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5.4 DÉFICITS E FATORES QUE INTERFEREM NO AUTOCUIDADO E NO

5.4.3 Déficits e Fatores que interferem nos Desvios de Saúde

Para a determinação dos déficits de autocuidado de desvios de saúde, foram considerados os seguintes indicadores de déficits tomando por base o raciocínio de Bezerra (2013): conhecimento sobre a doença renal crônica e a diálise peritoneal; conhecimento sobre

a conduta terapêutica e assistencial; e adesão para manutenção do tratamento. Os indicadores e seus respectivos conceitos estão demonstrados no quadro 10.

Quadro 10- Distribuição dos indicadores dos déficits de autocuidado de desvios de saúde e os respectivos conceitos.

INDICADORES DE DFAC NOS DESVIOS DE SAÚDE CONCEITO DO INDICADOR

Desconhecimento sobre a doença renal e tratamento Falta de entendimento sobre a causa e a consequência da DRC e falta de entendimento básico sobre o funcionamento da DP e sua importância

Desconhecimento da conduta terapêutica e assistencial Falta de compreensão e capacidade técnica sobre o sistema de DP e suas complicações. Falta de compreensão sobre o manejo da terapia farmacológica e não farmacológica.

Falta de adesão para a manutenção do tratamento Falta de acessibilidade e assiduidade quanto aos cuidados requeridos na fase de manutenção da terapia dialítica

A seguir, o quadro 11 apresenta os requisitos de autocuidado de desvios de saúde com os respectivos indicadores de déficits, os fatores que interferem no autocuidado e a frequência dos usuários identificados.

Quadro 11- Distribuição dos indicadores dos déficits e fatores que interferem nos desvios de saúde identificados nos usuários de DPAC.

Indicadores de DFAC nos Desvios de Saúde Usuários com DAC n %

Fatores que interferem no AC

Desconhecimento sobre a doença renal e tratamento

Déficit de conhecimento Escolaridade

Idade Conhecimento sobre a Doença Renal Crônica 7 41,2

Conhecimento sobre a Diálise Peritoneal 2 11,8

Desconhecimento da conduta terapêutica e assistencial Déficit de conhecimento Escolaridade Idade Grau de dependência Grau de funcionalidade Manuseio da cicladora, técnica e montagem do

sistema de DP

7 41,2

Cuidados com o cateter 1 5,9

Complicações 4 23,5

Medicações 11 64,7

Restrição hídrica 14 82,3

Restrição dietética 14 82,3

Falta de adesão para a manutenção do tratamento Déficit de conhecimento Idade Comorbidades Disponibilidade de recursos financeiros Grau de dependência Grau de funcionalidade Acesso ao Serviço de Saúde para manutenção do

tratamento 8 47 Assiduidade na realização da DP diária nos últimos

três meses 7 41,2 Assiduidade às consultas periódicas nos últimos

O indicador de déficit conhecimento sobre a doença renal e tratamento foi conceituado como a falta de entendimento sobre a causa e consequência da DRC e falta de entendimento básico sobre o funcionamento da DP e sua importância (Quadro 10).

Em relação ao conhecimento sobre a DRC, 7 usuários (41,2%) referiram dúvidas sobre a doença. Os questionamentos englobaram a causa da disfunção renal e o processo de adoecimento do rim, os motivos pelos quais há impedimento do transplante e se há possibilidade de regeneração do rim e retorno à função renal normal.

Quanto ao conhecimento sobre a diálise peritoneal, a maioria dos entrevistados (88,2%), referiu compreender o processo e explicaram o método de forma básica, mas de maneira correta. 11,8% (02 usuários) relataram não entender como a diálise peritoneal funciona e não compreendem o motivo do aparecimento do edema quando não realizam a terapia corretamente.

Como fatores importantes que interferem no autocuidado em relação a esse indicador foram levantados o déficit de conhecimento, a idade e a escolaridade.

No que tange o conhecimento sobre a conduta terapêutica e assistencial, esse indicador foi definido como a falta de compreensão e capacidade técnica sobre o sistema de DP e suas complicações e a falta de compreensão sobre o manejo da terapia farmacológica e não farmacológica (quadro 10). Esse item incluiu o manuseio da cicladora; técnica e montagem do sistema de DP; cuidados com o cateter, complicações, medicações, restrição hídrica e dietética.

Todos os usuários que realizam a diálise sem auxílio de cuidador (6/17) referiram não ter dificuldade para realizar a terapia e manuseiam a cicladora e demais componentes do sistema sem nenhum impedimento. 04 (23,5%) usuários realizam a terapia com auxílio do cuidador e 7 (41,4%) não conseguem realizar o procedimento e dependem do cuidador para todos os procedimentos de manipulação da terapia.

Quanto aos cuidados com o cateter, apenas 01 usuário (5,9%) referiu não saber os cuidados necessários. O restante dos entrevistados (94,1%) citou a necessidade de curativo diário (64,7%), lavagem das mãos (17,7%), higiene (29,4%), limpeza do ambiente (5,9%), uso de máscara e proteção do cateter contra traumas (23,5%) e contaminação (17,7%) como medidas para a proteção do dispositivo. Os usuários também referiram os seguintes sinais e sintomas que devem ser observados para detecção de infecção do local de saída do cateter: secreção purulenta (29,4%), secreção amarelada (35,3%), presença de sangue (5,9%), inchaço (5,9%), febre (5,9%), vermelhidão (35,3%), odor (5,9%), coceira (5,9%), dor (5,9%), e aparecimento de lesão e sujidade no orifício (5,9%).

Todos os participantes referiram conhecer algumas complicações advindas do tratamento, expressadas pelas seguintes citações: peritonite (58,8%), perda do peritônio (5,9%), diminuição do apetite (5,9%), desidratação (5,9%), edema (5,9%), aumento da uréia (5,9%), diminuição da imunidade (5,9%) e óbito (11,8%).

Em relação aos cuidados para a prevenção da peritonite, 4 usuários (23,5%) referiram desconhecimento acerca das medidas para evitar a infecção. Dos que responderam conhecer (76,5%), foram citados os seguintes cuidados: higiene (53%), ambiente limpo (35,3%), lavagem das mãos (29,4%), uso da máscara (17,7%), cuidado no momento da conexão da linha do sistema ao cateter (11,8 %) e não possuir animais domésticos (5,9%).

64,7% (11/17) dos participantes afirmaram dificuldade para tomar as medicações prescritas no horário e dosagem recomendados. 41,2% (7/17) disseram que se esqueciam de tomar, 5,9% (1/17) referiu não necessitar de todos os medicamentos e 5,9% (1/17) relatou sentir efeitos adversos e por esse motivo não tomava corretamente. Houve também o relato da dificuldade em seguir o tratamento farmacológico devido à dependência do cuidador para a administração (11,8%).

Em relação à restrição hídrica, 14 usuários (82,3%) responderam não saber quanto devem ingerir de líquidos por dia e 70,6% desses entrevistados afirmaram não conhecer a importância da diurese residual e sua relação com a quantidade de consumo de líquido diário. A maioria dos participantes, 82,3%, reconheceu não seguir a dieta corretamente. Foram citados os seguintes razões como motivos para a alimentação inadequada: falta de apetite (23, 5%), não se importavam em seguir a dieta (23,5%), falta de conhecimento (11,8%), não viam problema em não seguir (11,8 %), falta de recursos (5,9%) e falta de monitoramento em casa (5,9%).

Além disso, 41,2% dos usuários afirmaram não saber quais alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Os outros 58,8 % disseram ter conhecimentos sobre as restrições, porém expressaram citações incompletas ou erradas sobre a dieta alimentar: Da mesma forma, quanto ao conhecimento sobre os alimentos que poderiam ser consumidos sem restrições, 47% afirmaram não conhecer. Os que afirmaram ter conhecimento (53%) elencaram itens de forma incompleta ou alimentos que devem ser restringidos na dieta.

Como fatores que interferem no autocuidado nesse indicador, foram identificados o déficit de conhecimento, idade, escolaridade, grau de dependência e grau de funcionalidade como os principais.

Em relação à adesão para manutenção do tratamento, esse indicador foi definido como a falta de acessibilidade e assiduidade quanto aos cuidados requeridos na fase de manutenção

da terapia dialítica (Quadro 10). Os itens incluídos foram o acesso ao serviço de saúde para manutenção do tratamento, a assiduidade na realização da DP diária nos últimos três meses e a assiduidade às consultas periódicas nos últimos três meses.

53% (9/17) dos participantes referiram não possuir dificuldade para se deslocarem ao hospital para as consultas e exames periódicos, porém 47 % (8/17) afirmaram dificuldade para comparecerem ao serviço médico devido compromissos de trabalho (5,9%); dificuldade de locomoção devido debilidade (17,7%); dependência de terceiros para o deslocamento (17,7%); e 41,2% (7/17) devido necessidade de condução especial.

41,2% (7/17) dos usuários informaram que deixaram de realizar a terapia dialítica três vezes ou mais nos últimos três meses e apontaram compromissos sociais, preguiça ou cansaço como os motivos para a má adesão. 35,3% (6/17) afirmaram realizar diariamente a conexão à máquina no horário estabelecido e 11,8% deixaram de realizar o tratamento uma ou duas vezes nesse período.

Apesar das dificuldades, a maioria dos entrevistados (82,3%) compareceu a todas as consultadas agendadas nos últimos três meses.

Como fatores que interferem no autocuidado em relação a esse indicador, foram identificados o déficit de conhecimento, a idade, a disponibilidade de recursos financeiros, as comorbidades, o grau de funcionalidade e o grau de dependência.