDES et al., 2007), que poderia ser incorporado no cultivo de espécie florestais e hortaliças, sendo o substrato orgânico uma nova possibilidade de subproduto dos frutos da Castanheira.

5.7. Relação biométrica entre as épocas de coleta

A espécie B. excelsa apresentou uma grande heterogeneidade nos valores obtidos das variáveis biométricas analisadas, para cada matriz nas épocas consecutivas de coleta. A

primeira e segunda coleta, destacaram-se mais, diferindo-se da terceira coleta em grande parte das observações (Tabela 14).

Observa-se que para o número de ouriços, apenas a matriz 2 não se diferenciou em relação às coletas. De modo geral a matriz 2 juntamente com a matriz 1 obtiveram quantidade de frutos inferiores que as demais matrizes, observando-se um comportamento desuniforme na dispersão dos ouriços para essas duas primeiras matrizes.

As matrizes 3, 4 e 5 apresentaram diferença na quantidade de ouriços coletados. Na terceira coleta o número de frutos foi menor para as M3 (11 ouriços) e M4 (8 ouriços), quando comparado com as coletas anteriores. A matriz 5 obteve o maior número de ouriços coletados na segunda coleta (100) seguida das M4 (85) e M3 (61). Observou-se que para a última matriz o pico de dispersão ocorreu entre os meses de dezembro e março (segunda e terceira coleta), enquanto que para M3 e M4 a maior quantidade de ouriços dispersos pelo chão da floresta foi constatada entre os meses de novembro a dezembro, que apresentaram precipitações iguais à 292,65 e 340,0 mm respectivamente.

Vieira et al. (2009) verificou em Porto Velho – RO que a dispersão dos frutos da Castanheira do Brasil ocorreu entre os meses de junho a janeiro com maior incidência em outubro e novembro (início da estação chuvosa), o período de dispersão para a região foi de 8 meses, tempo superior ao constatado no presente estudo para a região norte de Mato Grosso, que foi de 5 meses.

Em Roraima o pico de dispersão dos ouriços coincidiu com o período de maiores concentrações de chuva (meses de junho e julho em 2006, maio e junho em 2007 e 2008), porém o início da dispersão procedeu-se na estação seca mês de fevereiro em 2006 e 2007, mês de janeiro em 2008, com duração da fenofase reprodutiva de 5,6 meses (TONINI, 2011).

Tabela 14. Relação biométrica dos frutos da Castanheira do Brasil durante o período de dispersão, outubro de 2014 a março de 2015.

Número de Ouriços

C4 28,64 Bd 29,48 Bcd 32,85 Bb 35,31 Ba 31,34 Abc

Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula na coluna e minúscula na linha) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

De modo geral a terceira coleta apresentou massa média de ouriços inferiores para todas as matrizes, M1 (72,94g) e M2 (92,38g) M3 (95,27g) M4 (152,88g) e M5 (108,05g) diferindo-se das primeiras coletas. Apesar da significância entre as coletas 1 e 2, exceto para a M3 na primeira coleta, ambas apresentaram valores médios de massa dos ouriços variável massa dos ouriços, devido o aumento do acúmulo de água no material.

A perda de massa significativa dos ouriços verificada na terceira coleta (mês de março) pode estar associada ao longo período de exposição dos frutos aos agentes decompositores, apesar do acúmulo de água avistado no material. A deterioração observada nos frutos e sementes e ausência de exocarpo em parte da amostra, são evidências da ação de microrganismos que contribuíram para diminuição de massa do material.

Observa-se uma estreita proximidade nos diâmetros equatorial e longitudinal dentro das coletas 1 e 2 para cada matriz. Apenas a matriz 5 não diferiu-se entre as três coletas,

apesar da similaridades entre as dimensões dos frutos, os mesmos caracterizam-se com formato mais achatados, os valores equatoriais nas coletas 1, 2 e 3 foram (31,27; 32,15 e 31,34 cm) e longitudinais (30,99; 31,46 e 30,36 cm), respectivamente. A terceira coleta apresentou valores médios equatoriais e longitudinais inferiores para M1, M2, M3 e M4.

Percebe-se uma semelhança no formato dos ouriços para os diâmetros equatorial e longitudinal dentro das coletas 1 e 2 para cada matriz de forma independente, porém na coleta 3 o mesmo só se observou nas matrizes 3, 4 e 5.

A variação do formato e massa dos frutos e sementes pode estar associada às condições ambientais em que a planta mãe se encontrava, pelo período de dispersão ou ainda pela variabilidade genética da espécie. Moritz (1984) reporta que o número e massa das sementes presentes em cada ouriço são influenciados principalmente pelo número de óvulos fecundados, quanto maior for a taxa de fecundação mais tempo os frutos ficam presos à planta-mãe, e consequentemente maior a biomassa das amêndoas.

Pelos dados expressos na (Tabela 14), a espessura do exocarpo, praticamente não variou nas coletas 1 e 2 independente da matriz, exceto para a matriz 2 na segunda coleta e todas as matrizes da terceira coleta. Dentro de cada coleta as matrizes mantiveram semelhança na espessura do exocarpo, menos para a matriz 2 na segunda coleta, sendo que a última coleta apresentou valores inferiores das primeiras, destacado pelo fato de muitos ouriços estarem desprovidos do exocarpo quando ainda estavam no chão da floresta.

Os ouriços processados na terceira coleta estavam no chão da mata por um período de tempo maior que os primeiros frutos coletados. Essa exposição dos ouriços aos fatores ambientais (temperatura, umidade, luminosidade) e fatores bióticos (animais e microrganismos), principiou o processo de decomposição e deterioração do exocarpo e de todo o fruto.

Quanto ao mesocarpo as matrizes 2 e 5 apresentaram resultados não significativos entre as coletas, enquanto que as matrizes 3 e 4 demonstraram variação significativa na coleta 3 e a matriz 1 na coleta 2. A matriz 3 dentro de cada coleta apresentou os maiores valores médios de espessura do mesocarpo com (10,31; 10,57 e 9,05 mm).

Verificou-se uma relação entre as variáveis: massa do ouriço, diâmetro equatorial e

com 11 sementes por fruto. Já a matriz 2 atingiu uma quantidade maior de sementes na primeira coleta (19,84), diferindo-se das demais coletas. Nas três coletas as matrizes 3, 4 e 5 apresentaram certa homogeneidade no número médio de sementes por ouriço, sendo que as matrizes 4 e 5 obtiveram as maiores médias de número de castanhas. Zuidema (2003) relata que o número de sementes por ouriço é bem variado, encontrando-se de 10 e 25 sementes por fruto.

Os maiores valores médios da massa total das sementes em um ouriço foram encontrados na primeira e segunda coleta, distribuídas nas matrizes 3 e 4 e na sequência na matriz 5. Enquanto que os menores valores foram observados na terceira coleta para todas as matrizes M1 (50,72 g), M2 (49,50 g), M3 (59,67 g), M4 (92,79 g) e M5 (71,18 g). Esses resultados complementam a ideia de que os ouriços e sementes da coleta 3 sofreram o processo de deterioração por microrganismos, apesar do grande acúmulo de água observado no material. alteraram. Este fato pode estar associado mais uma vez com o tempo maior de exposição dos frutos aos agentes biodeterioradores.

Tabela 15. Relação biométrica das sementes da Castanheira do Brasil durante o período de dispersão, outubro de 2014 a março de 2015.

Massa de uma Semente (g)

C2 36,08 Ab 34,80 Bbc 36,76 Ab 40,19 ABa 33,33 Ac C3 34,71 Acd 40,27 Aa 36,59 Abc 38,87 Bab 33,60 Ad

C4 34,35 Ac 32,33 Ccd 38,21 Ab 41,05 Aa 31,84 Ad

Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula na coluna e minúscula na linha) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Pouca variação das dimensões lineares foi identificada nas sementes da Castanheira do Brasil. Nos diâmetros equatorial 1 e 2, encontrou-se diferenças estatística apenas na matriz 2 da terceira coleta para a medida equatorial 1 (15,51 mm) e nas três coletas para o diâmetro também foi encontrada na mesma matriz para o diâmetro equatorial 2 (26,78 mm; 25,94 mm e 26,65 mm).

A variabilidade do diâmetro longitudinal das sementes foi mais evidente na matriz 2, sendo na primeira coleta (34,80 mm), segunda coleta (40,27 mm) e terceira coleta (32,33 mm) e na matriz 4 houve diferença apenas na segunda coleta, já as demais matrizes atingiram medidas similares em cada coleta. Observou-se uma aleatoriedade no comprimento dessas sementes quando comparada as matrizes, sendo o menor valor encontrado 31,84 mm para a matriz 6 na terceira coleta e maior valor de 41,05 mm para a matriz 4.

No geral o diâmetro longitudinal das sementes apresentou maiores medidas que as encontradas no diâmetro equatorial 2, que por sua vez foi maior que as medidas do diâmetro equatorial 1.

Constatou-se através das médias obtidas (Tabelas 14 e 15), que quanto maiores as dimensões de um ouriço, maiores as chances das sementes daquele fruto apresentaram medidas superiores também. Assim como o número de sementes por ouriço, o tamanho e massa das sementes são também bastante variáveis. Em Castanheiras da região do Amazonas produz-se frutos e sementes muito maiores do que em outros lugares (ZUIDEMA, 2003).

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